23. Sunset Shimmer - Enterrada Viva

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Havia semanas Pinkie tentava me ajudar com Twilight, mas nem mesmo ela conseguia argumentar contra Twilight. Eu estava cansada, tentava dar um jeito, mas Twilight não me escutava de jeito nenhum.

Minha situação era desesperadora. Eu não dormia direito, não comia, e cada vez que tentava falar com Twilight, esta me humilhava profundamente. Eu estava cansada, não podia mais aguentar viver sem ela.

Em certa noite, em desespero, fui até sua casa, com certa esperança. Embora soubesse que Twilight não iria me dar uma chance agora, eu não conseguia desistir tão fácil. Então pego minha moto e vou direto pra sua casa.

Paro inquieta na porta de sua casa e toco a campainha. Twilight atende a porta, mas assim que me vê ali, parada, ela dá meia volta e tenta fechar a porta na minha cara. Seguro a porta com o pé, a impedindo de fechar.

— Por favor, Twilight. Me escute, pelo menos dessa vez. Eu não aguento mais, por favor. Volta pra mim, eu prometo... Prometo nunca mais fazer o que fiz naquele dia. Eu...

— Eu já disse que não tenho nada a tratar com você, Shimmer. Você mentiu e isso é suficiente para que eu não te queira mais na minha vida. Vá embora, e me deixe em paz.

— Você não pode continuar com isso para sempre. Eu sei que ainda me ama, eu sei...

— Não se iluda. Se você acha isso, problema seu.

— Pinkie Pie também acha — solto sem querer.

— A Pinkie? Isso é porque ela não percebeu ainda que eu não quero te ver nem pintada de ouro. Mas ela vai perceber. E quando isso acontecer, Shimmer...

— Vocês se casarão e terão filhinhos adoráveis — digo com sarcasmo. — Acontece Twilight, que eu não vou deixar isso acontecer. Porque eu quero me casar com você. Porque eu te amo! Quando você vai entender isso?

Ela sorri irônica.

— Quando pôneis voarem.

Finalmente deixo Twilight fechar a porta na minha cara, porque meu coração se despedaçou mais uma vez. Ainda assim, eu não perco a esperança, e sinto-me tentada a ensinar pôneis voarem se for preciso.

Ainda em lágrimas, penso na única coisa que pode me animar e me deixar mostrar o que sinto. É estranho, porque não faço isso há anos, desde muito pequena. Mas sei que titio iria aceitar muito bem.

Meu tio tem um barzinho, onde eu cantava algumas vezes quando menor. Meu tio dizia que eu tinha certo talento para a música, e durante alguns anos era o que mais eu gostava de fazer.

Acontece que mamãe tem certa rincha com meu tio. Ele diz que meu tio é vagabundo e só pensa em encher bunda de bêbado com cerveja. Eu não pensava assim, até porque o bar era um dos meus lugares favoritos.

Mas mamãe me proibiu de ir lá durante um tempo. Depois de um tempo eu não sentia tanta vontade assim de voltar a cantar lá, então nunca voltei. Eu ainda falo com meu tio, mas não vou mais ao bar.

Sinto que preciso disso, e apesar de mamãe não gostar, ela não vai querer discutir comigo sobre isso. Afinal, ela anda preocupada comigo. Então saber que estou tentando esfriar a cabeça e me divertir um pouco pode ser que mude um pouco a opinião dela sobre isso. Pelo menos por hoje.

Então assim que saio da casa de Twilight, vou direto para lá. Titio me recebe muito bem.

— Você chegou em boa hora, Sun! — ele diz — A banda que iria se apresentar hoje encontrou um problema com o vocalista. Aposto que deixarão você cantar.

Sorrio meio sem graça. Não sei se será a mesma coisa cantar com uma banda, mas aceito mesmo assim. Afinal, eu precisava disso.

Conversei um pouco com os integrantes da banda, e eles aceitaram numa boa. Subo no palco ainda acanhada, e então a primeira música começa. É "Buried Alive", do Avenged Sevenfold.

Take the time just to listen
When the voices screaming are much too loud
Take a look in the distance
Try and see it all
Chances are that you might find
That we share a common discomfort now
I feel I'm walking a fine line
Tell me only if it's real


Olho para trás, e olho as faces do restante da banda. Pelas expressões, eles gostaram da minha voz. Olho novamente para o público, e agora todos olhavam para mim, curiosos. Talvez fossem todos clientes já acostumados com outras vozes, não a minha. Mas pareceram aprovar.

Still I'm on my way (on and on it goes)
Vacant hope to take
Hey!
I can't live in here for another day!
Darkness has kept the light concealed
Grim as ever
Hold on to faith as I dig another grave
Meanwhile the mice endure the wheel
Real as ever
And it seems I've been buried alive


Fecho os olhos e deixo-me sentir a música. É uma boa música, afinal, parecia dizer exatamente o que eu queria. Abro os olhos novamente, olhando a multidão. Então alguém entra no recinto, alguém conhecido, de cabelos rosa fúcsia e um sorriso animado.

I walked the fields through the fire
Taking steps until I found solid ground
Followed dreams reaching higher
Couldn't survive the fall
Much has changed since the last time
And I feel a little less certain now
You know I jumped at the first sign
Tell me only if it's real


Pinkie Pie acena para mim, dando um joinha. Ela estava ali, para torcer por mim. Ela me passava confiança, mas ela já tentara tanto comigo, que pela primeira vez cogito a ideia de desistir.

É engraçado como Pinkie dá tanto valor à Twilight, parecendo estar afim dela, mas, ao mesmo tempo, ela me apoia a ir até o fim, não parecendo se importar se levar um fora no processo. Sorrio sem graça para ela.

Memories seem to fade (on ando n it goes)
Wash my view away
Hey
I can't live in here for another day!
Darkness has kept the light concealed
Grim as ever
Hold on to faith as I dig another grave
Meanwhile the mice endure the wheel
Real as ever
And I'm chained like a slave
Trapped in the dark
Slammed all the locks
Death calls my name
And it seems I've been buried alive


Continuo cantando, e o sentimento de vencida continua crescendo em mim. Poxa, já se passara um bom tempo, e Twilight nem sequer queria um "oi" meu. Se ela me amasse como Pinkie dizia, ela já teria me aceitado de volta ou, pelo menos, voltado a falar comigo.

Eu só estava pedindo um pouco dela, não precisava ser muito. Nem que fosse para ser apenas sua colega, agora eu estava aceitando tudo. Pensando nisso, surpreendo-me ao perceber que acabo a música chorando. Pinkie percebe, e me olha preocupada. Murmuro um "com licença" no microfone e saio. Sinto muito desapontar meu tio e a banda, mas aquela noite eu não cantaria mais.

Borboletas do Arco-ÍrisOnde histórias criam vida. Descubra agora