O Guardião dos Sete Pecados

Parte 1 - Não abra o livro

"Desde os tempos mais remotos a humanidade busca a perdição"

Janaina Ferraz, a nova delegada da pequena cidade de Heil, estava com Douglas – o policial com mais tempo na repartição – analisando a cena do crime que colocava em suas mãos o caso mais complicado da delegacia. Nunca solucionado e, agora, justo agora, ele vinha se repetir, dias depois da sua investidura no cargo. Mas ela não estava insatisfeita, pelo contrário, sabia que se aquilo estava acontecendo é porque seria capaz de solucioná-lo. Janaína não desistiria, daria uma explicação para a morte daquelas duas mulheres e acalmaria suas famílias com a prisão do meliante.

Era mais um caso de suicídio, mas alguns pontos singelos fizeram Janaína interligar as duas ocorrências. No dia anterior à morte, ambas as vítimas faltaram ao trabalho e aos seus afazeres cotidianos, ambas não tinham qualquer registro de posse de arma, mas possuíam uma no momento de tirar a vida - apesar de seus parentes não saberem da existência da mesma - e a última semelhança, que não era tão sutil assim, um bilhete. Na primeira vítima, em sua mão direita, havia o papel com a seguinte frase: "Ama-se demais e do alto vai ao chão". E na segunda: "Não controla seu ódio e a alma entra em deterioração". Frases aparentemente sem sentido, mas que representavam algo para àquelas mulheres.

Vasculhando pedaço por pedaço do local, Janaina acabou por encontrar na cabeceira um livro de capa de couro avermelhado. Como se fosse uma piada, na capa dizia: "Não abra este livro." "Boa jogada de marketing", pensou Janaína e, obviamente, ela abriu. As folhas estavam todas arrancadas, restando apenas uma ao final com um texto que impressionaria qualquer um ligado à investigação.

— Oh! – Janaina não pode evitar a surpresa. — As frases nos bilhetes das vítimas estão aqui, Douglas. – o policial rapidamente veio até ela e confirmou o que os olhos castanhos da delegada acabaram de ver. — Será que esse autor está induzindo um pacto suicida? Por que as páginas arrancadas? – ela revirou o livro, mas não havia nome de autor, nem de editora, ou seja, nenhuma identificação. Vai dar mais trabalho do que imaginei, pensou. — Nosso turno está acabando, pode ir, Douglas.

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