25-Casa, mudanças, família.

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A verdadeira missão começa agora.

Essa frase ficou gravada no meu cérebro e eu não consigo parar de pensar nela.

Agora mesmo estou sendo enviada para o acampamento, e tudo o que recebi de meu pai lá foi um sorriso e um olhar de pai mesmo.

Não posso dizer que compensa.

Mas eu não ligo.

Por que eu ligaria? É só meu pai que está disposto a md deixar uma órfã completa.

Já não chega minha mãe...

Agora me vêm a lembrança que lutei anos pra esquecer. E nunca consegui...

Flashback on

Lá estava a mini Margo, brincando de boneca na sala, com sua mãe doce fazendo um bolo para seu aniversário. Ela esperava fiamente que seu pai viria ve-la hoje. A lareira estava acesa, crepitando ao lado dela.

Quando ela ouve uma batida na porta. Sua mãe vai atender. Ela olha horrorizada para o ser ali presente. Margo não sabe o que é. Só que é muito muito muito feio e não devia estar ali.

Sua mãe corre pegando Margo nos braços, levando-a para cima. A esconde num armarinho escuro e muito escondido, mas Margo vê por uma brecha aberta.

Vê sua mãe lutando para não abrir a porta, mas o monstro a escancara com facilidade. Suspira forte, está cheirando-a. Sua mãe crava-lhe uma faca, mas não antes de levar uma mordida cruel do bicho. Que sai sem cheirar mais nada.

Margo sai do esconderijo e corre até a mãe. Se ajoelha no chão e deita-se sobre seu abdome. E chora, chora até de manhã, quando um grupo de pessoas estranhas a levantam e a levam no colo até um carro, que a leva para um orfanato.

Os deuses foram muito cruéis com Margo, e ela não vai se esquecer disso.

Flashback off

*****************

Essa lembrança faz meus olhos explodirem em água salgada, e me vejo num mar de prédios no carro indo para minha nova casa.

Ao chegarmos, saímos e entramos pela barreira, muitos campistas por aí, nos engolem em um abraço coletivo enorme, com tapas na cabeça, soquinhos nos braços e muitas risadas e incentivos. Gente que eu nem conhecia me levantou junto com os outros com vivas e risadas. Devo dizer que eu gostei da atenção.

Mas agora estou em meu chalé, conversando com Percy, que me faz contar todos os meus passos, fazendo-o lembrar de suas missões e aventuras. As dele foram muito melhores que a minha.

Mas, então conto sobre a ida ao Olimpo, o que Zeus disse e até com um pouco de ressentimento, o que Poseidon não disse.

-calma, olha, os deuses não podem falar com seus filhos.

-por quê?

-eu não sei bem, Zeus proibiu isso. E acho que ele está bravo com Poseidon por ter tido relações com mortais denovo.

Sinto uma pontinha de raiva por ele se referir à minha mãe como mortal, mas aí percebo que também se refere à dele e que são mesmo mortais.

-COMO ele pode pensar isso? O filho dele inclusive foi vítima nessa farsa como eu e Lúcia.

Então ele faz uma expressão suave como se dissesse "sabe de nada, inocente" e diz:

-nunca tente entender os deuses, Margo. Isso só a faz ter raiva deles. E por falar nisso, você aceitou tão facilmente esse negócio de ser filha de um deus.

-é que qualquer família que eu pudesse ter fora daquele orfanato depressivo, qualquer uma, seria uma dádiva pra mim.

-agora você tem uma-ele me abraça e me sinto um ursinho de pelúcia sufocado por uma criança em seu abraço.

Olhando de fora isso deve parecer muito fofo, mas eu estou quase morrendo.


É. Eu tenho uma.

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*-*-*-*-*-*-*-*-*

Passei mais uns 10 dias no acampamento, treinando, comendo, aprendendo, conhecendo novas pessoas, incluindo um meio-irmão ciclope, até que chega o dia de ir embora.

E agora?

Pra onde eu vou?

Arrumo minhas coisas, como se fosse pra casa, penso em ficar o ano todo aqui, mas eu preciso de civilização.

E agora?

Até que Percy chega feliz e pulante como líder de torcida (ta, exagerei) e me pergunta pra onde eu vou.

-pra onde você vai?

-que eu vou varrendo

-que?

-vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo, vou varrendo.

-que?

-não sei. Pro orfanato, nem pensar. Nem deram minha falta.

-então tenho uma proposta pra você.

-o que?

-quer morar comigo e com minha mãe?

-como assim? -só peegunto por perguntar. Não dá pra acreditar.

-você vir morar comigo e com a minha mãe.

-siiiiiiiiiimmm!!!

********************

Hora de ir embora. Dou adeus para meus amigos, e pra todos que conheço que vão embora. Estou com a minha mochila nas costas e coração na mão.

Entro no carro e vejo a mãe de Percy, Sally Jackson, que me acolhe de bom grado, me levando com ele para o apartamento deles. Estou feliz, mas aquela frase ainda me assola.

Então, pelo vidro, vejo um menino de muletas andar por aí, pelos mal escondidos pela calça.

Um cara muito grande numa loja de donnuts. Usando óculos de sol.

Uma garota bonita se apreciando na vitrine de uma loja, um motoqueiro arranjando encrenca.

É mesmo...

A verdadeira missão começa agora.



FIM.





By:Lau_the_demigod

2015.

-Lau...

A Heroína do OlimpoOnde histórias criam vida. Descubra agora