Capítulo 2 - Philip

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Bom dia, galera Trouxe mais um capítulo pra vocês, dessa vez com um novo POV. Recomendo escutarem Lost At Sea. Conto com o apoio de vocês ☆
Boa leitura!

– Philip. Philip, acorde.

Sinto alguém dando um tapa em minha face, que arde, por conta dos machucados, mesmo sendo fraco. Eu reconhecia aquelas mãos, tão pequenas, suaves e macias.
Rosie. A garota do ensino médio. Andava com populares, mas sempre foi extremamente simpática e falava com todos. Inclusive, suas tentativas de falar comigo nunca deram muito certo (Por que será? Eu sou simpáático... ).
Forço meus olhos a se abrirem, visualizando uma sala de hospital. "Maravilha, agora ela quer dar uma de heroína", penso comigo mesmo. Olho para ela. Como Rosie Badley havia mudado. E para melhor.
Seus cabelos castanhos agora eram de um lilás delicado, com mechas azuis-bebê nas pontas. Os olhos continuavam sendo pretos e marcantes, e encantadores.
Nunca gostei dela. Mas preciso admitir que ela se tornou uma bela mulher. Eu nunca fui nerd, pegador ou o que for. Não tinha uma classificação. Mas não posso mentir: chamava algumas mulheres para um cantinho particular muitas vezes. Especialmente uma: Christina.
Melhor amiga de Rosie. Tinha namorado na época, mas ele não supria as 'necessidades' dela. É, o jogo muda.
Rosie sorri ao me ver de olhos abertos, e chama a enfermeira, que aparece pouco tempo depois. Era gordinha e negra, de cabelos cacheados e maquiagem levemente (para não dizer muito) exagerada.

– Senhorita Badley, pode esperar na recepção, por favor? – ela sorri, mostrando dentes podres e amarelos.
– É claro – Rosie anda até a porta, fechando-a quando sai.
– Como se sente, senhor Sheridan? – a enfermeira pega um prontuário e caneta.
– Hm... me sinto bem, apesar de uma dor de cabeça levemente acentuada – suspiro.
– Nossa! O senhor tem uma voz muito bonita, permita-me dizer – ela ri divertidamente – Dentro de uma hora o senhor será liberado e sairá com a senhorita Badley. A propósito, ótima escolha que o senhor fez.
– Ah... obrigado – Ótima escolha? Do que ela está falando? Ela acha que... ah não! – AH! É... Não, eu não tenho nada com a Rosie. Ela é uma... conhecida.
– Hm.... uma pena – a enfermeira sai do quarto, deixando-me refletir por alguns minutos.

Eu, namorar com Rosie? Nunca. Isso nunca passou pela minha cabeça, e nem vai passar mais. Na época, lembro que ela tinha uma forte babação de ovo por Peter Schindler, um jogador de futebol muito 'famosinho' no colégio.
Por sinal, a coitada nunca conseguiu nada com ele, principalmente pelo fato de ele ser pegador e estar sempre com uma vagabunda nova.
Tinha pena de Rosie. Não no sentido de protegê-la, mas sim de ela ter sido tão inocente e boba na época, que não via o que estava bem à sua frente. Não é algo que eu desejaria para uma pessoa. É doloroso demais.
Meus segundos de reflexão passam, e Rosie adentrou o quarto, sentando-se na cadeira ao meu lado, as pernas cruzadas.

– Como você está? – ela me fita, os olhos brilhantes e preocupados, a mão esquerda alisando distraidamente o cabelo.
– Hm... acho que estou bem – suspiro, olhando para a roupa de hospital que usava. "Nunca mais quero usar isso de novo", penso comigo mesmo.
– Eu te atropelei. Desculpe. Eu... estava um pouco nervosa – Rosie fica corada, as bochechas adquirindo um tom rosado.
– Não, isso acontece. Mulheres são um perigo no trânsito mesmo – rio ironicamente.
– Eu dirijo muito bem, para a sua informação – ela volta a ficar séria, erguendo a sobrancelha – Bem, eu te levarei até em casa.
– Não, eu não preciso... – Não concluo a frase. Ela estaca certa. Meu Fiat estava em casa. Só estava naquela rua na noite por ter bebido demais, juntamente com uma série de socos na cara por ter beijado uma garota qur tinha namorado numa balada – É... tá bom.
– Ótimo. Se troca aí, tuas roupas estão no banheiro, saímos em 10 minutos – Rosie sorri, mas percebi que algo estava errado. Seu sorriso era torto, e seu olhar era triste, apesar de tudo.

Ela sai do quarto, provavelmente indo falar com a recepcionista. Me levanto com certa dificuldade, mas consigo. Adentro o banheiro, e suspiro.
Abro o pequeno chuveiro e retiro minhas roupas, apreciando a água gelada em meu corpo quente por alguns minutos. A sensação era reconfortante. Depois de um tempo, me seco, ponho a calça jeans e a camiseta polo branca. Calço os tênis All Star e saio do banheiro.
Rosie estava sentada na borda da cama. Ainda não tinha reparado minha presença. Ela fitava o telefone, que estava um tanto molhado. "Ela estava chorando na minha frente? Isso não é característico dela", penso.
Ponho a mão em seu ombro, e ela se vira rapidamente, vermelha, e seca as lágrimas.

– Vamos? - Suspiro.
– Ah, claro... Err... vamos – Rosie levanta-se, e caminha até a porta, saindo em minha frente.

                                                                                           ☆

Alguns minutos depois, estávamos dirigindo em direção a Petrópolis. Ela não tirava os olhos da estrada, e eu aproveitei para escutar música. Não que eu não quisesse conversar com ela, era por questão de não saber o que dizer. Ainda estava um pouco pensativo sobre o que vi. Rosie fraquejar na frente de alguém? Impossível. Eu queria saber o que estava acontecendo, a curiosidade me consumia. Até que ela resolve falar, poupando o possível envergonhamento.

– Desculpe por ter chorado na sua frente – sua voz era baixa, fraca e calma. Ela havia permanecido quieta durante todo o percurso, agora iria me responder.
– Você não precisa esconder o que está sentindo sempre. Não sou nenhum desocupado que vai te zoar ou o que for. Não estamos mais no ensino médio, Rosie – suspiro, passando a mão por meus cabelos negros.
– Algumas vezes, esconder a fraqueza é a solução, Philip – Rosie volta a se calar. Mas eu não poderia ficar sem resposta. "Que curiosidade do inferno é essa?", penso comigo mesmo.
– Pode me dizer o que houve, se quiser.
– É uma longa história. Talvez não queira escutar. É só mais um drama de uma garota completamente idiota, iludida, achando que o mundo é cor-de-rosa e tudo funciona do jeito que ela quer. Só isso – Rosie tenta não chorar, mordendo o lábio com força e reprimindo as lágrimas.
– Eu sou bom em escutar – olho para ela – Deixe-me adivinhar...descobriu que o Peter não era quem você pensava?
– Nossa, você é tão inteligente – ela debocha, com a voz ainda desanimada.
– Não precisa ficar sempre na defensiva. É aquela casa ali – aponto para uma pequena casa azul-clara, com um telhado branco. Ela estaciona o carro em frente à mesma, e me olha, séria.
– Às vezes, aquele que menos demonstra é o que mais sente, Philip – Rosie suspira, enrolando um fio de seu cabelo distraidamente.
– Enfim, esqueça o que eu disse. Entre comigo. Não vou deixar você ir embora sem pelo menos almoçar comigo, em forma de retribuição.


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