— Vamos corrigir o 1° Exame de Qualificação da UERJ (Universidade estadual do Rio de Janeiro). Agora prestem atenção na...
— Bruna, Bruna... A professora... Cutucava Carol com a caneta.
— Ei, Bruna! Tu tá aqui ou tá viajando na maionese? Essa daqui? Hum... Só pode tá pensando no boy. Eu conheço bem essa cara de astronauta. Já fui jovem como vocês acreditem - afirmava e quem estava duvidando?; quando nem internet existia. A turma dava gargalhada com a explicação, que na velocidade da luz se tornava uma replica da feira dos Paraíbas (O mais importante pólo da cultura nordestina no Rio de Janeiro). Com um trovão vindo do armário de lata que ficava na esquerda da sala a professora implorava silencio.
— SILEEEEEENCIOOOO! E tudo se calou. Se equilibrando no salto desfilava pela sala se requebrando.
— Pois bem, ontem eu, a burra aqui, estava na minha casa verificando a prova "difícil" que meus alunos diziam ter presenciado. Estava esperando a prova do demônio, mas olha essa questão aqui. Apontava para a imagem que se refletia no quadro branco.
— Difícil? Me digam! Gritava. — Essa porcaria aqui é difícil?
— Aaah fêssora... Na hora da agonia, da um nervoso...
— Não vem com essa não Angel! Se vocês pelo menos se lembra-se da porcaria da matéria que o professor de matemática do nono ano passou pra vocês em vez de ficar procurando boca pra beijar, saberia muito bem que a vértice mais a face é igual a aresta mais dois.
— Oiá isso. Disse Angel Solano. - A Sra acha mesmo que eu, disse apontando para si mesmo, esse lindo aqui que está na sua frente vai lembrar que V+F+ o que? Não dá não fêssora, não da não. É muita coisa pra minha cabeça.
— Esse pessoal querem MO-LE-ZA /MEXMO/! Tudo mamãezada. Vocês não são mais crianças e tem tempo ô. Para de esperar que vai cair alguma coisa do céu que não vai, as únicas coisas que pode cair é chuva e coco de pombo. Vocês são o terceiro ano do ensino médio já devia saber disso, quer lembrar dessa bodega aqui? Batia com a régua no quadro, fácil! Exclamava. Como sou uma gorda preguiçosa vou ensinar um macete pra vocês. Se quiserem lembrar do Teorema de Euler é só pensar assim: vamos (V) fazer (F) amor (A) a dois (2).
Caindo na gargalhada todos batiam palmas.
— Aí o maluco do professor de filosofia quer passar prova? Pra que eu quero saber de filosofia? Se mata em neguim! Resmungava um "ser" no fundo da classe.
— O que? Quem disse isso? A professora passava os olhos na sala.
— Sabe o que estou fazendo? Disse a mesma puxando a cartilagem da sua orelha.
— Estou dando descarga na merda que acabei de ouvir, desculpe, mas você defecou legal! E mais uma vez as palmas e os risos saudava a inenarrável ironia a qual honrosamente assistiam.
— Sabe o que eu faria se eu fosse vocês? Primeiro eu calaria a boca! Depois estudava. Estude, pois concurso não fazemos para passar você faz até passar. Agora, questão 22 Enem 2012...
~~♥~~
Diagnostico
Tumor no cérebro, bactéria desconhecida.
Obs.: Auto grau de risco.
Pin... Pin... Pin...
E lá estava, cheia de hematomas, olheiras profundas, olhos caídos, tristes e sonolentos. Há meses, internada, à um ano longe da sua Brum a quem tanto admirava. No auge da sua infância entre a respiração e o aparelho, em uma linha tênue da ciência e a fé estava no seu aparentemente "lar", onde havia mais duas crianças na mesma situação, todos em pausa para um jogo do grande chefão: "A vida", no nível: germes desconhecidos alojados na cabeça.

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A ultima gota
Spiritual"Sabe o que eu queria? Não, claro que não sabe, por acaso tem poderes paranormais? Talvez chute: que o meu desejo é acordar rica, que meu cabelo fique mais liso ou que não seja necessário estudar para nenhuma prova, mas você se engana. A única coisa...