Capítulo 8 - Philip

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Eu estava completamente apaixonado por Rosie Badley. Não digo esses 'romances' de adolescente, que se 'amam' supostamente na primeira transa. Eu realmente gosto dela.
Quando ela saiu correndo, senti um aperto no coração. Ela gostava de outra pessoa. E eu sabia exatamente quem era.
Sebastian Evans.
Não vou ser como esses garotos metidos a besta de colegial, que se questionam, perguntando a si mesmos o que o oposto tem, que a própria pessoa não possa ter. Com certeza Rosie tem excelentes razões.
Mas quem sou eu para julgá-las?
Sou um advogado idiota, que se deixou levar pelo amor. Ótimo. Há dias atrás, pensei que isso nunca iria acontecer comigo.
É, o mundo dá voltas. E eu não curto essas voltas que o mundo dá.
Me levanto, limpando meu corpo da areia e guardando minhas coisas, colocando tudo no carro e procurando por meu telefone. Ao encontrá-lo, disco o número da única pessoa que poderia me 'ajudar'. Como nos velhos tempos.

- Está aí?
- É claro, Philip. Sempre estou ao seu dispor - sua voz sexy invade meus ouvidos, me deixando completamente ludibriado.
- Hm... isso é ótimo - dou um sorrisinho - Motel ou a minha casa?
- Sua casa, obviamente. Te espero no mesmo lugar de sempre - ela desliga.

É, os velhos tempos estão de volta. E o real Philip Sheridan está de volta.

Ao final da noite, tínhamos feito amor inúmeras vezes, numa cama king size que tinha comprado fazia um temll, e minha parceira dormia ao meu lado serenamente.
Observava seus enormes seios subirem e descerem devagar, cobertos por um emaranhado de fios ruivos. Acaricio seu cabelo, fechando meus olhos.

- Você na minha frente, sem camisa é uma afronta para mim - ela ri, divertida.
- Eu sou uma afronta a qualquer um, Sarah - sorrio.
- Você sabe que não gosto de ser chamada de Sarah. Me chame apenas de 13 - ela sorri maliciosamente.
- Não entendo pra que isso. Não quer que os outros saibam do seu passado... - sou interrompido por ela, que põe o dedo indicador entre meus lábios.
- Você não precisa dizer. Meu passado é completamente irrelevante, como você sabe bem - Sarah dá um sorrisinho.
- Eu adoro quando você fica irritada, sorrindo desse jeito debochado pra mim - começo a rir.
- Eu sei disso - ela fica por cima de mim, e me beija lentamente.

No dia seguinte, Sarah já tinha ido embora. Obviamente, deixei o dinheiro para ela. 13, como gostava de ser chamada, perdeu os pais há muitos anos, e desde então trabalha nessa linda (ou nem tanto) área da prostituição.
É claro que, na maioria das vezes, ela fazia o que fazia comigo porque 13 sempre teve uma certa 'atração' por mim. Mas nunca dei muita bola (todos sabem o por que).
Ajeito algumas pastas minhas e guardo alguns arquivos. Eu realmente estava perdido. Era perceptível que ela gostava de mim, mas algo me diz que o que Rosie sentia pelo Sebastian era de proporções muito maiores do que eu pensava.
Quando termino de guardar alguns casos no meu escritório, me visto, pondo uma calça e uma camisa qualquer, dando partida em meu carro e indo para a casa de Rosie. Existiam coisas que eu iria esclarecer com ela. E seria agora.

Ao estacionar o carro na frente de sua casa, desço do mesmo, andando até a porta. Hesito por alguns segundos. Deveria fazer aquilo mesmo? Será que iria me arrepender? "Bem, é a chance que eu tenho", penso comigo mesmo.
Quando iria bater na porta, escuto uma conversa a alto e bom som dentro da casa.

- Você me disse que sentia o mesmo! Por que insiste em mentir para mim? - reconheço a voz de Sebastian ao fundo.
- Eu te amo, Evans. Mas eu também sinto algo pelo Philip, e eu não posso apenas deixar de lado. Eu preciso de tempo - escuto Rosie soluçar, e sinto vontade de dar um pontapé na porta e enforcar Sebastian até que ele morresse em minhas mãos.
- Rosie, quer saber? Chega. Eu vou seguir a minha vida, depois de anos esperando por você. A esperança que eu tinha acabou. Desculpa - a voz dele era baixa, porém carregada de sentimentos antigos e memórias.
- Não, Sebastian, por favor... - Rosie começa a chorar.
Naquele momento, nada mais importava. O que eu sentia era um misto de decepção com raiva; havia, supostamente, perdido a mulher que amava para um babaca do colegial.
- Viva a sua vida, Rosie Badley. Eu amei muito você. Muito mesmo - com passos pesados, retorno ao conversível com qual chegara ali mais cedo. Abrigara-me no banco do motorista e, enquanto colocava o cinto, ouço alguns soluços e contra vontade olhara para o lado.
Era Rosie. Rosie Badley chorava abertamente, estando entre sua casa e o meu carro, no meio do jardim. Conforme trocávamos olhares, um sentimento novo unia-se à desilusão. Embora não merecesse, eu tinha pena dela, sendo este o único motivo que impedira-me de sair desenfreado pelo Rio de Janeiro como um cara, há alguns segundos atrás.
- Sebastian - a voz dela foi um balde de água que despertara-me de breves devaneios; era somente as madeixas lilases, o rosto quase que angelical e os lábios delineados por um batom que existiam para mim há algum tempo, mas foi ouví-la que trouxe-me à realidade - Sebastian, se você for embora, eu prometo nunca mais olhar na sua cara!
Suas palavras ofensivas levaram-me à uma breve reflexão, mas não havia volta. Ignorando-a, fitava somente a rua a frente, embora hesitasse para partir de vez. Inconscientemente, eu esperava algo, uma atitude concreta vindo dela. E não é que foi assim?
Com os olhos marejados, pude ver a silhueta de Rosie através do vidro, que logo adentrara o conversível.
- Seja lá aonde você vá, eu vou contigo - a situação se resumia a dois velhos amigos que, no momento, só conseguiam chorar, nada mais. Mas Rosie sempre impressionava, foi quando senti suas mãos pequenas apertarem meu peito, segurando firmemente minha camiseta e me puxando para um beijo.

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