- Fica calma - é a milésima vez que Laura me diz isso, mas tudo o que sou capaz de fazer é chorar ainda mais.
Deus! Como fui chegar a isso? Como me permitir quebrar o gelo que havia em mim? Porque não me mantive frívola e afastada?
Contudo, eu tinha ciência de que o problema não era eu e sim Dylan. Ele era tão irritante, mas também tão cativante, atraente, divertido, sexy, gostoso. Carinhoso...
Contendo um soluço, eu suspiro de forma entrecortada. Com um guardanapo, eu enxugo as lágrimas que persistem em escorrer por meu rosto. Estou aos prantos em plena praça de alimentação, cercada de pessoas que provavelmente me observam de esguelha e especulam o que poderia ter ocorrido. Uma notícia ruim, o termino de um namoro... Mal sabem eles que choro por ter descoberto ainda ser capaz de amar. Meus Deus! Como pude me descontrolar a tal ponto!?- Eu... - eu pigarro e limpo o rosto mais uma vez, não querendo ser alvo de olhares curiosos - Eu não quero falar sobre isso. Não mais.
- Fingir que não sabe ou ignorar não vai ajudar na decisão - ela diz com voz branda.
- Que decisão? Não há o que decidir!
- Mesmo? - Laura me encara com a expressão cética - Então o que, você vai continuar com ele fingindo que está apenas por estar? Ignorando o que de fato sente?
Um soluço involuntário escapa de mim e eu trinco os dentes.
- Eu não sei... - balanço a cabeça - Realmente eu... Eu não sei, Laura. Como vou olhar para ele!? O que vou dizer a ele!?
- Eu sugiro que você o olhe com seus olhos - ela sorri amplamente, e eu não seguro um riso vacilante - Sobre o que falar... - ela suspira e reflete por um tempo - Não fale. Ou sim, fale. Eu optaria por seguir meus sentimentos.
Eu assinto, pensativa. Srguir meus sentimentos. Eu sequer sei o que estou sentindo! Como poderia ser capaz de dizer a ele!?
Ainda estou atordoada com a revelação, e me negando a acreditar, no entanto é fato que ja não sou mais capaz de inibir tal conhecimento. O jeito é assumir, ao menos para mim mesma. Eu amo aquele idiota, mesmo desejando com todas as forças odia-lo. Mas será que devo dizer a ele? E se ele não sentir o mesmo? E se apenas estiver jogando comigo para obter o controle que deseja? E o que farei com todos os meus traumas? Como poderíamos ter um futuro juntos?
A presença do garçom me puxa de volta para a realidade. Laura está falando algo sobre pedir um suco, e eu viajo mais uma vez. Meus pensamentos desorientados, os sentimentos deturpados. Estou um caos e em choque.
- A senhorita deseja mais alguma coisa?
Não sei se o homem está falando comigo ou não, mas assinto de qualquer forma.
- Um chocolate quente, por favor - balbucio, nem sequer enxergando-o. Na verdade já não sou capaz de visualizar nada a minha frente.
- Ei? - Uma voz baixinha me chama, mas só enfoco a visão quando sinto a mão de Laura sobre a minha - Já sabe o que vai fazer?
Eu suspiro e nego com a cabeça.
- Não - arfo a palavra, estupefata - Sim... Não sei - confesso - Acho que vou terminar o acordo.
O semblante de Laura cai e ela puxa os lábios para o lado numa expressão desconfortável.
- Foi a melhor solução que encontrou?
- Eu não sei, Laura! Simplesmente... Não sei! - Mais lágrimas escorrem por meu rosto sem que eu possa detê-las, e isso me deprime ainda mais - Eu quero continuar. Eu... Eu o amo. Deus! Como eu evitei isso! - Desespero-me, jogando o rosto em minhas mãos - Eu evitei tanto... O que eu tenho para oferecer, Laura? O que ele pode ter de mim? Sou oca! Não há vida em mim - meu braço enlaça meu ventre - Sou oca!
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Minha Tentação - CONCLUÍDO
Literatura FemininaDuas vidas, um único destino. Dylan Sanchez nunca quis ser o tipo de cara que se tornou; mulherengo, irresponsável e temperamental. Seu sonho era ser tudo o que seu irmão conseguiu ser e ter; um homem bem sucedido profissionalmente, com uma esposa...