Ghost Town
[Kora Nekane]
- Onde vais? - perguntou o meu pai rudemente.
- Não te interessa.- respondi no mesmo tom.
Ele aproximou-se de mim e agarrou-me fortemente pelo braço.
- Tu não me falas assim! Eu sou teu pai, respeita-me! - ele gritou.
- Podes ser o meu pai no papel mas na realidade não és.- afirmei friamente. Senti uma mão áspera contra o meu rosto e de seguida uma dor intensa.
- Enquanto viveres nesta casa, respeitas-me e fazes o que eu quero! - o meu pai gritou novamente, apertando mais o meu braço. - Vai já para o teu quarto, sua miserável!
Fui rapidamente para o meu quarto, trancando a porta. Acendi a luz visto que era noite. Peguei numa mochila pequena preta que estava debaixo da cama. Esta continha um casaco, uma bebida alcoólica e mais outros objetos que não me recordava. Meti a mochila às costas e abri silenciosamente a janela.
Visto que a casa era apenas de um piso, era-me mais fácil saltar e escapar através da janela. O meu quarto era virado para as traseiras, e tinha que atravessar uma vegetação mas esse nem era um problema.Fechei ligeiramente a janela e de seguida saltei, ajeitando as minhas roupas de seguida. Comecei a caminhar entre a vegetação, sentindo os meus joelhos ficarem arranhados por estar a usar umas ripped jeans.
Cheguei a rua principal e caminhei em passo acelerado. Não sabia para onde ir para queria ir para um sítio o mais longe possível da minha casa, durante um tempo.
As lágrimas corriam pela face e a minha cabeça começava a doer. Meti-me por entre umas ruas mais sossegadas e sentei-me num beco. Abri a minha mochila e peguei na garrafa de Tequila.
Tratei de abrir a garrafa com o liquido transparente e ingeri um bocado.
Por momentos, lembrei-me das novas amizades que formei. Nenhum deles me conhecia mesmo, nem eu a eles. Mas de certeza que eles não eram assim como eu e não tinham uns pais como eu tenho.
Estou farta que digam que ando a fugir aos problemas por beber ou por fugir de casa a meio da madrugada. Já sou uma desilusão para todos, que se foda. Não quero saber, a minha vida não tinha qualquer futuro nem qualquer rumo. Eu destruo-me cada vez mais com estas pequenas coisas, como beber e fumar, mas eu não me importava; não pertenço a este Mundo, nada se adequa a mim nem eu às coisas.
Quero ser outra pessoa, mas não posso. Nem melhorar como sou consigo, quanto mais ser outra pessoa. Estou tão farta da vida que ando a levar.
Os meus pensamentos eram reconfortados à medida que bebia mais, pois ficavam baralhados e a divagar por outras coisas.
Ouvi uns barulhos e imediatamente levantei-me, ficando um pouco tonta. Peguei na minha mochila e na garrafa. Tratei de sair daquele beco, caminhei e caminhei, entre as ruas até avistar uma casa conhecida por mim.
Encaminhei-me até à casa do Luke, rodeei a casa até chegar à janela que eu pensava que pertencia ao quarto dele.
A minha visão estava turva e o meu equilíbrio já teve melhores dias.
- Luke! - chamei-o exageradamente alto. Bati inconscientemente à janela e uma luz foi acesa.
- Merda.- disse baixinho. Baixei-me assim que vi uma versão do Luke mais velho. Tinha de sair daqui, tratei de rastejar até à esquina da casa. Comecei-me a rir bastante só pelo facto de ter batido à janela errada e de ver um gajo mesmo parecido com o Luke, que curiosamente nunca o tinha visto na vida.
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Jet Black Heart; hemmings [AU]
FanfictionExiste sempre uma razão para começar de novo.