Put them to your front

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 Na hora de ir, optei por ir para casa andando calmamente pelas ruas. É um calmante ver o quanto a noite é silenciosa e eu necessitava de um tempo á sós com as grandes confusões da minha mente.

 Confesso estar um tanto quanto insegura. Na situação em que me encontro, não posso fazer de maneira alguma uma escolha errada, e se fizer a escolha certa não posso de maneira alguma tomar decisões erradas. 
 O que é ser herói? 
 Não é apenas salvar pessoas, é colocar a vida delas acima da sua. Eu faria isso? 

 - Larga isso! - Ordenou uma voz abafada e grave. 

 A voz que interrompera meus pensamentos estava distante, porém, ardia em meus ouvidos. 
 Decidi ignorar e seguir em frente. Não deve ser nada demais. 
 - Anda! - Gritou a voz pela segunda vez. 
 Eu havia acabado de passar em frente a um beco sem saída, estava uns dois metros á frente. A voz aparentava ter vindo de lá.
 Com cuidado, caminhei até a entrada do beco, escondendo-me entre as paredes para que ninguém me notasse.
 - Vai, larga isso! - Ordenou mais uma vez a voz irritada. 

 A voz era de um homem alto, com um grande sobretudo preto e sapatos de grife. Não pude ver seu rosto, pois estava de costas. 

 Ele gritava com duas garotas aparentando ter a minha idade. Uma loira e a outra morena, cabelos compridos e roupas extremamente curtas.
 - Não vamos mais depender de você. - Protestou uma delas, a morena, a que estava segurando uma grande maleta em suas mãos. 
 Ignorando-a, ele apontara sua pistola em direção a ela com determinação. 

 Ele irá atirar!
 - Isso... - Continuou - ... É para aprenderem quem manda. Vocês não tem direito a nada, muito menos a  contrariar isso.
 - EI! - Gritei enquanto corria em direção a elas.
 Eu não podia deixar que ele atirasse nela, não sabia o que havia acontecido e nem quem era o errado da historia, - Por mais que seja bem óbvio - mas não deixaria que ele a matasse assim.
 Ao que parece, ele disparou a arma antes mesmo que eu gritasse, o que fez com que eu não chegasse a tempo de tira-las de lá. 
 Meu abdomen doía! 
 Felizmente as garotas estavam intactas. Eu era o que separava elas da bala que as atingiriam. 
 Em outras palavras, eu havia levado um tiro por duas desconhecidas. 

 - Ravena! - Ouvi uma voz extremamente familiar gritar. 
 Minha visão estava falhando. Mas fui capaz de ver que o Aranha havia chego um pouco tarde, porém, havia deixado o homem desacordado até que a policia nos achasse. 
 As garotas estavam tentando me segurar enquanto eu perdia meus movimentos.

 O Aranha afastou as garotas para que pudesse me ver. 

 - Ei - Bradou - Ei ei .... O que ta fazendo? 
 Já havia sentido uma dor parecida. Sasha cuidara de mim e minha perna já estava sem a bala, mas o machucado é extremamente igual. Mas no abdomen a dor é muito pior, claro. 

 - Ei - Aranha continuava a repetir - Fica acordada. 
 - Não é.... - Uma ardência enorme fazia com que minha voz falhasse - .. Não é nada que eu não possa aguentar. 

 - Cala a boca! 

 Pude ouvir sirenes distantes se aproximando de onde estávamos, eram varias e de divergentes sons. 
 Aranha havia parado de falar, estava apenas me olhando fixamente. Não dava pra saber sua expressão, isso é estranho. 
 De repente Aranha me passou para os braços de outra pessoa que no momento estava me colocando em uma maca cheia de coisas.

 Não pude ver o que aconteceu em seguida, minha visão escureceu ao ponto de eu não conseguir ver absolutamente nada. 
 O que eu fiz.... 
 Foi heroico ou talvez, burrice. 
 Viver ou se arriscar extremamente por outras pessoas, é uma decisão difícil á ser tomada.
 Eu lutava contra o breu que havia se instalado em toda a minha visão, mas era inútil. Meu cérebro parecia pesado e de alguma forma, eu não estava mais ali. Me sentia em um mundo totalmente distante. 
 De qualquer forma, eu já tinha tomado minha decisão no momento em que entrei na frente daquelas garotas. 

Ravena (Irá mudar um pouco)Onde histórias criam vida. Descubra agora