A Moça do Café

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A moça do café tem lábios diferentes, cada dia estão numa cor

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A moça do café tem lábios diferentes, cada dia estão numa cor. Mas hoje é diferente. 

Todas as manhãs busco meu café antes de ir para o escritório, nos últimos três meses sempre sou servido pela mesma moça; ela sempre tem os lábios de alguma cor diferente da anterior. Não sei o seu nome, então em meu pensamento a denominei de "A moça do café", no inicio tentava ver seu nome escrito no cartãozinho em seu peito, mas como estava sempre apressada servindo cafés e eu não conseguia acompanhar sua movimentação, acabava apenas pedindo meu café e indo para o escritório. Todos os dias isso se repetia; ela me cumprimentava, eu a cumprimentava, fazia o pedido, era servido e partia. 

Hoje fiz tudo como sempre, segui minha rotina normalmente pela manhã e segui em busca de meu café no caminho do escritório... Era mais uma manhã calma demais para uma cidade grande como a cidade em que vivo, mas nada parecia anormal até aquele momento. Entrei na fila lendo algumas mensagens e as respondendo rapidamente.

Quando chegou a minha vez e olhei para a moça como sempre fazia esperando ver a cor que seus lábios teriam ao me dizer bom dia, e foi ai que me surpreendi. Aqueles lábios que cada dia estavam de uma cor, não tinham cor... Estavam lá, tinham a mesma forma, mas eram de um tom apagado. 

Ela me cumprimentou e eu a respondi automaticamente pela primeira vez. Só queria voltar para casa dormir e acordar no outro dia com minha rotina, com tudo como sempre, com a moça do café e com seus lábios bem pintados de sempre. Quis isso como uma criança mimada que grita dentro do mercado e se joga no chão; entretanto sou um pouco contido e quis apenas internamente. 

Um pouco perdido e quem sabe decepcionado, pedi meu café de sempre, ele não mudaria naquele dia. Assim que o recebi dei meia volta e sai do estabelecimento, mas já parecia que meu dia não seria tão bom. E não foi. 

No dia seguinte me preparei para ir trabalhar, e antes passar na cafeteria como sempre fazia; mas dessa vez esperava encontrar tudo como sempre, até a moça do café. 

Antes de entrar na fila como sempre fazia ao chegar, olhei para quem estava atendendo: Dois rapazes e... Ela não estava lá. 

Eu poderia continuar na fila, comprar meu café e seguir normalmente com o meu dia como qualquer pessoa normal faria, mas escolhi não ser normal pela primeira vez. Fui até o balcão e perguntei a um dos rapazes sobre a moça, no inicio ele me pareceu um pouco desconfiado, o que já era de se esperar, mas acabou falando que ela se chamava Gisele e que estava doente e por isso não pôde ir trabalhar. Tentei parecer mais intimo do que realmente era e continuei tentando descobrir mais sobre ela; até que o rapaz parou tudo que estava fazendo e me olhou quase sem expressão. 

_Ela está te devendo alguma coisa? Se estiver esse aqui é o endereço dela._Disse rapidamente anotando o endereço num guardanapo para se livrar de mim o mais rápido possível.

Não tardei em ler o endereço enquanto saia do estabelecimento. Gisele morava num prédio não muito distante dali.

Do outro lado da rua havia um café, onde nunca tinha ido pois não fazia parte da minha rotina, mas o que importava era que não havia uma fila ali e que eu seria atendido mais rápido. Pedi um expresso, um mocaccino e alguns bolinhos e logo já estava do lado de fora novamente com meus pacotes de papel e o endereço no guardanapo dentro do meu bolço.

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