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Love's a fragile little flame, it could burn out


Os dias pareciam se arrastar conforme Jack esperava por uma visita de Harry. Sua vida se tornara ajudar Janine com poções e aprender um pouco sobre feitiçaria. Também caçava sempre que possível, tentando levar carne de animais para que elas comessem, mas Janine insistia nos vegetais. Já passara mais de dois meses desde a última visita de Harry, onde ele havia levado algumas roupas para Jack. A saudade estava grande ao ponto de sentir que iria adoecer a qualquer momento.

Era outra noite levemente fria. Jack estava caçando na floresta, procurando por algum animal de pequeno porte, como um coelho ou um esquilo, quando ouviu, pelo barulho das folhas, que alguém se aproximava. Não houve nem tempo para sentir medo, pois ela sabia. Havia sentido sua presença desde que ele entrara na floresta.

– Harry. – Jack murmurou, sabendo que ele estava ouvindo – Demorou para voltar.

– Está acontecendo tanta coisa no Reino, Jack. – Harry suspirou, sua voz ficando mais próxima da garota – A cada dia que passa, minha vontade de largar tudo e vir até você é cada vez maior.

– E por que não vem?

A garota se virou para encará-lo, já sabendo que o veria com a camiseta branca e toda aquela pose informal que tirava seu fôlego. Abaixou o arco e flecha, guardando-os logo em seguida. Não iria caçar naquela noite. Não, se Harry estava ali, passaria cada segundo de seu tempo apreciando cada movimento dele, cada palavra falada, cada respiração dada.

Em sua cabeça, chegava a ser ridículo o modo como precisava dele, graças à ligação que possuíam.

– Não quero falar disso agora. – ele respondeu, se aproximando ainda mais da garota, que usava um leve vestido azul, que ia até a ponta de seus pés e chegava na metade de seus cotovelos – Preciso aproveitar o tempo que tenho com você.

Harry a abraçou, sentindo cada músculo de seu corpo relaxar. O tempo que passava longe dela era a pior das torturas.

Jack deixou que os braços fortes de Harry tomassem lugar ao seu redor, sentindo o coração que batia em seu peito bater no mesmo compasso do dele. Eles estavam em perfeita sincronia, como as engrenagens de um relógio.

– Está com fome? – ele perguntou, ainda envolvendo-a.

– Não. Estou bem.

Eles se afastaram o bastante para olharem um para o outro. Nada parecia fazer sentido. A vida do Príncipe estava de cabeça para baixo e apenas Jack lhe trazia paz.

– Eu não sabia que seria assim. – admitiu ele, em um sussurro.

– Assim como?

– Não sabia que ficaria tão dependente de você.

As bochechas de Jack ganharam um tom avermelhado.

– Por que me salvou? Por que não me deixou morrer? Eu seria só mais uma, não é mesmo? Quantos já não morreram naquele mesmo lugar onde eu deveria ter encontrado a morte? Por que eu sou diferente, Harry?

Só de pensar que Jack poderia estar morta, o coração de Harry parou de bater. Seus músculos ficaram mais rígidos e tensos. Não, ela não estava morta. Fechou os olhos, tentando relaxar. Estava tudo bem, Jack estava bem ali, em seus braços.

– O que é certo, é certo. – respondeu simplesmente, dando de ombros.

Jack se afastou dele, balançando a cabeça.

– Isso não faz sentido. Você nem me conhecia. Eu poderia ser uma qualquer. E mesmo assim você me deu um pedaço da sua vida. Entende como isso é absurdo? – Jack queria gritar sua frustração. Sem pensar duas vezes, balançou a cabeça, preparando para abandonar Harry na Floresta, mesmo que aquilo significasse deixar um pedaço de si para trás – Não quero mais ver você, Harry. Não enquanto não estiver disposto a me dizer a verdade. Eu mereço saber.

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