Capítulo 2

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(Outro dia começa e tenho que ir para a escola. Minha mãe já tinha saído e era apenas seis da manhã. Normalmente ela começa depois das dez, mas hoje foi recorde. Provavelmente a empresa tinha algum tipo de projeto ou evento importante, e chamou minha mãe para madrugar no local. Me arrumei e pegei o ônibus, e no caminho para a escola, enquanto olhava a paisagem repentina pela janela, lembrei de Teresa. Sinto falta de tê-la por perto. Nós somos irmãs muito ligadas uma a outra desde crianças.) (...)

"Irmãs por acaso, amigas por escolha."

(Tentei inúmeras vezes me enturmar quando ela se mudou, mas nunca funcionou. Para uma cidade pequena, há várias garotas querendo ser populares. Tenho medo só de pensar em alguém pior do que essas meninas. Elas se vanglorizam por coisas tão simples, como viagem para fora da cidade ou do país, que me dão arrepios.

Risquei mentalmente mais um dia de completo tédio no Colégio de Boston, e simplesmente não vejo a hora de me mudar. Quero muito ir para Nova York, visitar lugares, conhecer novas pessoas e tentar fazer amizades...)

Me sinto solitária há um ano. Não tenho amigos para conversar ou para sair juntos nos fins de semana. Os poucos que me dão um simples "oi" ou "bom dia!" não tentam se aproximar de mim mais do que isto. Uma das minhas principais características é querer sempre estar perto dos outros e também ter uma energia especial, porque este é o meu jeito. Eu tentava criar amizade com algumas pessoas, porém sempre percebia um bloqueio — tipo um muro — e por fim, depois de muitas tentativas, desistia. Em outras situações pensei que podia confiar nelas, mas simplesmente não dá... apenas deixe pra lá! E tenho me sentido tão sozinha em salas lotadas...

Toda vez que me aproximava ou deixava alguém entrar em minha vida, a verdade era descoberta tarde, pois acho que sou muito ingênua para ler sinais. Cada um dos alunos tem o seu próprio grupo para ficar junto na hora do almoço, contando suas piadas e fatos de suas vidas, paixões platônicas e artistas famosos, enquanto eu não tinha ninguém. E isso machucava muito.

Quando junta-se tudo isso — toda a dor — você sente que algo está errado. Você quer fugir de todos os lugares, trocar de turma ou até mesmo, no meu caso, de cidade, porém não é possível pois você ainda pertence à eles. Você chora, sente raiva e sofre por não ver esta situação nunca acabar. É uma tortura amarga e imensa que doí na alma!

E seu único desejo é ter alguém para confiar e compartilhar coisas boas umas com as outras. Falar sobre nada com alguém que significa algo, e viver sempre rindo de como vocês se tornaram amigas tão próximas. Um pedido tão simples: ter uma amiga de verdade, como aquelas que provavelmente teve no passado, e que ela seja especial ao seu modo e saiba o valor de uma verdadeira amizade. Eu só estou procurando amigos verdadeiros.

Apenas isto.

Com o passar do tempo, aprendi a me divertir da minha maneira ao invés de demonstrar meus sentimentos pelos corredores. Encontrei um cantinho perto dos armários e me sentava nele todos os dias para ouvir música. Sempre é a melhor forma para relaxar e esquecer deste meu problema, que amarga-se muito dentro de mim. "Como eu acabo com isso?" me pergunto às vezes — ainda não tenho uma resposta, e dessa forma, continuo à procura de sucesso em minha busca quase impossível.

(Cheguei em casa por volta de meio-dia e meia e minha mãe já havia chegado.

— Ei filha, como foi seu dia?

— Infelizmente, o de sempre. — minha voz esboçou tristeza

— Eu sinto muito por isso, mas já vai passar. Você sabe que seu aniversário está chegando e que tem que se preparar para a prova, certo?

Welcome to New York [Primeira Versão]Onde histórias criam vida. Descubra agora