Cage The Elephant
{Parte 1 - «My heart feels cold as ice but it's anybody's guess»}
Boa leitura.
[Kora Nekane]
«Posso fazer-te companhia durante um bocado?» (6:57 pm)
L: «Já sabes a resposta, Kora.» (6:57 pm)
«Hum, okay.» (6:58 pm)
Por toda a casa só se ouvia sons de gemidos que eu apostava que vinham do quarto dos meus pais. Sinceramente, é uma coisa perturbadora, principalmente depois do que o meu pai tem feito a minha mãe. São doentios, sem dúvida.
Se eu disser que nem com música no volume máximo eu deixava de ouvir aqueles sons, provavelmente ninguém iria acreditar em mim.
L: «Kora?» (7:02 pm)
«Sim?» (7:02 pm)
L: «Vens cá ter ou?» (7:02 pm)
«Estava a tentar descodificar se a tua resposta era para um sim ou para um não, para ser sincera.» (7:03 pm)
L: «O teu cérebro é mais lento que o do Calum.» (7:03 pm)
«O meu cérebro apenas está a precisar de beber algo, se é que entendes.» (7:03 pm)
L: «Então porquê?» (7:04 pm)
«Apenas me apetece; de qualquer das maneiras eu já vou ter contigo.» (7:04 pm)
L: «Okay, então até já.» (7:04 pm)
«Até já.» (7:04 pm)
Levantei-me da cama e vesti um casaco cujo o capuz cobriu a minha cabeça, dentro dos bolsos a minha carteira e o meu telemóvel. Saí do quarto e tentei ignorar aqueles sons desprezáveis até sair de casa.
Assim que meti os pés fora de casa, atravessei a rua avistando uns vizinhos intrometidos a mandarem-me olhares de pena. Mentalmente, mandei-os à merda. Queixam-se das suas vidas, mas as suas vidas são bem melhores que a minha.
Ao virar da esquina, estava um café mal frequentado, pelo menos o tipo de pessoas que frequentava aquele sítio não eram boas influências ou então apenas eram uns falidos da vida que passavam o dia a comer e a ver futebol; eu também não podia falar muito porque eu não era muito melhor. Decidi entrar nesse café para comprar um maço de cigarros e umas bebidas.
Aproximei-me do balcão, esperando que o proprietário do estabelecimento desviasse a atenção do televisor.
- Boa tarde.- murmurei.- São duas garrafas de Tequila.
Nunca me fora pedida a minha identificação; era ''cliente'' deste café desde os meus 16/17 anos e o que interessava era fazer lucros e não cumprir as leis como qualquer outro café ou bar das redondezas.
Assim que me foi indicado o preço, tirei da minha carteira o dinheiro necessário para efetuar o pagamento. Após ter agarrado nas garrafas, dirigi-me à máquina de venda de maços de tabaco. Escolhi um que me era familiar e de seguida, meti-me a caminho.
O dia estava a escurecer e o frio era algo que já se começava a notar. Apressei o meu passo e numa questão de minutos, já estava perto da casa do Luke.
Dei a volta à casa e decidi espreitar pela janela, desta vez pela janela certa, do quarto do Luke. Com sorte o Luke estava no seu quarto, deitado com os fones nos ouvidos e quase às escuras. Abri a janela e meti as garrafas no parapeito da mesma.