Tudo por um Primeiro Beijo!

PAIXÃO QUE NASCE

Alice não aguentou; teria mesmo que ver aquele menino todos os dias e ficaria assim, com medo de se arriscar a falar com ele? Não, não podia...

Agora estava disposta, amanhecera disposta!

Desde que tinham se acampado ali, ela e a família, que estava assim; sentindo algo por aquele menino da família vizinha de acampamento.
Amava acampar, mas não conseguia se sentir muito a vontade com um menino por perto. Precisava conhece-lo melhor... Via aquele garoto todos os dias correr sozinho logo cedo pela praia. O que estava esperando?

Só faltavam dois dias para irem embora. E agora? Ficaria apenas sonhando com aquele garoto, como sempre fazia? Precisava mudar isso. Ela não podia ser apenas a garota sonhadora...

Algumas vezes quando ele passava por ela, dizia "oi" e ela quase não conseguia responder.

Tudo o que ela queria era ter coragem de falar com ele. E aquela vergonha idiota? Porque? Se tivesse coragem de responder, talvez até começassem a conversar...

Hoje seria o dia. Tinha planejado tudo minuciosamente a noite inteira. Estava ansiosa... Como ele reagiria?

O começo do plano estava feito; Acordar cedo, bem cedo mesmo, antes mesmo dele acordar, só para estar ali quando ele passasse. Então, se ele falasse com ela tudo estava feito...

Alice pensara naquele garoto a noite inteira. Para ela, ele era simplesmente o garoto mais bonito que ela ja conhecera. O plano não podia dar errado.

Aos 14 anos, ela nunca havia se apaixonado. Nunca se sentira atraida por ninguém. Mas agora era diferente... Agora seu coração batia forte e só sabia pensar nele. Ela era sonhadora e tímida, falar com aquele garoto seria a maior prova de amor.

Vestiu-se e penteou os cabelos devagar, seus pensamentos estavam em outro mundo. O mundo dela, e lá ele lhe pertencia. Ela estava linda, e ele a olhava apaixonado...

Um barulho fez com que acordasse do seu devaneio. Olhou no relógio, estava na hora.

Foi para fora e fingiu estar curtindo o ar livre enquanto lia um livro. Vez ou outra, olhava em direção do acampamento vizinho. Nada!

O tempo passava e o livro perdeu o interesse. O que havia acontecido? Um monte de perguntas se amontoavam na cabeça de Alice...

Então de repente, lembrou-se de uma coisa: E se ele estivesse ido embora?

Se fosse verdade, então tudo estaria perdido... Pensou em desistir, mas de repente percebeu que desistir era tudo o que sabia fazer. E hoje, hoje deveria ser diferente, hoje ela não desistiria. Num impulso correu para praia...

Todos os medos de Alice havia desaparecido, apenas um pensamento pairava em sua cabeça enquanto corria: iria encontra-lo.

O mar imenso e profundo dava-lhe a sensação de mistério. Quantas vezes não havia parado ali para pensar? Parou ali, ofegante. Estranhamente estava se sentindo bem, fazendo o que ela chamaria de loucura. Procurou-o por todos os lados, ele devia estar ali.

Deu alguns passos e o que viu a fez parar estática. Poucos metros a frente estava ele, o garoto dos sonhos, e uma menina.

***

A hora do almoço chegou depresa para Alice. Depois de ver aquela cena, seu mundo havia desabado. Todos os seus sonhos estavam se dissolvendo e ela sentia que perdera a direção... Se jogara na barraca, após voltar correndo, e ali ficara chorando a manhã inteira. Só parou quando escutou sua mãe gritando que o almoço estava servido.

Levantou-se do colchão e lavou os olhos inchados e vermelhos. Não queria que os irmãos mais novos, intrometidos, perguntassem o que havia acontecido.

Olhou-se no pequeno espelho que trazia consigo e percebeu que o esforço havia sido em vão. Seu nariz denunciava claramente uma recente explosão de lágrimas.

"Feia" disse para a imagem refletida "feia e ingênua. Não percebe que os sonhos nunca se realizam?"

Riu de si mesma enquanto as lágrimas teimavam em cair novamente. Uma vez lera em algum lugar que pessoas desprovidas de beleza, tinham de ser inteligentes. Ela não estava sendo inteligente e tão pouco se achava bonita. Jogou o espelho longe, com raiva, que espatifou-se em mil pedaços.

O grito de sua mãe a tirou da luta consigo mesma. Respirou fundo, era hora de sorrir!