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-Eu quero aquela coberta Mikey! -Disse apontado para uma coberta azul com margaridas brancas.

-Não! Ela é minha, pode tirando suas mãos cheias de dedos.- Falou pegando a coberta.

-Michael, da a coberta pra Em.- Ouvi a voz de Luke.

-Só porque ela precisa ser mimada.- Brincou me dando a coberta.

-Só porque você disse isso, eu não vou ficar perto de nenhum de vocês.- Disse me encolhendo na coberta.

-Ah qual é, eu sei que no fundo você gosta de ser mimada.- Calum falou rindo.

-Não! Não gosto.- Fiz bico e joguei uma almofada nele.

-Você quer fazer guerra? Então ok! -Calum disse e jogou uma almofada em mim.

-Michael, eu passei no mercado e...- Karen, mãe de Mike disse entrando na sala.

-Oi mãe.- Mike sorriu.- Emma, Luke, Ash e Cal vão dormir aqui hoje.- Avisou.

-Bom, tudo bem.- Sorriu.- Emma querida, como você está? -Pediu.

-Estou bem Karen, e você?- Sorri.

-Estou bem. Vou fazer alguma coisa pra vocês comerem, devem estar com fome.- Disse indo para a cozinha.

-Mãe, a gente queria pedir pizza.- Mike disse se levantando do pequeno sofá.

-Tudo bem.- Sorriu.- Não conheci vocês?- Pediu a Ash, Calum e Luke.

-Nós estudamos com Mike e Emma.- Ash respondeu sorrindo.

-Claro.- Sorriu novamente.- Mike nunca falou de algum amigo além da Emma.- Riu.

-Eu sou tudo pra ele.- Brinquei rindo.

-Mas é claro que é.- Deu um sorriso sarcástico.- Vou querer pizza de peperone.- Disse pegando o celular e discando o número da pizzaria.

Depois de pedir a Pizza, eu fui para o banho. Quando voltei do mesmo, apenas Luke se encontrava na sala. Ele mexia no celular, mas parecia não estar tão animado assim.

-Então, está tão empolgante assim?- Pedi me aproximando.

-Ah, é.- Sorriu.- está muito.- Guardou o celular.- Como você ta?

-Bem melhor, e você? -Me sentei ao seu lado.

-Bem.- Sorriu.- Hã, você sabe, que uma hora ou outra, vai ter que ver seu pai, né? -Pediu me olhando.

-Eu sei, eu só preciso... Me acalmar.- Suspirei.- É que ele não entende, ele não sabe como me sinto. Na verdade, nem se importa. Ele só quer que eu seja uma vadiazinha qualquer, mas eu prefiro do meu jeito, onde eu tenho o Michael, e vocês agora. Não essa realidade alternativa que ele criou, onde eu sou a miss perfeição e sou popular, normal e tenho um namorado idiota que só se preocupa com ele mesmo e amigas idiotas que traem minha confiança transando com meu namorado.- Falei brincando com as mangas do blusão de Mike.

-Você já tentou falar isso pra ele? Falar como se sente? -Pediu se virando para mim.

-Não, ele não escuta.- Ajeitei minhas pernas e me sentei com pernas de índio no sofá. Olhei para ele. Ele ouvia cada palavra que saia da minha boca, prestava atenção em cada uma, como se não pudesse deixar uma escapar, se não acabaria o sentido.- Para.- Disse baixinho e olhei para minhas mãos.

-Parar com o que? -Pediu.

-De me olhar assim.- Senti minhas bochechas queimarem. Porque isso sempre acontece comigo quando estou com ele?

-Assim como? -Sorriu.

-Desse jeito.- O olhei, seu sorriso aumentou, me fazendo sorrir também.

-Ok.- Olhou para os pés.

-Onde estão Mike, Cal e Ash? -Pedi.

-Foram buscar as Pizzas, a pizzaria estava sem entregador.- Respondeu.

-E porque você ficou? -Pedi o olhando.

-Você não podia ficar sozinha. Mike ficou com medo que você fizesse alguma coisa.- Olhou para mim.

-Ah, claro.- Suspirei.

-Você já... Já tentou alguma coisa, como... Hã... Cortes? -Pediu um pouco sem jeito.

-Eu, bom... É complicado.- Continuei brincando com as mangas do blusão. Suas mãos foram até as minhas, ele pegou meu braço esquerdo e puxou a mangá para trás, virou minha mão para cima e acariciou meu pulso, onde havia uma cicatriz, não muito grande, na vertical. Seu toque na minha pele sensível fez um arrepio percorrer meu corpo.

-Me conta.- Sussurou, ainda segurando a minha mão.

-Eu tinha 13 anos quando a fiz.- Olhei para a cicatriz não muito visível, curada pelo tempo.- Meus pais brigavam, e eu estava muito confusa, meu pai xingava minha mãe, por me usar para roubar, pra sustentar o vício, eu estava cansada daquilo tudo. Me tranquei no meu quarto, peguei em um canivete que havia pegado do meu irmão, então fiz dois cortes, me sentei no chão e me deixei enfraquecer. Mas então ouvi a voz de Michael, então ele arrombou minha porta e chamou meus pais, minha mãe nem ligou. Disse que teria sido um problema a menos na vida dela. Meu pai me levou até o hospital, eles fizeram pontos, passei uma noite lá, depois meu pai a expulsou da casa, e desde então, eu sou assim.- Terminei de falar o olhei nos olhos, Luke tinha uma expressão de pena no rosto, mas logo foi substituída por um sorriso de canto.

-Eu sinto muito por você ter passado por isso, você é frágil, e eles não vêem. Você é como se fosse de porcelana.- Disse e soltou minha mão.

-Alguma hora eu quebro.- Falei pra mim mesma.

-Chegamos! -Ouvi a voz de Mike, olhei para a porta e vi os três garotos passando pela mesma.

-Ótimo! Estou morrendo de fome.- Disse rindo e peguei a pizza.

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