K

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-  Calma, calma coraçãozinho, logo, logo vai passar.

Acordou com aquela voz passeando pelas orbitas do seu cérebro. Quem será que tentava acalma-la? Estaria entrando em contato com algum extraterrestre? Servindo de experiência para algum cientista maluco através das ondas de algum rádio velho por aí? 

- Não, não. Estou ficando maluca! Bufou.

O dia não seria fácil, como sempre, mas lá estava ela ensaiando a melhor expressão facial disponível a qual entregaria juntamente com as notas vermelhas para sua mãe. 

- É um absurdo, como fiquei tão desleixada, assim tããããããããããão de repente? 

Despreguiçando a parte racional do seu cérebro que à essa hora estaria em estado de emergência de tanto procurar a razão das incógnitas que fluíam deliberadamente pelas estações dos pensamentos.

- Não é fácil sabia? Sussurrou olhando para seu reflexo no espelho. 

- Não é, nunca foi, jamais será! Se descabelando em: um, dois... 

- Por que você faz isso consigo mesmo Bruna? Apontando seu dedo indicado para si. 

- Você é tão frágil, uma fracassada que não aceita seu destino! 

- Por que estou agindo assim? Meu Deus,  socorro! Salma me de mim mesma. 

E sua fé — mais uma vez — deslizava em uma montanha russa que iniciava-se na do maio e decorria-se a dor menor. 

- O cronograma do dia é o seguinte: voltar pra cama e nuuuuuuuuuuuuunca mais sair de lá. 

"E não vai ficar cheirando mal?"

- Pensando bem, não. Não. Não. Não aguentaria por muito tempo, acabaria desistindo antes mesmo de acaba o dia. É isso aí, é isso mesmo, não sou mais uma criança de cinco anos não posso apostar em uma mentira, em uma coisa que não irei cumprir. 

E com quem Bruna estava apostando afinal?

"VIVA BRUM, VIVA!"

- Bem, vou sair da cama, vivi esse fim de mundo um trilhão de vezes, já devia me acostumado. 

  ~~♥~~  

Fui à escola, trabalho, casa. Nada de especial no dia. Mais um pro cofinho dos dias "nada de especial"

- Brum, Kayke trouxe um presente pra você da escola. 

- E o que é? 

- Ela tá brincando no parque com seu pai, desce lá em baixo e fala com eles. 

- Aaah claro mãe, vou descer lá em cima. Que redundância. 

- Estressadinha, vai tomar um banho e vem conversar comigo depois? Temos muita coisa pra colocar em dia, não acha filha? 

- O que a senhora quer saber?

- Que isso filhota, não confia na mamãe? Gargalhadas ao fio da desconfiança + sorriso triunfal = eu não estou entendendo nada.

- Argh mãe! Não tem nada de novo na minha vida, mesmo sapatos, mesmas manias, mesmas notas (ops, uma mentirinha não faz mal a ninguém), mesmo cabelos, se bem que estou precisando ir ao salão de beleza e... A claro se sobrar dinheiro no final do mês pra isso. 

- Não tente escapar, o que me diz do Cauã? 

- Quem?

- Ah vai me dizer que... 

- Não conheço nenhum Cauã. 

- Não? Hum... e o guitarrista da igreja? 

- Aquele? Bem, nunca trocamos uma palavra além do "paz do Senho", "oi?", "boa tarde, boa noite?" Sua voz robótica demonstrava sua falta de interesse. 

- Não revire os olhos pra sua mãe garota. Volta aqui!

- Tenho trabalho de química e marquei com a Dani de faze na casa dela. 

- Volta antes do jantar? 

- Não sei mãe, não fizemos nada ainda acho que vai demorar um pouco mais. 

- Tudo bem, lembrando que hoje ainda é segunda não fique até tarde na rua. 

-Ok, vou só pegar uma coisinhas. 

Joguei tudo que tinha na mochila em cima da cama, divido o meu quarto com o K por isso sempre que chego me sinto no Japão com destroços do fim da segunda guerra mundial, como um ninja ando ao derredor dos brinquedos e me encolho nos espaços vazios que avisto no chão: ursos, bonecas, dinossauros, lego, quebra cabeça, cubo mágico, penico. 

- Isso é mais difícil do que aparenta ser. Livro de química, livro de química. 

- MAAAAAAAAAAAAE CADÊ O MEU LIVRO DE QUÍMICA QUE DEIXEI AQUI? MÃE?


Nota:

K nasceu sete anos depois de Bia me deixar, não o vejo como um substituto. Ninguém vai ficar no lugar dela, não mesmo. 

Não percam o próximo capitulo.








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⏰ Última atualização: Dec 10, 2015 ⏰

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