Para bom entendedor ...

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Para bom entendedor ... 

"O que eles estão fazendo com suas vidas? Mas... O que estou fazendo com a minha?"

As pessoas estava cometendo erros a todo o momento, estavam se matando aos poucos ou de uma vez, como uma criança tampa o nariz e engole um remédio amargo. Mas não adianta o gosto continua em sua boca, não se pode evitar.

Fechar os olhos nunca funcionou, amenizar é burrice....

Podendo sentir o máximo possível de tudo a sua volta por mais triste que fosse ainda era alguma coisa, respirar fundo, tocar nas paredes, ver a tristeza e sentir o gosto amargo nas vozes, significa ainda ter um pouco de vida.

Mesmo com as mortes e a dor, ela procurava esperança, tentava ver o lado bom de tudo aquilo e só via as manchas no teto.

A descrença nas válvulas de escape veio a muito tempo, nada funciona; o sexo, as drogas e até o amor, só pioram as coisas.

"_Ontem a noite tentei esquecer o que você havia me dito._ Comentou.

_Conseguiu?

_Acho que já está bem obvio que não consegui.

Ele continuou andando sem olha-la.

_Da próxima vez tente com mais vontade.

_Você não sabe o quanto tentei esquecer._ Disse franzindo o cenho.

_Sei que não está tentando agora, se estivesse não estaríamos falando nisso.

Seu tom era baixo e ameno, o que a irritava um pouco.

_É que eu não consigo esquecer, pode entender isso?_ Perguntou pegando um cigarro e acendendo-o, tragando e soltando a fumaça para o lado.

_Sim, acho que posso. Mas essa é a intenção quando falamos algo para alguém; não queremos que essa pessoa esqueça.

_Então está me dizendo que isso foi proposital?

_Não foi premeditado, mas queria que você soubesse.

_Não consegui dormir ontem.

_ Porque não tomou remédio?

_O psiquiatra disse que era melhor tentar parar, deu uma explicação na qual não prestei muita atenção.

_Devia se preocupar mais com a sua saúde._ Falou imitando a voz dela, reproduzindo a frase que ela sempre lhe dizia.

_Você é uma péssima pessoa as vezes sabia?_ Comentou com um pouco de humor.

_Sim, sempre soube._ Sussurrou.

Ela lembrou-se dos problemas do rapaz ao seu lado e sentiu um arrependimento momentâneo por ter dito aquelas palavras, mas não se desculparia, o silencio já fez seu papel mostrando que havia se arrependido.

_Tudo que te disse ontem era só para avisar o que pode acontecer, não queria te assustar ... Não muito.

_Você e suas boas intenções...

_Alguém precisa cuidar de você.

Os tons de voz mais leves e os passos calmos amenizaram os ânimos, mas tudo ao redor continuava o mesmo; desde as pessoas apressadas até as luzes dos faróis.

As mulheres que caminhavam lentamente pelas calçadas trajando curtos vestidos, com maquiagens chamativas e sorrisos provocantes, pareciam estar sempre ali e não se importar com os olhares que as condenavam ou com as pessoas que as ignoravam.

A maioria das pessoas que passavam a passos apressados, sequer viam o que estava acontecendo. Queriam apenas chegar em seu destino.

"E o meu destino? Para onde minhas pernas me levam? Para onde ele me guia?"

Meias PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora