Capítulo 4

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A dor era alucinante.

Meu corpo se contorcia. Edward estava do meu lado. Segurando minha mão e por algum motivo isso me fazia esquecer um pouco da dor. Ok, não esquecer, mas, ao menos tentar.

Não sei quanto tempo se passou. Minutos... Horas... Dias... Semanas... Meses... Anos...

Na verdade não importava.

A dor era tudo que eu sentia e a passagem de tempo na verdade ficava completamente esquecida.
-Cinco minutos. Nós vamos sair e tentar acalmar o Charlie. Você, assim que ela acordar, leve-a para caçar ao Norte. -Ouvi a voz de Alice falando um pouco longe.

-Tudo bem, Alice. Podem ir.

Ouvi passos, muito rápidos para ser exata, saindo do local.

O fogo em meu corpo se concentrou totalmente em meu coração. Eu quis gritar novamente, mas, continuei me concentrando em não gritar.

Meu corpo arqueou. Meus lábios quase abriram num grito. Meu coração batia freneticamente como as hélices de um helicóptero. Era um barulho que poderia me deixar surda!

Foi quando as coisas simplesmente pararam. Tudo parou. Não havia mais dor, não havia mais respiração... Nenhum coração batendo.

Abri meus olhos e foi com surpresa que novamente estava vendo. Tudo era nítido. Como se antes mesmo de ficar cega, minha visão fosse como uma TV chiada e agora tudo fosse numa alta definição. Eu podia ver a poeira no ar. Olhando para o lado, vi uma pequena gota de orvalho numa folha da árvore do lado de fora.

Assim que cogitei pensar em sentar já estava de pé.

-Bella...

Me virei para o som. A voz era conhecida. Mas, agora ainda mais linda e aveludada do que um dia já foi.

Edward era lindo. Eu sempre achei que ele fosse, mas, pelo fato de não poder ver, não poderia afirmar com total certeza. Mas, ele era mais um daqueles deuses gregos saídos do Olimpo para atormentar as pobres mortais.

Me aproximei dele. Edward alisou meu rosto e um sorriso apareceu em meus lábios.

-Temos a mesma temperatura. -Falei e arfei ao ouvir minha própria voz. -Minha voz...

-Tudo em você mudou. Seu cheiro, sua voz, seu corpo...

-E porque não queria me transformar? Quem fez isso comigo?

-Eu não queria por causa da dor. Porque eu desejava que você tivesse uma vida humana e feliz. Que pudesse ser mãe, avó... Que pudesse viver sem ter de lidar com a porra da sede que todos os dias sentimos! -Ele falou.

-E eu só queria você para sempre!

-Bella, não há nada mais nesse mundo que eu queira mais que você. Nada! Eu só queria mesmo proteger você! Apenas isso!

O abracei e ele retesou.

-O que...?

-Você tem mais força do que qualquer vampiro agora. Porque é novata. Apenas abraçou forte.

Assenti.

-Me lembre de fazer alguma pegadinha com Emmett enquanto sou forte assim.

Ele riu e entrelaçou seus dedos nos meus.

-Vamos caçar.

Naquele momento, e apenas nele, foi que registrei a dor.

Minha garganta queimava.

Edward me puxou pela mão e logo estávamos correndo uma velocidade impressionante. Meus sentidos eram extremamente apurados.

Paramos em determinado momento.

-Feche os olhos e tente registrar as coisas ao seu redor. Estamos muito afastados de humanos, então, use seus instintos.

Fechei meus olhos e me concentrei. Podia ouvir as aves com seus cantos, as folhas no alto das árvores, uma cachoeira que eu sabia que devia estar a quilômetros, mas, que nos meus sentidos parecia estar ao meu lado. Podia ouvir o farfalhar das folhas no chão assim que passos mais pesados se fizeram presentes. E então, registrei o cheiro. Não era tão agradável, mas, de alguma forma me era chamativo. Apurei meus ouvidos e pude claramente ouvir o sangue nas veias. O coração da minha presa estava acelerado. Como se soubesse o que estava por vir.

Abri meus olhos e corri naquela direção. Não haviam mais sentidos. Apenas a sede e a necessidade de contê-la o mais rápido que fosse possível.

Avistei meu alvo, mas, algo mudou. Outra brisa soprou me trazendo um cheiro extremamente apelativo. Tudo em mim rugiu.

Era como se eu tivesse em mim uma fera indomável. Por um momento, apenas uma mísera fração de momento, eu cheguei a cogitar correr para longe. Porém, tudo em mim dizia que aquele era o aroma certo.

Corri na direção do cheiro. Meu corpo era impelido a correr mais rápido. Eu tinha ciência de Edward correndo atrás de mim e gritando meu nome, mas, não poderia estar me importando menos.

-Brian, não faça isso! -Uma mulher implorou.

Ouvi um chorinho baixo. Era claramente um bebê. O som era abafado pelo abraço apertado da mulher.

-Jogue essa porra fora, Samantha! Não vou ficar com a prova da tua traição! Não mesmo! Essa coisa é um monstro! Quase que te mata!

-Não faça isso. Ela é apenas um...

O homem não teve o mínimo de misericórdia. Atirou na cabeça da mulher.

Rosnei e ele me olhou. Atirou duas vezes e eu sequer senti o impacto dos projéteis.

Avancei e quebrei seu pescoço. Mas, não bebi de seu sangue. Por mais que o cheiro ali fosse insuportável, havia algo mais importante naquele momento.

Peguei a pequena menina. Não tinha mais que semanas de vida. A mulher jazia no chão. A expressão de terror.

A menininha tocou meu rosto e então eu senti. Era como se eu pudesse ver toda sua vida. Mas, não era ela quem me mostrava isso. Era eu quem podia ver. Apenas um um toque.

Ela temia. Temia que alguém a machucasse.

-Você vai ficar bem.

Edward parou ao meu lado. Ele entendeu na hora o que aconteceu e cuidou dos corpos. Para a mulher demos um enterro digno. Já o homem, tocamos fogo em seu corpo.

Me virei e olhei para Edward. Ele entendeu e sorriu.

Nós ficaríamos com ela.

-Bem... Nossa filha precisa de um nome. -Ele falou e eu sorri.

-Emma. Emma Samantha Swan Cullen.

Ele sorriu e me beijou. A pequena se agitou em meus braços e Edward a pegou.

-Vamos. Precisamos deixar ela em casa para você caçar.

Não foi mesmo necessário. No meio do caminho encontram o alguns cervos. O cheiro não era bom, mas, era isso ou nada.

Chegamo em casa com mais uma integrante para nossa família.

E eu sabia que os desafios estavam apenas começando.

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⏰ Última atualização: Sep 26, 2015 ⏰

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Linda MeninaOnde histórias criam vida. Descubra agora