07 | Under Wraps

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Ghost Town

[Kora Nekane]

- Onde vais? - perguntou o meu pai rudemente. 

- Não te interessa.- respondi no mesmo tom. 

Ele aproximou-se de mim e agarrou-me fortemente pelo braço.

- Tu não me falas assim! Eu sou teu pai, respeita-me! - ele gritou. 

- Podes ser o meu pai no papel mas na realidade não és.- afirmei friamente. Senti uma mão áspera contra o meu rosto e de seguida uma dor intensa. 

- Enquanto viveres nesta casa, respeitas-me e fazes o que eu quero! - o meu pai gritou novamente, apertando mais o meu braço. - Vai já para o teu quarto, sua miserável! 

Fui rapidamente para o meu quarto, trancando a porta. Acendi a luz visto que era noite. Peguei numa mochila pequena preta que estava debaixo da cama. Esta continha um casaco, uma bebida alcoólica e mais outros objetos que não me recordava. Meti a mochila às costas e abri silenciosamente a janela.


Visto que a casa era apenas de um piso, era-me mais fácil saltar e escapar através da janela. O meu quarto era virado para as traseiras, e tinha que atravessar uma vegetação mas esse nem era um problema. 

Fechei ligeiramente a janela e de seguida saltei, ajeitando as minhas roupas de seguida. Comecei a caminhar entre a vegetação, sentindo os meus joelhos ficarem arranhados por estar a usar umas ripped jeans

Cheguei a rua principal e caminhei em passo acelerado. Não sabia para onde ir para queria ir para um sítio o mais longe possível da minha casa, durante um tempo. 

As lágrimas corriam pela face e a minha cabeça começava a doer. Meti-me por entre umas ruas mais sossegadas e sentei-me num beco. Abri a minha mochila e peguei na garrafa de Tequila

Tratei de abrir a garrafa com o liquido transparente e ingeri um bocado. 

Por momentos, lembrei-me das novas amizades que formei. Nenhum deles me conhecia mesmo, nem eu a eles. Mas de certeza que eles não eram assim como eu e não tinham uns pais como eu tenho. 

Estou farta que digam que ando a fugir aos problemas por beber ou por fugir de casa a meio da madrugada. Já sou uma desilusão para todos, que se foda. Não quero saber, a minha vida não tinha qualquer futuro nem qualquer rumo. Eu destruo-me cada vez mais com estas pequenas coisas, como beber e fumar, mas eu não me importava; não pertenço a este Mundo, nada se adequa a mim nem eu às coisas.

Quero ser outra pessoa, mas não posso. Nem melhorar como sou consigo, quanto mais ser outra pessoa. Estou tão farta da vida que ando a levar. 

Os meus pensamentos eram reconfortados à medida que bebia mais, pois ficavam baralhados e a divagar por outras coisas.

Ouvi uns barulhos e imediatamente levantei-me, ficando um pouco tonta. Peguei na minha mochila e na garrafa. Tratei de sair daquele beco, caminhei e caminhei, entre as ruas até avistar uma casa conhecida por mim. 

Encaminhei-me até à casa do Luke, rodeei a casa até chegar à janela que eu pensava que pertencia ao quarto dele. 

A minha visão estava turva e o meu equilíbrio já teve melhores dias. 

- Luke! - chamei-o exageradamente alto. Bati inconscientemente à janela e uma luz foi acesa.

- Merda.- disse baixinho. Baixei-me assim que vi uma versão do Luke mais velho. Tinha de sair daqui, tratei de rastejar até à esquina da casa. Comecei-me a rir bastante só pelo facto de ter batido à janela errada e de ver um gajo mesmo parecido com o Luke, que curiosamente nunca o tinha visto na vida.

Jet Black Heart; hemmings [AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora