Capítulo 2

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Campus de Justiça de Lisboa, Terça-feira, 09:00 da manhã.

Os sobreviventes do massacre da escola entravam na sala de audiências, várias vozes sussurradas se fazem ouvir à passagem deles, bem como alguns sons caracteristicos de choro. Eles evitam olhar as pessoas presentes na sala e sentam-se nos mesmos lugares que no dia anterior. Só quando o juiz entra é que o silêncio impera completamente.

- Muito bom dia! Hoje queremos chamar a segunda testemunha para que seja ouvida.

Ao ouvir o juiz ele levantou-se do seu lugar, caminhou até ao local indicado e sentou-se. Olhou nervoso para a sua amiga que estava sentada ao lado do advogado e esperou conseguir sair-se tão bem quanto ela no dia anterior.

- Pode contar o que aconteceu a seguir ao relato da primeira testemunha?

O juiz perguntou com o tom de voz tão caracteristico dele. O rapaz suspirou, voltou a olhar para a sua amiga e só depois iniciou o relato que tanto lhe custava lembrar.

- "No dia seguinte...

Chegamos à escola e quando nos encontramos estávamos todos cheios de sono, pergunta-mos uns aos outros o que tinha acontecido para cada um estar com um aspecto cansado. Quando soubemos o motivo percebemos que eram os mesmos e achamos bastante estranho termos todos tido exactamente os mesmos pesadelos...

Entramos na escola todos juntos e caminhamos até à porta que dava para a parte antiga, tentamos abri-la mas estava completamente fechada. Antes quem pudessemos fazer algo, ouvimos o toque de entrada e fomos para as aulas."

- O que aconteceu depois jovem?

- "Aconteceu que no meio da...

Aula apareceu do nada um rapaz cheio de sangue, olhou para nós e começou a caminhar na nossa direcção. Ele parecia bastante real, o sangue pingava pelo chão e o rapaz parecia estar cheio de dor. Mas de um momento para o outro ele desapareceu tão rápido como apareceu, bem como as manchas de sangue. Ao que pareceu fomos só nós que o vimos, porque os outros alunos não tinham mostrado surpresa ou medo! Olhamos todos uns para os outros assustados e ai tivemos a certeza que não estávamos loucos!

No fim da aula saímos o mais rápido possível da sala e fomos até ao pátio da escola.. Lembro-me um pouco da conversa que tivemos "O que foi aquilo?", "Não sei! Mas parece que fomos os únicos a ver!", "Estamos a ficar loucos!", "Eu acho que sim!", "Não eu acho que não!","Vimos todos o mesmo! Seriamos todos malucos, mas como é que víamos a mesma coisa?" e não me lembro do resto."

- O que aconteceu a seguir?

O juiz voltou a falar de forma a incentivar a comtinuação do relato. O rapaz olhou para ele, de modo a tentar perceber o que o juiz pensava, mas sem sucesso pois ele tinha a expressão em branco. Respirando fundo o rapaz decidiu comtinuar.

- "Aconteceu que nós...

Decidimos ir falar com a directora da escola, queríamos saber a verdade, queríamos saber o que aconteceu na parte antiga. Batemos à porta da sala dos professores e perguntamos à professora que veio à porta se podíamos falar com a directora, quando ela respondeu que sim mandou-nos entrar. Já na sala caminhamos até à directora, a conversa foi mais ao menos assim "Olá directora, nós queríamos fazer umas perguntas, será que podia nos responder?", "Claro, quais é que são as perguntas?", "Nós queríamos saber o que aconteceu realmente na parte antiga da nossa escola.", "Não aconteceu nada, já não estava em condições para ter lá alunos, tivemos que fazer uma parte nova!", "Essa é a verdade?", "Sim é..." mas o olhar dela transmitia outra coisa, que era totalmente mentira. "Tem a certeza?", "Claro que tenho!", "Está bem muito obrigada por o seu tempo... Oh! E mais uma coisa... Por acaso alguém morreu lá?", "O quê? Por que pergunta uma coisa dessas?", "Por curiosidade...", "Tem certeza?", "Sim. Obrigado pelo seu tempo. Nós vamos indo...".  Saímos da sala dos professores e continuamos até a uma mesa, sentamo-nos e começamos a falar sobre a pequena conversa que tivemos com a directora da escola. Todos nós achávamos que era totalmente mentira as respostas que ela nos dera."

- Por que motivo achavam que era mentira? O que fizeram?

- "Achávamos que aquilo era...

Mentira por causa da cara dela, do olhar, da maneira como respirava e como tentava mudar de assunto. E se ninguém tinha morrido ali, porquê que estava uma sala cheia de sangue? Porquê que desde o momento que entramos na parte antiga só tinham acontecido coisas estranhas? Porquê que todos nós tivemos os mesmos pesadelos? Porquê que nós vimos aquele rapaz cheio de sangue na aula? Porquês e mais porquês...

Na aula da tarde faltava um colega nosso, era bastante nosso amigo só que não estava no nosso grupo. No meio da aula ouvimos um barulho vindo lá de fora no corredor e em seguida um grito de dor. Olhámos logo uns para os outros e depois para a professora que se levantou muito rápido e caminhou até a porta, quando a abriu ninguém quis acreditar no que via! Ele estava pendurado pelo pescoço, a boca estava cheia de sangue, os olhos estavam muito abertos e assustados, e faltavam... Faltavam os braços e as pernas! Ele estava morto! Morto mesmo à nossa frente! Morto à frente de toda a escola!

Houveram gritos e pessoas que começaram a chorar, houve pânico total! Todos queriam correr dali para fora."

O rapaz teve que interromper o seu discurso, pois a lembrança da morte do seu colega, ainda o fazia ficar nauseado e igualmente revoltado com tudo o que aconteceu. Eles tinham entrado num lugar proibido e várias pessoas morreram por culpa deles.

- O que aconteceu a seguir?

Novamente o juiz fala, mas o rapaz pega na garrafa de água e só depois de dar alguns goles é que continua.

- "Aconteceu que a...

Professora entrou em pânico também, mas virou-se para nós e comunicou "Tenham calma! A auxiliar foi chamar alguém, arrumem as vossas coisas vão todos para casa!". Lembro-me bem de me ter levantado, arrumado as coisas rapidamente e de ter chamado os outros do grupo. Caroline estava sentada à minha frente por isso não tivemos que andar, Toby estava na mesma fila que eu e Caroline. Sophie e Pilar estavam na mesma fila e caminharam até mim, Caroline e Toby.

O corpo ainda estava a frente da porta por isso ninguém saiu da sala. Passado uns minutos apareceu médicos e policia, os primeiros tiraram o corpo da escola e os policias foram falar com a auxiliar do corredor e com a professora. Pouparam os alunos e deixaram-nos ir para casa.

Nesse dia fomos todos para a casa da Pilar. Ninguém queria ficar só depois do que aconteceu. Não sabíamos o que estava acontecer. Nunca pensamos que fosse tão grande. Nunca pensamos que iria acabar assim..."

- Muito bem Jake. Por hoje é tudo! Amanhã continuamos à mesma hora. Sessão terminada e todos podem sair!

Jake levantou-se e caminhou rapidamente até a amiga que o olhava com compreensão.

- Até quando temos que relembrar tudo?

A voz de Jake parecia estar prestes a falhar e abraçou-a de forma apertada.

- Não sei. Mas sabes que isto não vai acabar até que nós estejamos mortos!

Respondeu Caroline, retribuindo o abraço da mesma forma.

- Infelizmente eu sei...

Espero que gostem!

É a minha primeira vez a escrever uma história de terror!

Quero as vossas opiniões!

Obrigada!

The Old Part [PT]Onde histórias criam vida. Descubra agora