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Horas pareciam ter passado, mas o relógio me mostrou que não havia passado nem cinco minutos desde que me trancaram naquela sala. A cada minuto, o controle que eu possuía de mim mesma me abandonava, minha visão estava pesada e minhas pernas dormentes, meu braço amaçado pelo piso gelado estava começando a me incomodar. Meu cabelo; era o que escondia meu rosto de todos os que espiavam pelo quadrado transparente na porta, odiei ele logo de cara.

Quando eu pensei em me mover para me levantar a porta se abriu e uma voz rouca disse em seguida: - Hora de brincar!
- O que?.... - Meu corpo se moveu com velocidade até o homem que havia dito isso - O que vocês acham que eu sou afinal, um brinquedo?! - Ele era grande, mas não me impediu nem um pouco de enfrenta-lo.

- Não - Ele sorriu - Você é um experimento.

Sem me dar tempo para responder ele segurou meu braço com força o suficiente para machucar e me arrastou até os corredores de antes, desta vez sem o pano no rosto. O que me fez ficar extremamente confusa, por que isso agora?

Depois de um pequeno exagero de força consegui me soltar dele, e a reação dele foi me olhar fixamente esperando uma resposta, um grito ou qualquer reação esperada.

- Por que... - Não consegui terminar a frase antes da primeira lagrima escorrer. - Por que eu? - Completei depois de seca-la.

O olhar dele o entregava, ele estava assustado, bem pouco mas estava. Ele ficou alguns segundos me visualizando antes de mostrar a primeira reação: ele simplesmente segurou no meu braço novamente e voltou a me arrastar.

É inútil tentar fugir, questionar ou qualquer outra coisa que envolva um "Por que?", eu não queria desistir mas eu realmente não fazia ideia do que fazer, meus pensamentos pararam completamente, o pânico não me deixa nem se quer pensar.

Depois de alguns metros de corredores cinzas chegamos na mesma sala sinistra de antes, a mesma cadeira, as mesmas pessoas... Só o pânico estava maior, todos me olhavam com sorrisos no rostos como se eu fosse uma criança de cinco anos e eles os dentistas que não querem que eu fique com medo de uma anestesia. Minhas pernas não funcionavam até que o homem da voz rouca empurrou minhas costas para que eu andasse, novamente me prenderam na cadeira, mas desta vez eu não conseguia demonstrar nenhum tipo de reação ou emoção. Eu só fiquei ali, esperando eles acabarem logo com isso.

- Olá Homem-Aranha, nome estranho para uma mulher não acha? - Disse Dr. Johnson.

- O que?... - Não tive tempo para uma resposta, dessa vez eles me apagaram.

E assim foi por 1 ano inteiro, a mesma cadeira todos os dias e o mesmo pânico todos os dias. Porém, cada semana era uma experiencia diferente, na primeira semana depois desses dois primeiros dias, eles me fizeram realizar exatamente todo o procedimento que Max, ou Electro (Como preferir) realizou antes de quase destruir a cidade, tinha até as enguias no tanque em que me fizeram "cair".

O resultado?

Eu esperava que eu viraria cinzas ou a nova "Electra", mas isso me deixou veloz, MUITO veloz.

A dor?

Eu senti choques insuportáveis durante um minuto antes de desmaiar.

Nas semanas seguintes, sabendo eles que minha visão estava extremamente avançada, decidiram brincar um pouco Eu não sabia bem o que era aquilo, mas eles derramaram um liquido com a cor beje apenas no meu olho direito, ou seja: "Caso de errado, não queremos ela sega dos dois olhos!". O líquido aparentava ser acido, a dor era como derramar shampoo nos olhos, só que multiplicada por 10 mil. O líquido provocou uma reação um tanto estranha no meu olho, ele ficou extremamente azul, mas não me deu nenhuma habilidade nova ou algo do gênero. E como se não bastasse eles tentaram mais uma coisa, com uma faca comum, eles fizeram um corte sobre ele que começava na sobrancelha e terminava no começo da bochecha, isso deixaria qualquer um cego. Eis a questão, por que eu não sou qualquer um? O único dano que causou foi uma cicatriz.

Conforme o ano passava eles sempre faziam experiencias novas, mas nem todas davam um resultado satisfatório para Dr. Johnson, a maioria me causava gripe, virose e mal estares nada graves. Foi quando finalmente Johnson teve uma ideia diferente.

Eles me colocaram dentro de algo parecido com uma câmara de gás, e por alguns buracos pequenos nos cantos das paredes de vidro saía nitrogênio líquido. No começo eu fiquei curiosa para saber o que ele tinha em mente, mesmo com todo pânico.

O nitrogênio impediu que eu ficasse acordada durante doto esse procedimento, eu senti uma dor horrível como se todos os meus órgãos congelassem. Afinal, era o que estava acontecendo. No final de tudo isso quando eu já havia acordado, como sempre, eles esperaram a minha resposta para saber qual teria sido a reação. Minha resposta foi:

- Nada.

Confesso que eu gostava dos rostos decepcionados, a verdade é que tinha um resultado, mas eu decidi me poupar dessa vez. Gelo saia da minhas mãos, eu podia molda-lo, eu o controlava, sólido, gasoso, líquido. Era eu que decidia, manti essa reação em segredo para um pequeno plano que eu tinha em mente.

- Como não pode ter acontecido nada? - Disse Dr. Johnson decepcionado e examinando meus braços.

- Era nitrogênio, não magia.

Irritado com a minha grosseria, Dr. Johnson e o resto dos cientistas se retiraram, e o último sem exitar em bater a porta.

Um sorriso do lado esquerdo surgiu em minha boca. Era a hora de sair daquele lugar.



Ravena (Irá mudar um pouco)Onde histórias criam vida. Descubra agora