Capítulo 01: Mackenzie Manson

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– Estamos indo ao Arcade, você quer ir? Acho que a banda do Adam vai tocar.

Taylor questiona me tirando dos devaneios. Nego com a cabeça e deixo a fumaça do cigarro sair pela boca. Ele solta um suspiro cansado do meu mau humor que não tem previsão de ir embora, e fecha a porta do quarto novamente. Meus olhos se fecham e deixo minha cabeça tombar para trás no batente da janela.

Em todo lugar que eu vou, ela está lá. Não fisicamente, mas de um jeito bem mais real pra mim. Ela está lá nos bares, nos corredores do campus, nas ruas... Nos parques. No meu quarto e por todo o apartamento. Ela está em todo lugar, menos aqui.

Do meu lado.

Jogo a bituca do cigarro pela janela e a fecho. Faz frio em Providence por mais que o auge do inverno já tenha passado.

Me viro para o quarto que tanto comporta lembranças do amor da minha vida.

É ridículo como o cheiro dela ainda impregna as cobertas, como eu ainda nos visualizo escovando os dentes juntos no espelho do banheiro. É como se as roupas dela ainda estejam espalhadas por aí com as minhas.

Me sento na cama e puxo o celular do bolso. Faz parte do meu ritual diário de tortura ver as nossas fotos.

Ela é tão linda. Tão linda com aquele cabelo castanho claro, que às vezes parece loiro contra o sol. Tão linda com os olhos castanhos esverdeados que me penetram de uma forma incrível. Tão linda com sua pele macia e aveludada, que me dava vontade de nunca tirar minhas mãos dela...

Ela é linda. A minha menina linda.

Fecho os olhos e aperto o celular nas mãos. Engulo o bolo que se forma na minha garganta e tento manter a cabeça no lugar. É difícil porque cada vez que eu fecho os olhos, eu me teletransporto pra longe... Pra um tempo em que ainda estávamos juntos.

– Promete! – insisti.

Ela riu da minha cara e balançou a cabeça.

– Não preciso te prometer nada, Dave. Estamos predestinados a ficar juntos. – sua declaração fez meu coração acelerar e parar ao mesmo tempo.

– Mas eu me sentiria mais confiante diante de uma promessa. – insisti, colocando os fios soltos dela atrás da orelha. Ela me olhou, negando com a cabeça e sorrindo.

– Você consegue ser bem chato, hein?

– E é por isso que você está comigo.

– Jura? Eu tinha certeza que era por causa do seu corpo.

– Você adora meu corpo, mas está comigo porque me ama.

Ela riu e meus pelos se arrepiaram. A risada dela era a coisa mais deliciosa de ser ouvida.

– Faz parte do pacote. – seu corpo recaiu por cima do meu e ela suspirou, me abraçando. – Prometo nunca te deixar, garotão.

Abro os olhos incapaz de lidar com a intensidade das lembranças e respiro fundo.

Promessas quebradas. Planos desfeitos. Corações partidos... Em especial o meu. Nunca acreditei que alguém poderia me ferir de tal forma. Sempre estive acostumado a sofrer da dor física por conta do que eu fazia, mas essa dor... Essa dor rasgando meu peito é insuportável e eu não sei se algum dia ela vai embora.

Recosto meu corpo cansado na cabeceira e levo as mãos aos meus fios de cabelo, enterrando meus dedos entre eles.

O ar parece pesado demais para ser inalado. Me sinto sufocado. Sufocado por mim mesmo. Cansado de mim e das minhas merdas. Tudo nessa merda de apartamento e tudo nessa porra de vida, me fazem lembrar dela.

RelentlessOnde histórias criam vida. Descubra agora