Piscina (Capítulo Bônus)

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Olhei para a água da piscina e fiz uma carranca involuntária.

- Entro aí só morta. No caso, se eu entrar eu vou morrer!

- A piscina não é tão funda assim e eu estou aqui, não se esqueça. - Ele abriu seus ágeis braços alertando sua presença, que obviamente já era percebida. Não há nada no sentido físico que ele não seja bom. No meu conhecimento, com certeza. Ele é ótimo nadador, pula barreiras parecendo estar em filmes com velocidade acelerada e cômica, luta tão bem que chega a me assustar, ótimo corredor, ótimas piruetas, ótimos braços, músculos, peitos, pernas, rosto e corpo morendo perfeito...

- Val! Para de me olhar com essa cara e pula logo nessa piscina!

- NEM MORTA!

- Tu falou que se tivesse morta ia!

- Se eu pular nisso ou eu morro com água nos pulmões ou de um ataque no coração de tão apreensiva!

- Cara... - Ele puxou os fios de cabelos lisos e negros do rosto para trás demostrando já estar gasto de insistir.

- EU NÃO VOU!

- Você não vai morrer afogada por que eu não deixaria. E você não vai morrer de ataque do coração por que isso já é exagero e você só tem 17 anos!

- Quem disse que jovens também não sofrem disso?! Olha que sou sedentária e viciada em comer porcarias!

- Você é impossível! É só uma piscina. E eu vou entrar com você, Alba. Sem medos.

Instantaneamente, a presença dele sempre me fazia me sentir protegida. Criei teorias de que isso seja ao fato dele ser forte e incrivelmente bom em tudo que envolva esforços físicos (até o limiar do meu conhecimento, claro). Ele é ágil o suficiente para, se eu cair, ele vim me socorrer a tempo recorde. E ainda seria capaz de se por na minha frente amortecendo toda a minha queda.

- Eu vou.

- Para com isso, Al... O que?

- Eu vou. Tu vai, né?

- Sério? - Ele segurou meus ombros incrédulo tentando ler a minha expressão, para o caso de ser uma piada.

- Seríssimo. E aproveita, se não eu mudo de ideia.

- Sim, sim.

- Mas você vai pular junto comigo.

Ele pensou sério por alguns instantes na minha exigência, encarando a piscina e depois as portas da casa que havíamos tomado emprestada ilicitamente. O dono, amigo do pai do Taylor, havia viajado e deixado a casa vazia com a piscina recém limpa.

- Ta bom - Ele disse seco, como se não desejasse isso. Se aproximou de mim com os músculos tensos, ficando na minha frente, sério e concentrado. Seu rosto ficou numa distância absurda do meu, com os seus olhos encarando os meus olhos confusos sobre o novo estado dele.

- O que é? Está com medo? - sussurrei, pois seria desnecessário falar normalmente de tão perto que estávamos.

- Um pouco, mas não da água - Ele sussurrou ao mesmo tempo que bufou.

Ele, então, olhou para as minhas mãos caidas do lado do meu quadril e as colocou atrás de si, para que eu o abraçasse. Recoloquei os meus braços ao redor do seu pescoço, para que ele mesmo viesse a me segurar pela cintura. Ele entendeu rápido, e me segurou a si, me puxando mais para perto e despejando na minha cara o seu hálito doce e perfumado. Deixei-me desfrutar do seu cheiro com um suspiro longo. Ele ainda me olhava nos olhos, cada vez mais tenso. Nossos narizes praticamente se tocavam, mesmo sendo ele dez centímetros mais alto que eu. Ele se inclinava para mim. E, subitamente, me levou consigo para a piscina.

Tudo que vi foi uma imensidão azul e sombria, senti o gelar na minha pele que portava só um babydoll branco de cetim. As mãos dele nunca me soltaram, mesmo tendo se afroxado um pouco. Imergi na água e ele também.

- Meu Deeeeeus! - Gritei eufórica e feliz com a adrenalina ocupando o espaço da antiga ansiedade.

Ele só me encarou, ainda concentrado nos meus olhos. Depois olhou cara a água e os poucos centímetros que nos separavam. Os nossos corpos estavam juntos, molhados. Meu vestido delicado grudado na minha pele e meu corpo agora grudado na pele nua macia do peito dele. Meu vestido marcava indevidamente as minas curvas e formas do meu corpo. Minha mão segurava indevidamente a sua nuca. Ele me olhava indevidamente e nossas respirações se tornando aceleradas também eram indevidas.

Seu lábio macio tocou o meu acariciando-o. Sua mão segurou o meu rosto com delicadeza e depois colocou os meus cabelos que não deviam estar na frente do meu rosto para trás da minha orelha.

Seu beijo se tornou insano a partir do momento em que ele permitiu que sua língua avançasse a minha boca. E eu o correspondi. Seus beijos eram selvagens e desesperados. Sua mão esteve eufórica quando passeou pelo fim das minhas costas e me empurrou ainda (e impossivelmente) mais contra o corpo dele. Depois suas mãos talvez viram que o seu esforço era bastante fútil pois já não havia espaço nem para a própria água entre nos, e desvendou as minhas coxas e pernas. Puxou o tecido do meu vestido para cima e depois me jogou para longe. Para o fundo.

Ele havia me soltado. Ele me soltou e eu, como não sei nadar, fui caindo, e caindo, e afundando até que ele me resgatasse de volta. Em menos de meio minuto, já estávamos de volta à terra, digo, ao piso.

Ele me permitiu sentar ali mesmo, no chão que beirava a piscina. Ambos estávamos ofegantes e nem sequer olhavamos um para o outro. Até que ele se pronunciou.

- Me desculpa. Não devia...

O olhei. Ele encarava o chão com o peito aos saltos, esbaforido. Ele deve ter percebido a minha observação pois seus olhos encontraram os meus.

Eu estava inevitavelmente em choque. Não consegui dizer nenhuma palavra. Não conseguia pensar direito. Mas ele ainda esperava o que fosse que diria. Ele ainda estava esperando.

- É... - foi o máximo que eu pude dizer.

- Me desculpe - ele disse, quase inaudível, olhando o chão novamente.

Mas ele estava se culpando por ter me beijado ou por ter me soltado? A ideia dele ter me beijado e eu beijado ele obviamente foi indevida. Somos amigos, gosto de outro garoto e ele é bom demais pra mim. Isso foi indevido, errado, muito errado, ideia louca da cabeça dele, mas boa porque eu gostei. E quanto ele ter me soltado, não estou em condições em guardar mágoas.

Me ergui, com muito esforço, para acabar com a distância que tinha entre nos. Minha mão alcançou o seu rosto, o puxando para cima de leve para que ele voltasse a me encarar. Ele me olhou a tempo de demostrar sua imensa surpresa antes do meu beijo, tão ou mais caloroso que o primeiro.

Meus joelhos tocaram as suas penas, com nos dois, no chão, sentados. Ele segurou a minha cintura e me puxou para perto, me deixando como se por cima dele. Depois ele me deitou com cuidado no chão e percorreu com beijos o meu pescoço, minha mandíbula e depois minha boca, indo feroz para cima de mim, arribando acidentalmente meu vestido.

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⏰ Última atualização: Sep 27, 2015 ⏰

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