Desenhos e fotografias

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Alexia encarava Morfeu, com as suas asas sendo balançadas pela brisa que passava por ali.

É claro que é estranho ventar ou até mesmo ter um sol para diferenciar o dia da noite ali, de baixo da terra. Mas Alexia estava um pouco... Ocupada demais vendo o homem que atormenta seus sonhos bem em sua frente.

Quem sabe aquilo fosse apenas mais um sonho? Tem tido alguns bem diferenciados depois que encontrou o livro.

Em poucos minutos, as flores não davam mais sinais por ali, haviam fugido, procurando uma presa para saciar sua fome. E Rábido branco estava parado, frente a frente com Morfeu.

– Bem a tempo, você chegou – Disse Rábido Branco, limpando o paletó.

Alexia achou aquele movimento estranho. Rábido não havia nem participado da luta enquanto ela estava cheia de terra em lugares que nem imaginava que poderia acontecer tal coisa.

– Achou mesmo que eu deixaria você sozinho com a Alice? Você já foi um grande amigo, até se unir com a vermelha.

– Não escolha minha foi! – Exclamou Rábido branco ofendido – Uma dívida, eu tenho. Com medo eu estou. País das maravilhas minha casa é, ajudar eu vou.

Morfeu suspirou e assentiu, voltando a olhar Alexia novamente.

– Já estava ficando preocupado, Lexy. – Morfeu disse de forma calma e serena. Alexia franziu o cenho dando alguns passos para trás, poucas pessoas a chamavam assim. Ela não sabia muito sobre este homem (se é que podia chama-lo assim) mas ele com certeza sabia o suficiente sobre ela. – Você demorou bastante para vir visitar seu verdadeiro lar.

Alexia se sentiu um livro aberto. As pessoas sabiam coisas sobre ela que ela mesma desconhecia. Descobriam seus segredos antes mesmo dela saber de suas existências.

– Não sei do que está falando... Minha casa está lá em cima, e eu estou apenas procurando um modo de voltar para a minha família. – Disse Alexia convicta. Quanto tempo ainda teria que passar naquele lugar? Quantos perigos teria de enfrentar?

Morfeu suspirou novamente e caminhou, ficando apenas dois dedos de distância de Alexia. Ela podia sentir o cheiro de se hálito. Era tabaco.

– Nós somos a sua família, Lexy – Disse ele sem mudar seu tom de voz.

– Não são não, eu não sou nada parecida com vocês. – Ralhou Alexia – Quem você é? Eu consigo reconhecer todos os personagens daqui, menos você!

– Não me reconhece, Alexia? – Riu Morfeu fingindo estar ofendido – Eu sou a lagarta. – Diz ele se afastando ainda com seus olhos fixados nela e um sorriso travesso. Chegou perto de um cogumelo e de lá tirou um narguilé. Pegou uma das mangueiras e levou até a sua boca, jogando contra o rosto de Alexia uma intensa baforada.

Alexia leva a mão a frente de seu rosto, abanando e afastando a fumaça, tossindo.

– Você não me convenceu – Disse Alexia entre as tossidas – Se você e a lagarta, por que não se parece com uma?

– Uma lagarta se torna no que, Alexia? – Disse ele de uma forma mais impaciente.

Alexia raciocinou um pouco. Viravam borboletas, é claro. Mas Morfeu não se parecia com uma borboleta.

– Vamos dizer que o nosso processo de transformação é um tanto... diferente. E você é uma de nós, Alexia – Diz ele se aproximando dela novamente e pegando seu braço, mostrando-lhe sua marca em seu punho.

Era uma marca diferente. Sua mãe sempre desconversava quando Alexia perguntava sobre ela. Sempre dizia que era de nascença. Sua mãe também tinha. E sua avó também.

Alice in My VeinsOnde histórias criam vida. Descubra agora