Capítulo 37: Cinco Segundos

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M A C K E N Z I E

— E o Dave era o maior chorão! Ninguém podia dizer não pra ele que ele saia por aí gritando e chorando como se o mundo estivesse acabando. — Zach complementa e David rola os olhos.

No vídeo caseiro vemos Dave fazendo bico e chorando por não querer ser filmado, o que prova o ponto de Zach. No vídeo ele tem cinco anos e o cabelo tigela adorável junto do moletom colorido me faz rir.

Atrás dele Zach e Will riem e dançam fazendo pose para câmera nas mãos de Victoria. Jonah aparece de relance ao fundo e fico surpresa com a semelhança entre ele e Willian. Praticamente cópias um do outro.

— Sorria, D! Olha seus irmãos, todo mundo está se divertindo.

A mãe diz por detrás das câmeras, mas David se senta no chão e chora ainda mais.

David me aperta em seus braços e sorrio. Estamos todos sentados na sala depois do jantar que Jonathan preparou para nós. Amanhã é o julgamento e os Summer decidiram ter uma noite de fuga da realidade temerosa que nos aguarda. Depois do jantar Zach teve a ideia de resgatar as lembranças de infância deles e eu não poderia agradecer mais por isso.

— Ela era linda.

Comento baixo assim que Victoria aparece no vídeo. A mulher de olhos azuis intensos e cabelos escuros é linda como uma daquelas bonecas de porcelana. O cabelo curto a deixa jovem demais para ser mãe de três garotos terríveis.

— A mais linda. — Zach complemente observando a mãe com adoração na televisão. Observo os quatro Summers amando a mulher através da tela e me sinto triste por eles terem a perdido tão cedo. Ela parecia ser a mãe perfeita.

No final da noite pouco antes da uma da manhã nos levantamos para ir embora. Vejo David se despedir dos irmãos com emoção e carinho. Abraçando cada um deles com força e tomando seu tempo. Quando chega a vez de Jonathan, eles trocam algumas palavras e vejo como Dave fica emotivo. Ele limpa as lágrimas e os dois outros se juntam num abraço em grupo que aquece e parte meu coração ao mesmo tempo. Eles são o quarteto fantástico, se construíram a partir do sofrimento de perder a base deles, a mãe. E posso ver como a possibilidade de perderem mais uma peça desse quebra cabeça, os destrói.

Quando voltamos pra casa, agarro David em cima da moto com todas as minhas forças. Essa pode ser a última vez que vou andar assim com ele e não quero perder. Ele não corre, na verdade toma o caminho mais longo aproveitando tanto quanto eu. Depois do banho o ajudo a fazer a barba no banheiro enquanto ele está sentado na bacia me observando com atenção. Deslizo a navalha em sua bochecha esquerda puxando todo o creme de barbear e limpo na toalha.

Mais uma possível última vez entre nós dois. Quando termino tudo passo a toalha úmida em seu rosto e ele me puxa para sentar em seu colo. Abro as pernas e abraço seu pescoço admirando sua beleza.

— Obrigado por tudo que você fez por mim, Lucky. — sua voz não é tão firme e demonstra emoção, o que imediatamente traz lágrimas aos meus olhos. Droga, consegui ser forte até agora, prometi que não ia chorar.

— Para... Não faz isso comigo, vou morrer de chorar e parecer um trapo no tribunal amanhã. — digo já com a voz embargada e ele sorri, segurando minha nuca e minha cintura.

— Você jamais pareceria um trapo. Você é perfeita. E não digo isso pra elevar seu ego. Digo por que é verdade, amor. Você apareceu na minha vida do nada e me conquistou num piscar de olhos. Quando te vi pela primeira vez eu sabia que você ia ser importante pra mim e ainda que eu ache esquisito essa coisa de amor à primeira vista, tenho certeza que você foi o meu.

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