3. Burro preso também pasta

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Max se ofereceu para me mostrar a casa cor-de-rosa e, é claro, eu não seria louca de recusar! Ainda estava cedo, não passava das sete da manhã.

A minha nova casa também exibia um portão gradeado, mas era branco e bem menos imponente que o do meu vizinho. E também tinha garagem. Nem de longe tão gigantesca quanto a dele, mas cabia um celtinha.

Fiquei surpresa com o jardim muito bem cuidado na entrada. Havia um caminho central de pedras brancas até a porta, ladeado por uma fileira de pingos-de-ouro redondinhos, e as laterais do jardim eram cobertas de grama bem aparada e invejáveis roseiras cor-de-rosa.

— Nossa, que coisa linda! — exclamei, genuinamente impressionada com a beleza das flores.

— É, ela tinha muito orgulho dessas rosas. Passava as tardes no jardim, cuidando — Max falou, subindo os três degraus até a varanda de piso de madeira para chegar à porta branca.

Lamentei internamente, porque, com o meu inexistente talento para cuidar de plantas (consegui matar até meu minicacto, a Gioconda, coitada, que eu achava a coisa mais linda do mundo!), aquelas roseiras estavam com os dias contados.

— Ah, acho que me esqueci de dizer, senhorita Olívia, mas a sua tia-avó tinha bichinhos de estimação. Aquele ali é o Rodolfo e esta é a Lola. Estavam na minha casa, mas eu os trouxe ontem à noite para esperar pela senhorita, como bons anfitriões — ele disse, assim que entramos, apontando para um gato cinza rajado e pegando uma cachorrinha branca no colo. Rodolfo era um gato normal, mas muito bonito. E Lola era bem peluda, parecia um maltês, mas eu não tinha certeza. Lembrei-me imediatamente de Lully e senti uma agulhada de tristeza no peito. — Se não puder ficar com eles, é só dizer, que eu os levo de volta — ele falou e se virou para me olhar. —Diga "oi" para a senhorita Olívia, Lola. — Max sorriu, mexendo a patinha da cadelinha. Depois, deu um beijo na cabecinha dela, bem próximo ao lacinho cor-de-rosa.

Ai, minha Santa Mãe! Além de lindo, ele gostava de animais? Eu podia morrer ali mesmo. De preferência, antes de soltar algo como "você é lindo e fofo demais, me beija também, por favor!" (o que poderia acontecer a qualquer minuto, se ele não soltasse a cachorrinha minúscula nos próximos segundos).

Apertei a patinha de Lola com suavidade e cumprimentei-a (mas, na verdade, eu queria mesmo era tascar um beijo na boca do gato que a estava segurando!).

Os lábios de Max, curvados naquele delicioso sorriso hipnotizante, estavam me matando. E o aroma que vinha dele... Era um cheiro tão gostoso que eu mal me mantinha de pé, de tanta vontade de contorcer as coxas.

— Eles eram os xodós dela. E ela me fez prometer que se você não os quisesse, eu cuidaria deles — disse, alheio à minha situação fragilizada, alisando o pelo da cachorrinha antes de colocá-la no chão (graças a Deus). Ela começou a pular, fazendo festa para que ele a pegasse de novo. Eu não a julguei. Como uma garota, é claro que a Lola também estava derretida pelo Max. — Seria um prazer para mim, na verdade. Portanto, se você não quiser ficar com eles, sinta-se à vontade para me dizer.

— Eu quero! Claro que posso ficar com eles! Eu amo bichinhos! — apressei-me em dizer, obrigando-me a sair da espécie de transe em que eu me encontrava. — Mas como assim? Ela sabia da minha existência? Quero dizer, antes de morrer...

— Ela deixou uma carta para você.  — Ele retirou um envelope cor-de-rosa de dentro do bolso.

Tinha até um lacre de cera, daqueles de filme antigo!

— Nossa, que lindo! — comentei, passando o dedo pelo brasão encerado.

— Ela gostava muito de escrever cartas. Era uma senhora muito ativa e uma excelente companhia. Não precisa ler agora. Vou te mostrar a casa primeiro — ele disse e me puxou pela mão.

O Devasso Mora Ao Lado [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora