Capítulo 25: Halloween

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M A C K E N Z I E

— De jeito nenhum eu vou sair por aí com isso! — balanço a cabeça repetidamente diante do pedaço de pano que Penélope, Hailey e Camille elegeram como fantasia ideal para que eu vista na festa de Halloween no final de semana.

— Você ia ficar incrível, Kenzie! Vai valorizar sua bunda. Vai ficar um arraso!

A fantasia é uma versão proibida para menores de Alice no País das Maravilhas e é composta por um mini vestido que com certeza não cobre minha bunda.

— Sem chances! E vai estar o maior frio! Preciso de alguma coisa que eu consiga usar uma meia calça e gola alta.

Digo procurando entre as araras com diversas fantasias na loja de fantasias vintage. Penn já escolheu uma de pirata mau assombrada, Hailey irá de Mulher Gato, Cami não vai de fantasia, mas com uma maquiagem elaborada. Sou a única que até agora não conseguiu encontrar nada e não tem ideia do que está fazendo. E isso tudo é fruto da minha falta de vontade em ir à festa.

— Aqui! Essa fica perfeita e você pode usar com gola alta e meia! — Hailey diz puxando um cabide e me mostrando a fantasia de Amazona, mas nego com a cabeça porque contém laços demais e parece desconfortável.

— Acho que vou vestir uma roupa preta e deixar a Cami me maquiar. Sai mais barato e mais prático do que achar uma fantasia em cima da hora.

Hailey rola os olhos emburrada, mas concorda. Depois que convenço a todas de que a melhor hipótese pra mim é ir mais simples, saímos da loja e vamos almoçar num restaurante havaiano no centro da cidade. Penn está contando a história de como nós duas costumávamos nos matar na infância por causa de brinquedos e como nossos pais nos deixavam trancadas no quarto até a gente se acertar. Cami e Hailey riem e sorrio com as lembranças da infância onde não havia corações partidos, nem a dor de amar alguém que não te quer.

A cada dia que passa o nó em torno do meu coração vai se afrouxando e consigo sentir felicidade e leveza em alguns momentos. Hailey também está lidando com a segunda etapa de ter um coração partido: a aceitação. E essa é uma das piores etapas, porque aceitar que não deu certo e seguir adiante é triste, te faz sentir impotente e fraca. Mas estamos tentando, levando um dia de cada vez em busca de dias melhores

Depois da minha fatídica despedida há três semanas nunca mais encontrei com David. Ele parou definitivamente de frequentar nossa aula juntos e não sei estou aliviada ou decepcionada por isso. Não nos esbarramos mais nos corredores, nem temos encontros inconvenientes no Arcade. Isso tudo fruto da organização dos nossos amigos, que acabaram estabelecendo um rodízio para o bar, um final de semana é meu com as garotas e o outro é dele... Tem funcionado bem até agora, mas ainda sim, toda vez que sento no bar meus olhos o procuram pelo ambiente. Toda vez que chego na sala no Campus, meus olhos vasculham o estacionamento em busca de sua moto e ainda me pego verificando o Instagram dele em busca de novidades. Ele acabou excluindo nossa única foto juntos da rede social e isso também me machucou.

David me pediu um tempo e concordei em dar isso a ele, mas não sei exatamente por quanto tempo vou conseguir esperar. Não sei nem ao menos se ainda vou amá-lo até lá.

É claro que vai. – minha mente me lembra e suspiro frustrada com a verdade. Mesmo diante do caos não consigo pensar no dia em que não vou amá-lo.

Mas estou bem, estou mais forte e cada dia que passa é uma prova de que eu não morri de amor ou dor por ele. Um dias após o outro. - é o meu novo mantra.

°°°

Na volta para casa, Camille deixa Penn e Hailey em seus dormitórios e tomamos nosso caminho de volta pra casa jogando conversa fora.

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