Sabe... tive um tio que criava alguns animais, ele não era irmão do meu pai ou da minha mãe, mas era o mais próximo disso, como um tio.
Os animais que ele criava eram todos para o abate; a maior parte deles eram porcos que estavam sempre prontos para comer a maior quantidade de lavagem que cabece em suas enormes panças que pareciam infladas o bastante para estourar.
Havia uma semelhança estranha entre os porcos e tio Adolf, além das panças enormes e a voracidade com a qual comiam. Tanto os porcos quanto meu tio fediam e tinham aqueles olhos redondos e pequenos enfiados na cara avermelhada. Porém, a semelhança nunca o fez deixar de abater algum deles, quem sabe até não o fizesse ter ainda mais vontade de acabar com cada um daqueles porcos e depois vendê-los... Mas isso não importa.
Os porcos formavam uma enorme familia que se reproduzia entre si sem nenhum controle além da própria natureza que mandava nas épocas de reprodução, que sempre foram as piores épocas para se procurar sussego naquele pedaço de terra... Porcos não são os animais mais silenciosos, e muito menos quando estão procriando com seus familiares.
Meu tio sempre viu essa prática dos porcos com bons olhos, para ele era como uma galinha dos ovos de ouro, já que não precisava gastar dinheiro comprando outros porcos e podia mante-los se reproduzindo , ou seja, os gastos eram mínimos e tido estava bem. Até que a galinha de ovos de ouro começou a botar ovos podres.
Alguns porcos nasceram com anormalidades: pernas a mais, duas cabeças...
—Acho que isso já era algo que estava claro que ia acabar acontecendo, é uma questão Bio...
—Pare de me interromper!—Além de ficar duvidando, ela ainda fazia questão de ficar me interrompendo.
—Certo, não interromperei.
Eles tinham anormalidades e quando meu tio percebeu isso a unica coisa que deve ter pensado foi no prejuízo que teria caso todos descobrissem sobre seus porcos defeituosos, pensando o mais rápido que seu cérebro lhe permitia, ele matou os porcos, os cortou e separou em embalagens para a comercialização. Os animais continuaram a se reproduzir e ele já nem os medicava, ele dizia que os animais não precisavam de medicamentos contra bernes pois na natureza não tinha essas "frescuras" e eles viviam, ele só gastava na engorda.
Meu tio tinha cada vez mais dinheiro e suas roupas continuavam sejas, ele continuava com uma aparência suja, a cara avermelhada e oleosa. Depois de pouco tempo soube que algumas famílias da cidade estavam com doenças estranhas, iam desde uma intoxicação até uma...
—Está querendo dizer que as anomalias dos porcos passaram para os humanos? E acha que vou acreditar nisso?
De tão irritado que estava apenas virei e continuei andando, sentindo os impactos da bengala com o chão.
—Esse é o final da história?
No final suspeitaram do meu tio, alguns vizinhos mais próximos se mantiveram de olho e quando ele menos esperava alguns moradores o atacaram, o mutilaram, por fim o mataram e me cegaram.
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Meias Palavras
ContoQuando meia palavra é o bastante... Longas orações não são necessárias numa conversa entre bons entendedores.