A noite já havia trago a escuridão e Ana ainda caminhava pela vastidão de relva que parecia não ter fim. Ela estava completamente perdida, sem ter ideia de que direção seguir ou de como havia parado ali.
Cansada, parou e sentou-se no chão . Entrou em desespero, deixou que lagrimas caíssem livremente por seu rosto iluminado apenas por uma lua minguante ... Uma não, quatro luas minguantes. Ela parou de chorar e coçou os olhos apenas para observar quatro grande luas no céu de escuridão infinita.
Ana ficou intrigada com aquilo, e chegou a pensar que não estava mais em seu planeta. Estava tão entretida que não sentiu alguém se aproximar e tocar o seu ombro...- Ana! Ana!- a professora chamava o nome de Ana repetidamente.- Você ouviu o que eu acabei de lhe perguntar?
- Hum... N- não, desculpe-me.
-Por favor, preste atenção.
Esses devaneios eram muito comuns, um mais esquisito do que o outro. Sempre assim, não importa em que lugar estivesse imagens chegavam em sua cabeça na mesma velocidade em que iam embora. Rápido e dolorosamente. Imagens que mostravam campos vastos, com detalhes que chamavam a atenção da garota.
Certa vez ela caminhava por uma trilha em mata fechada, sem sinal alguma de habitação. Ela sentia muito calor o que colaborava para sua garganta secar a obrigando a parar de caminhar e a gritar por socorro mesmo sabendo que ninguém a escutaria. E como de costume ela sentia alguém tocar seu ombro e despertava. Nunca chegou a ver quem a tocava, sempre acordava antes.
O sinal, som tão familiar aos seus ouvidos, tocou e fez uma multidão de estudantes se dirigirem a praça de alimentação. Ana os seguio encontrando lá sua amiga Alice e seu amigo Isacc.
O dia se passou como o de costume. Aulas e mais aulas... Emfim chegou a hora de ir embora. Para o alívio de Ana, hoje ela não teria que ir de ônibus, pois Alice lhe daria carona.
Ao chegar em casa Ana não pensou duas vezes antes se jogar debaixo do chuveiro. Água morninha fez com que seu corpo relaxasse, e suas forças renovassem.
Hoje ela teria análise. A análise é nada mais nada menos que um encontro semanal com um psicologo e um facilitador que a ajudam no seu déficit de atenção desde de que tinha 9 anos e estava na terceira série. Ou seja, desde que começaram esses estranhos devaneios.
Ao acabar o banho, vestiu-se em um roupão, correu para o quarto e abriu o armário sendo invadida pela sensação de não ter o que vestir. Pegou a primeira roupa que viu, uma calça jeans, uma camiseta branca, tênis e um moletom.
Desceu as escadas pulando e foi para a cozinha onde sua mãe estava colocando seu prato na mesa. Ela havia feito torta, um dos pratos favoritos de Ana.
- Ana, o doutor Juscelino mudou o horário de sua consulta. Você vai mais cedo hoje, às 15:00h.- disse a mãe de Ana, Sheilla, sentando-se a mesa com a filha.
Ana assentiu com a cabeça e olhou para o relógio. Já eram 14:00h. Engoliu tudo rapidamente e foi para a garagem empoeirada entrando no carro. A mãe da menina veio logo em seguida.
Não demoraram muito a chegar, apenas 20 minutos. As ruas estavam estranhamente desertas.
O consultório onde Ana se encontrava era um prédio de 5 andares ocupados por advogados e psicólogos. Ela entrou no prédio indo direto para o elevador apertando quarto andar.
Entrou na sala numero 435 sem bater na porta. O doutor Juscelino odiava batidas, por isso instalou uma campainha na porta mas que Ana dispensava usar pois já se sentia de casa._ Boa tarde doutor Juscelino._ disse Ana entrado na sala.
Era um espaço grande para um consultório, três poltronas ocupavam o centro da sala sobre um tapete felpudo, espelhos se encontravam na parede esquerda e a direita uma mesa onde o doutor Juscelino lia um livro. Ele se levantou de sua cadeira e andou em direção a Ana.
Ana sempre se sentia minúscula perto dele. Ele era um homem bastante alto, de cabelos grisalhos e penteados para trás, costumava se vestir sempre elegante, de terno e um chapéu que parecia ter saído de um filme antigo. Hoje, ele estava vestido um pouco mais descontraído, usava uma calça jeans e um blazer do terno preto que Ana sabia que era seu favorito, mas a camisa era uma branca e o blazer estava desabotoado.
Juscelino era muito diferente de Marcos, o seu facilitador. Marcos tinha um espírito mais jovem e se vestia como tal. Ele era um homem sorridente de 38 anos que ainda morava com os pais. O que é engraçado pois ninguém com a idade dele ainda mora com os pais. Certo dia ele falou que foi a escolha dele, falou que já havia se casado só que se separou em pouco tempo, ele tinha dinheiro para se sustentar por conta própria só não suportava solidão.-Ana- falou doutor Juscelino fazendo Ana voltar sua atenção para ele- Como está?
- Bem. E o senhor?
- Eu estou ótimo, obrigado por perguntar. Sente-se.- disse apontando com o queixo para a poltrona do meio
Ana sentou-se na familiar e macia poltrona e Juscelino fez o mesmo ao seu lado.-Bem, Há muito tempo quero falar com você, porém decidi esperar o dia de nossa consulta.-começou Juscelino- Ana, há um certo senhor que quer conversar com você, vou pedir para ele entrar agora.
Doutor Juscelino levantou-se e caminhou até uma porta que ficava nos fundos da sala e bateu a abrindo em seguida.-Doutor- Ana chamou.
-Sim?
- Sobre o que ele quer conversar comigo?
Doutor Juscelino hesitou por um momento.
-Sobre seu dom, Ana. Sobre seu dom.
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Lugar Nenhum
Science FictionAna não podia imaginar que o que lhe parecia ser um problema lhe tornaria especial entre poucos no mundo. Embarque numa história que promete lhe tirar do chão e te levar para outro universo. **************************************** Respeito é bom e...