Duas semanas depois...
Janaina estava chegando à sua nova casa depois de mais um dia de plantão na delegacia. Depois do incêndio 'acidental' na sua antiga residência, ela foi obrigada a procurar outro lugar para morar e encontrou uma casinha bem bonita perto da praça. Levou o gato consigo e formavam uma dupla interessante, pelo menos até aquele dia eram apenas dois naquela casa.
Saiu do carro e notou que havia uma pessoa dormindo em um dos bancos da praça, mas não foi isso que lhe chamou a atenção e sim a grande capa preta e a botina. Sin?!
Então quer dizer que além de continuar matando, agora, circularia tranquilamente pela sociedade?! Caminhou calmamente na direção dele e pelo ronco não foi difícil perceber que Sin dormia. Chamou-o algumas vezes e, então, ciente de que seria a primeira vez em que o tocaria, sacudiu o corpo do pecador a sua frente.
Havia algo de errado. Por que a mão dele já não era mais tão quente? Os olhos esverdeados pararam no rosto de Janaina antes mesmo que ela se desse conta e Sin deu um sorriso, um tanto surpreso por tê-la encontrado.
— Janaina? – Sin sentou-se no banco. — Como me encontrou?
— Não foi muito difícil com você dormindo na praça em frente a minha casa. – ela continuou observando o homem e notou que seus cabelos castanhos, apesar de curtos, estavam desarrumados. Sin tinha uma aparência desarrumada. — Você não estava tão – ela gesticulou procurando uma palavra melhor do que desarrumado para não ofendê-lo — tão... desarrumado quando veio me fazer pecar. – não encontrou nada melhor para falar.
— Muitas coisas mudaram, doutora. – ele respondeu apenas isso e aguçou a curiosidade da delegada.
— Mas você continua matando. Tivemos uma nova vítima anteontem. Não me prometeu que isso acabaria?
Janaina parecia aborrecida com ele, Sin percebeu isso, mas mesmo assim ela estava ali parada conversando, dando-lhe a oportunidade de se explicar, então, por que não aproveitar isso?
— Estou morando nas ruas e não sou mais o pecador do livro. Eu achei que queimaria no inferno por você não ter pecado, mas me liberaram de lá e arranjaram um substituto.
No fundo, Sin se perguntava se não teria sido melhor realmente queimar no inferno. Quais perspectivas ele tinha?! Dormia nas ruas todos os dias, pegava comida de lixeiras – porque tinha voltado a sentir fome -, não tinha mais sua identidade antiga e, portanto, não podia nem tentar arranjar um emprego. Tinha perdido todas as esperanças de sobreviver no mundo do qual fora expulso.
Mal sabia ele que a esperança estava bem a sua frente em forma de mulher. Janaina remoía aquelas palavras, ciente de que havia duas possibilidades: Sin mentia com algum motivo ou realmente estava sendo sincero. Entretanto, acima das suas dúvidas, a delegada sabia que não conseguiria deixá-lo dormindo nas ruas, largado à própria sorte. Antes ela nem sabia disso e o que os olhos não veem o coração não sente, mas agora seria impossível fechá-los para a realidade.
— Você pode ficar na minha casa hoje, tomar um banho, comer algo e aproveitar para me explicar tudo isso.
— Não quero abusar da sua pureza, doutora.
— Será uma troca de favores. Preciso das informações para a investigação.
Sin levantou do banco, estendeu a mão e Janaina a apertou. Eles tinham um acordo.
* * *
Agora é o fim!
Aproveitem para ler essa semana porque na próxima eu pretendo retirar o bônus do Wattpad.
Espero que tenham gostado. :D :D :D
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Guardião dos Sete Pecados
Short StoryJanaina Ferraz acaba de se tornar delegada na pacata cidade de Heil, quando um crime não solucionado volta a assombrar. Diligenciando, a dedicada delegada encontra um livro atípico, sem editora, sem autor e com apenas uma página. Não abra o livro, é...