with you

" aqueles olhos "

Beatriz p.v.o

Ainda estou com dificuldades para andar, porém não dou um passo sequer pra fora do quarto que está trancado, soube que meu pai já chegou. Faz mais ou menos um mês que não o vejo, e por incrível que pareça sinto a sua falta, por mais que ele também me machuque eu o amo.
Queria que ele me desse carinho, atenção, e tudo o que um pai faz pelo seu filho, pena que as coisas não acontecem da maneira que queremos.

Quando eu pergunto sobre a morte da minha mãe ele sempre desconversa, nunca quer falar sobre esse assunto, e é aí que ele se estressa comigo e começa a falar coisas horríveis pra mim, como " sua mãe só morreu por que não te aguentava mas ", fazendo com que eu fique me sentindo culpada pela morte da mesma.

Já é quase meio-dia e o Louis ainda não chegou, me surpreendi com o que ele fez por mim depois da baita surra que me deram, foi bem estranho da sua parte mas nem tanto por que foi a Andreia que pediu pra que ele cuidasse de mim, caso contrário posso ter certeza que ele não faria nem um esforço pra me ajudar.

As vezes fico me perguntando o que um garoto como ele faz aqui, no meio de tanta gente ruim. Quando ele estava fazendo os curativos eu dei algumas olhadas para ele percebendo o quão atraente ele é, aquele cabelo bagunçado, aqueles olhos azuis, o sorriso encantador, sua voz... mas o que é isso Beatriz? Ele está trabalhando para a Andreia, a mulher que te odeia!, ou você acha que ele vai se apaixonar por uma garota sem graça que nem você?

Sou tirada de meus pensamentos absurdos quando meu pai entra no quarto. A saudade dele é tanta que não me contive e fui correndo lhe dar uma abraço, que não foi correspondido, mas resultou em uma dor chata por conta do esforço.

Beatriz: senti sua falta. - sai do abraço que só eu dei.

Fernando: não venha com esse papo, sei muito bem o que você aprontou enquanto estava fora! - me olhava com raiva.

Beatriz: eu so queria sair um pouco. - meus olhos já estavam marejados.

Fernando: eu já te disse que você não vai sair!! - gritava. Se aproximou de mim fazendo com que eu desse alguns passos pra trás.

Beatriz: pai por favor, tenta me entender! - supliquei, mas a única coisa que recebi foi um tapa, que fez meu rosto arder.

Fernando: isso é pra você aprender á não me desobedecer! - elevou o tom de voz.

Após isso ele saiu do quarto trancando a porta novamente. Sinceramente não sei por quê eu ainda sou carinhosa com ele, não devia nem chamá- lo de pai, que agora tenho certeza que ele não é.

As horas passaram rápido, e já era hora da janta. Desconheço o que estou sentindo, mas não vejo a hora de Louis aparecer aqui, ele me passa segurança, o que é estranho. Ouço a porta ser destrancada e aquele ser aparece na minha frente.

Louis: trouxe sua comida. - colocou a bandeja em cima da mesinha.

Beatriz: não tô com fome. - falei seca.

Louis: mas você precisa se alimentar... aliás você tá magrinha. - falou em um tom provocativo.

Beatriz: Louis, a gente pode conversar? - olhei em seus olhos.

Louis: não sou pago pra conversar com você. - foi bem direto.

Beatriz: não precisa ser grosso. - realmente fiquei triste com sua ignorância.

Louis: desculpa. - foi a única coisa que falou.

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