Do Outro Lado Do Espelho {Em Revisão}

Historia ou Imaginação?

''Oh céus! Onde foi parar o estojo de primeiros socorros?''- Perguntou a sra. Johnson para si mesma.
Deveras, se alguém sabia onde ficavam as coisas na casa, só podia ser ela, já que ninguém mais dava a menor importância para tarefas domésticas como arrumar e manter as coisas em ordem.

O pai aparentemente havia se cortado o dedo em um canto do novo espelho, que tinha sido entregue, conforme prometido, na terça-feira de manhã tentando pendura-lo na parede em cima da lareira. Por fim, depois de muito martela, colocar e recolocar, depois de muito resmungar, ele conseguiu deixar o espelho no lugar certo.
Mas ao descer a escada, esbarrou o polegar em uma parte entalhada na borda dourada em torno do espelho, dai a busca pelo estojo de primeiro socorros.

A sra. Johnson saiu da cozinha carregando a caixa considerada desaparecida e seguiu para o estúdio onde o marido ferido estava sentado. Ela enxugou o dedo dele completamente transtornada, e elogiou muito o fabuloso trabalho que fizera, de pendurar o espelho.

As três meninas também admiraram o espelho. Ele, de fato, ficava mesmo impotente pendurado ali, embora Sophie fosse muito pequena para ver a si própria, a não ser que ficasse na ponta dos pés.

— Vamos vocês duas — Disse Amy-beth.— Temos muito o que ver e o que fazer, e quase nenhum tempo pra fazer tudo isso.

Lucy, com um livro enfiado debaixo do braço, seguiu a irmã mais velha ao sair da sala. Não que fosse uma exploração, pelo menos nada além do capítulo 9! Sophie, então, ficou sozinha na sala. Logo descobriu que se subisse na mesa de trabalho do pai forrada de couro, conseguia ver a si propria no espelho.

Nesse dia, ela usava o esmalte de unhas mare vermelha. A mãe disse que quando não fosse a escola podia usar cores brilhantes.

De manhã cedo, no desejum daquele dia, ela admirava as unhas de todos os ângulos, segurando uma colher de modo a exibi-las em sua melhor forma. Mas se ela queria que as irmãs demonstrassem algum interesse pelas unhas delas, logo viu que não seria possível. Amy-beth passou a refeição inteira da manhã questionando o pai a respeito da história da casa. E Lucy?

Bem Lucy estava, quase inacreditávelmente, lendo o rotulo traseiro da caixa de flocos de milho. Sophie sacudiu a cabeça, pegou a caixinha de música que a acompanhava por toda parte, dispensou a si própria da mesa do café, e se encaminhou para o estúdio.

Ela subiu por conta própria, com alguma dificuldade, na mesa de trabalho, e pegou o batom da mãe equivalente ao seu esmalte.
Devidamente maquiada agora, sorriu, totalmente satisfeita com o reflexo no espelho. Pegou a revista brilhante e se dedicou a ler a página de ''dicas úteis para cabelo''. Com todo cuidado, posicionou as mãos de modo que pudesse ver as pequeninas pétalas vermelhas dos dedos cintilarem de volta para ela no espelho. Decidiu ler em voz alta.

A leitura em voz alta não demorou muito, porém, logo em seguida, ela pegou a pequena caixa de musica, agora com a bailarina restaurada em sua antiga glória. Sophie havia pintado os pequenos lábios da boneca com esmalte de unhas e seus sapatos também, para combinarem.

Ela deu corda na caixinha e a colocou ao lado sobre a mesa de trabalho e, quando a musica começou a tocar, retornou a leitura na página que dizia '' Dicas de cores''. Ela só estava curiosa para saber o que a mãe acharia se tingisse alguns cachos de roxo, quando pensou que sentiu que alguém a observava.

Quando levantou os olhos, imaginando que veria apenas o próprio reflexo, ficou aterrorizada de ver não somente o próprio rosto mas a de uma garota mais velha, muito parecida com a Lucy, ou melhor, talvez não porque ela fosse parecida com a Lucy. Mas pelo fato de que tinha um livro aberto sobre seus joelhos. Mas ela não olhava para o livro, porém, olhava fixo, diretamente para Sophie.
Sophie sentou muito quieta e piscou bastante, então virou a cabeça rapidamente para olhar para trás.
Não havia mais ninguém na sala. Certamente ninguém mais que pudesse criar esse reflexo que ela agora via ao lado dela. A bailarina fazia piruetas e girava graciosamente conforme a música, de algum modo emprestado um ar de irrealidade à cena com um todo.