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They take their shots, we're bulletproof

And you know for me, it's always you

And I know for you, it's always me


Eles haviam conseguido. O Rei estava morto e agora Cleverland precisava de uma nova rainha, já que a Rainha havia morrido durante a batalha e a Princesa fora encontrada morta assim que o primeiro rebelde entrou em seu quarto. A garota havia cometido suicídio, enforcando-se.

O Príncipe fora o único que sobrara. Ainda estava preso na cela, onde fora encontrado, logo depois de Jack matar o Rei. Estava altamente ferido e uma das moças que ajudaram na batalha foi com Jack para curá-lo com ervas medicinais.

– Mate-o, Jack. – Evan sugeriu. Estavam todos na sala do trono, onde era o antigo escritório do Rei.

– Concordo com Evan. – James se pronunciou – Mate-o amanhã, durante sua coroação. Será como se acabássemos de vez com a antiga família real e você seria coroada logo depois. É a metáfora perfeita.

– Ele está todo machucado, de qualquer jeito. – Alex concordou com os outros dois – Não vai durar muito. Matá-lo é um favor que você faz.

– Não posso matá-lo. Seria como me tornar o antigo Rei. Aquele desgraçado tentou me matar em praça pública, assim como querem que eu faça com Harry. Não quero ser como ele.

– As circunstâncias são diferentes. Antes o Rei te matou porque você roubou do Palácio. Agora você matará o antigo Príncipe para mostrar que a fase de "antes" acabou.

Jack tinha que concordar que era uma boa metáfora. Uma metáfora que não pretendia usar. Não importa o que eles dissessem, não mataria Harry.

– O que foi, Jack? – Alex perguntou, franzindo o cenho – Por que não quer matá-lo? Há algum motivo que não está nos contando?

A garota congelou. Eles não podiam descobrir.

– Não. Eu só não quero me tornar no antigo Rei. Muitas pessoas morreram ontem. Não acho que seria certo matar outra pessoa. Ainda mais um ferido.

– Não é outra pessoa. É o filho do Rei. Do Rei que te condenou à morte.

No momento que aquilo foi dito, todos da Corte encararam a futura Rainha. Jack percebeu que não tinha escolha. Se continuasse com aquilo, levantaria suspeitas – mais do que já estava levantando.

– Tudo bem, se vocês insistem tanto. Eu vou ordenar a morte do Príncipe amanhã, antes da minha coroação. Estão felizes?

A Corte pareceu relaxar.

– Espero que você não decepcione ninguém, Jack. – um dos membros da Corte, o responsável pela morte da antiga Rainha, disse.

– Pode ter certeza que não vou.

E Jack realmente não iria decepcionar a pessoa com quem realmente se importava.

Assim que a noite caiu, Jack pegou sua espada e arco e flecha e saiu de seus aposentos, calmamente. Se alguém a questionasse, ela diria que iria caçar na Floresta. Quando se aproximou do calabouço, empunhou a espada e ficou mais alerta. A noite a encobria enquanto ela chegava perto dos presos, onde um novo guarda tomava de conta. Jack percebeu que o homem dormia e, com pesar no coração, cravou a espada em seu peito, matando o homem silenciosamente. Era um mal necessário, pois se ele acordasse, Jack seria pega.

Andou rapidamente até onde Harry estava, um sorriso aparecendo em seu rosto ao ver as feridas de seu corpo já estarem com melhor aparência. Harry dormia, encostado em uma das paredes. Ainda usava a calça do antigo terno e seu tronco estava coberto com faixas, onde as ervas haviam sido aplicadas.

Abriu a cela e entrou, sem fazer barulho.

– Harry. – Jack o acordou, acariciando seu rosto.

– Jack? – Harry abriu os olhos, piscando várias vezes – Pensei que você me mandaria pra fogueira.

– Como pode pensar algo assim de mim, meu amor? Jamais faria isso com você.

Jack pegou o rosto de Harry nas mãos, obrigando-o a olhar para ela.

– Harry, quero que escute... Não importa o que aconteça, eu só me importo com você. Não me importo com rebelião, com tudo isso que aconteceu ontem. Só você. Você salvou minha vida, Harry. Eu já estava morta antes de você me salvar. Vivia sem objetivo, infeliz, pensando em quais eram meus motivos para viver. Então o Rei me prendeu e imaginei que, finalmente, teria um fim rápido, com uma boa desculpa. E você me salvou disso. Você não me salvou só da morte; você me salvou de mim mesma. E eu te amo. Amo como nunca amei ninguém.

Harry puxou o rosto de Jack para um beijo, sentindo cada parte de seu corpo se curar. Não sentia mais dor e tudo que importava era Jack. Beijou-a com tudo de si, mostrando que o sentimento dela era refletido nele também. Mesmo assim, precisava dizer as palavras.

– Eu te amo, Jack.

– Vamos sair daqui. Nós combinamos de fugir, não foi?

– Você será Rainha amanhã. Se fugir comigo, terá uma vida difícil, não posso mais garantir que seremos felizes. Não posso garantir nada, nem que viveremos. Se ficar, terá tudo que quiser. As pessoas se curvarão para você. Será amada por todos e poderá fazer de Cleverland o lugar que sempre sonhou em morar. Terá a vida perfeita.

– Minha vida será perfeita se eu estiver com você, Harry.

Então Harry sorriu.

– Você se sacrificou por mim. As marcas estão por todo seu corpo. Eu faria o mesmo por você, quantas vezes fosse preciso.

E, mais uma vez, trocaram um beijo apaixonado. O amor os envolvia de um jeito que nunca haviam sentido e sabiam que estava muito além de qualquer ligação de alma que eles tinham. Era amor, e puramente amor.

– Se vocês continuarem a enrolar, serão pegos.

Os dois se separaram na mesma hora, assustados com a voz. Então viram Janine parada na porta da cela, fitando-os com um brilho no olhar e ambos correram para abraçá-la.

– Eu pensei que eles tivessem matado você, Jan! – Jack contou, lembrando-se da cena terrível na Floresta.

– Eles não podem matar a Bruxa da Floresta, querida. Vocês se sacrificaram muito um pelo outro. Fujam agora, enquanto ainda é tempo.

– E quanto a você? – Harry perguntou, ainda abraçado a mulher que era sua verdadeira mãe.

– Meu tempo neste plano já está no fim. Corram para a Floresta. Vão encontrar o caminho por onde devem seguir assim que chegarem lá. Saberão que fui eu. Apenas corram.

Os dois assentiram, cada um dando um beijo nas bochechas finas de Janine. Depois, correram de mãos dadas para fora do calabouço, Harry levando a espada e Jack com o arco. Incrivelmente, não encontraram nenhuma barreira para sair do Palácio, pois todos os soldados estavam adormecidos. Imaginaram que fosse obra de Janine e sorriram com isso. A Bruxa havia sido a responsável por tudo aquilo e pela felicidade deles.

Assim que adentraram a Floresta, encontraram uma linda raposa, parada ao lado de uma trilha. A Floresta parecia mais fechada do que nunca. Quando se aproximaram do animal, a raposa correu alguns metros, parando para encará-los, como se esperasse que eles a seguissem.

Os dois foram, guiados pela Raposa. Perderam-se pela Floresta assim como haviam se perdido um no outro: sem medo, sem arrependimentos e totalmente envolvidos pelo amor.


I Know Places [Projeto 1989]Onde histórias criam vida. Descubra agora