Assim que abro a porta do meu dormitório encontro uma zona no que me acostumei a chamar de quarto. O ambiente está destruído. Janelas quebradas, colchões fora da cama, lençóis jogados pelo quarto, as plumas dos travesseiros espalhados por aí.
Fico trinta segundos tentando processar o que aconteceu até que meus olhos caem em Shelby encolhida no chão, chorando e balbuciando. Meu corpo todo se arrepia com mau pressentimento e enguloo seco sem conseguir me mover.
— Shelby? — a chamo insegura ainda da porta.
— A culpa é dele. Ele não podia ter feito isso comigo. Ele não podia!
Ela grita e recuo um passo. A garota de cabelos escuros e maquiagem pesada segura uma tesoura rasgando os travesseiros com fúria. O olhar vidrado em seu rosto me aterroriza, assim como sua expressão. A maquiagem preta escorre pelo rosto dela e seus olhos estão vermelhos de choro e provavelmente por conta de alguma droga também.
Esbarro na mesinha de apoio ao lado da porta e o abajur cai se partindo em milhares de pedaços no chão. Ela para de esfaquear o travesseiro e olha pra mim.
Com uma vida regrada e equilibrada, medo não é uma sensação que estou acostumada a sentir. Pra falar a verdade, eu quase nunca me senti amedrontada com relação a minha segurança, mas nesse momento... Nos poucos segundos que Shelby usa para se levantar e olhar pra mim, medo é tudo o que eu posso sentir.
•••
— Vocês vão mesmo ficar se comendo enquanto eu tô aqui?
Penn me ignora e levanta o dedo médio na minha direção. Os dois estão se pegando a um tempo no sofá enquanto estou na cozinha como platéia, pensei que quando me sentasse no sofá eles iriam pro quarto, mas não, continuam ali praticamente fodendo do meu lado.
— Viadinhos. — murmuro e aumento o som da televisão no canal de esportes. O celular da Penn começa a tocar na mesinha e pego o aparelho.
O nome de Mackenzie brilha no visor junto com uma foto dela com Penn abraçadas numa piscina. Sorrio com a foto e atendo a chamada já que o casal ao meu lado está ocupado demais.
— Fala.
— Penn? — ela está ofegante do outro lado.
— A Penn tá ocupada. Quer deixar recado? — debochei, porque a Sra. Sou Melhor Que Todo Mundo ainda não me desce e sua rejeição está entalada na minha garganta.
— Não. Eu preciso dela agora! — Mack diz alto o bastante pra me fazer afastar o celular do ouvido e franzo o cenho.
— Hmm... Você tá gritando comigo? Vou te dar mais uma chance. Vamos, lá. "Dave, por favor passe o celular pra minha irmã". Você pode fazer isso.
Estou adorando isso. Mack começa a falar alguma coisa gritando comigo de novo, mas Penn puxa o aparelho da minha mão.
— Me dá meu celular, idiota.
Dou de ombros e Taylor ri com a boca toda vermelha de tanto beijar.
— O que? O que aconteceu?
Penélope pula do colo de Taylor e ele a observa confuso.
— Já tô chegando ai.
— Ei, ei. O que tá pegando?
Penélope passa a maior parte do tempo puta com tudo, mas agora sua feição não é só raiva. — A companheira de quarto da Mack é a Shelby Bale.
Shelby Bale é a drogadinha rica do campus. Ela namora com o cara que pode te dar toda a diversão em algumas gramas se você tiver a grana certa. Eu o conheci bem antes de entrar na faculdade e ele não é nem de longe uma pessoa confiável. Shelby é exatamente igual a ele.
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Relentless
RomanceQuando Mackenzie Manson chega a universidade Brown, ela tem tudo planejado: estudar duro para se graduar em direito, fazer amigos com os mesmos interesses que ela, um pretendente em potencial e por fim alugar um apartamento. Acabar na cama do maior...