"Seja capaz de suportar a provocação e a sua pureza concederá o perdão."
Sin desapareceu como num passe de mágica e Janaina não pode evitar se perguntar se tudo aquilo tinha realmente acontecido. Ela já tinha estudado muitas coisas, visto muitos casos criminosos peculiares, mas nada se comparava com aquela noite. Correu até sua casa e os bombeiros estavam lá tentando apagar o fogo. É. Sin não fora uma ilusão. Mas quem ele realmente era? Por que podia garantir que não mataria mais ninguém?
De volta ao inferno, Sin encontrou as portas fechadas para ele. Claro! Não tinha mais acesso já que seria queimado. Sentou em um pedaço de rocha ao lado do portão e percebeu que estava mais quente do que o costume. Seu corpo já estava adequado às temperaturas normais de lá, então, será que isso já era um efeito colateral de seu castigo? Queimaria ali mesmo? O porteiro – outro amaldiçoado – veio em sua direção.
— O que está fazendo aqui, Sin? – ele parecia achar Sin um estúpido por ter voltado. — Você está livre e se continuar por aqui por muito tempo vão achar que quer continuar amaldiçoado. – ele avisou e estendeu a mão na direção do companheiro.
— Livre?! Você andou bebendo muito drink flamejante.
— Cara, está no texto da sua maldição. Já está todo mundo sabendo que estão colocando um novo pecador em seu lugar.
— Ok. – Sin não pensou duas vezes antes de desaparecer de vez do inferno. Voltou à Heil, o último bairro em que esteve e pegou o texto da maldição dentro da sua capa preta.
"Desde os tempos mais remotos a humanidade busca a perdição
Louva os bens, mas não louva a Deus em oração
Não controla seu ódio e a alma entra em deterioração
Cobiça o dos outros para ter o seu eu em adoração
Ama-se demais e do alto vai ao chão
Comidas e mais comidas sem moderação
Com o desânimo e a falta de vontade alimenta a procrastinação
Entrega-se aos prazeres da carne e enfim aprenderá sua lição
Seja capaz de suportar a provocação
E a sua pureza concederá o perdão."
— Não é possível! Me enganaram todo esse tempo.
Sin ficou analisando a maldição. Até onde ele sabia, caso não fizesse a vítima pecar seria queimado no inferno, mas estava muito óbvio o motivo pelo qual fora enganado. Se soubesse que bastava encontrar uma alma pura para se livrar da maldição, por que ele insistiria em fazê-las pecarem? E, agora, a pureza de Janaina tinha o perdoado e o livrado do inferno para sempre. Agarraria essa segunda chance com todas as suas forças.
Sin jamais pecaria novamente.
* * *
E aí? O que acharam?
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O Guardião dos Sete Pecados
Short StoryJanaina Ferraz acaba de se tornar delegada na pacata cidade de Heil, quando um crime não solucionado volta a assombrar. Diligenciando, a dedicada delegada encontra um livro atípico, sem editora, sem autor e com apenas uma página. Não abra o livro, é...