6 - Recomeçando a Viver

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Era noite. Jullian tinha acabado de tomar banho e deitou na cama quando Brianna chegou em casa, com um sorriso enorme no rosto. Eles estavam morando em uma pequena casinha em Paris, mas ele queria dar uma casa melhor a sua amada.
Começou a trabalhar como garçon em um restaurante perto de casa, enquanto Brianna procurava por um emprego digno. Depois de tudo o que sofrera, ela não podia querer trabalhar como faxineira.
- Meu amor? Você voltou? - Disse Anna, a voz rouca.
- Sim, amor. Vou só tomar um banho e depois faço um jantar pra nós dois.
- OK, Jullian.

Tomou um banho quente para espantar o vento gelado que vinha de fora. Depois, vestiu seu moletom surrado preferido e foi para a cozinha, fazer um dos novos pratos que aprendeu. Coq-Au-Vin.
Arrumou os pratos na mesa, colocou um bom vinho para os dois e, quando Anna chegou, quase não acreditou que era ela. Parecia uma verdadeira francesa!
- Uau! Você está linda, Anna!
- Obrigada, Jullian! - Foi até ele e o beijou.

Jantaram calmamente e, de noite, quando se acomodaram na cama macia que Jullian conseguira, Anna o olhou, intrigada com algo.

- Meu amor, qual é a sua história?
- Como assim, Anna?
- Me conta sua história. Por favor.
- Ta bem, eu conto. Nasci em uma cidade bem longe daqui, com uma família estranha. Meu irmão que você já conheceu, era o queridinho de todos e eu sempre me senti excluído. Quem me dera ser como ele! Minha mãe, que sempre foi calma e amorosa, cuidava de nós dois muito bem, mas eu nunca me senti bem naquele lugar. Comecei a sofrer bullying na escola aos seis anos de idade, porque minhas orelhas eram grandes. Consegui fazer uma cirurgia, mas os apelidos só cessaram alguns anos depois. Mas de nada adiantou, já que há pouco tempo fui chamado de nerd, solitário, gay e bambi. Eu sei o que sou, mas isso me deixou mal e me fez fugir de casa, como você sabe. Meu irmão quase morreu em um acidente e eu só descobri que ele estava vivo naquele dia que fomos até a cachoeira. Meu pai praticamente se matou ao saber da morte de meu irmão, e eu vivia com minha mãe, mas ela nunca falava comigo direito, por causa do trabalho... Mas isso acabou. Agora vamos ser felizes, eu e você.
- Uau... Sua história parece bem triste...
- Me conte a sua também.
- Ta bem. Eu era criança quando meus pais biológicos me abandonaram em um orfanato. Passei fome, frio, e nunca ninguém quis falar comigo. Sempre quis conhecer o mundo, com esperança de achar alguém que me entenda. Morei com meus pais adotivos durante 10 anos, e fui muito feliz com eles. Nunca tive irmãos, apesar de sempre querer um, e meu maior sonho era conhecer minha mãe... Tenho uma doença rara, que me faz perder o ar em momentos delicados. Posso morrer a qualquer momento, ou só desmaiar. Por isso tento ser insensível com todo mundo... E agora estou aqui com você. E espero ficar por aqui durante muitos, muitos anos.

Dito isso, Jullian se deitou em sua cama, abraçou Brianna e eles caíram em um sono profundo. E, enfim, puderam dormir em paz.

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