Let them say what they want, we won't hear it
Harry e Jack tinham um grande problema em se separar, então o Príncipe tentava visitá-la sempre que possível. Não era apenas a ligação que os mantinha conectados, mas o amor e carinho que haviam desenvolvido um pelo outro.
Mesmo assim, Harry não podia ir para a Floresta todas as noites. Primeiro porque estava muito cansado e segundo por causa da rebelião. Oh, maldita rebelião!
Depois da suposta morte de Jack, as classes média e baixa haviam se rebelado contra o Reino. Eles pediam justiça e corriam pela parte rica de Cleverland, espalhando o caos e exigindo melhoras. Harry e seu pai já haviam tentado tomar medidas para diminuir a crise, como abaixar o preço dos impostos, mas fica cada vez mais difícil.
Em uma das noites, Harry estava se preparando para ir ver Jack na floresta, mais ou menos quatro meses após tudo ter começado. Seu vigésimo primeiro aniversário era em poucos dias e o Rei acreditava que, nessa idade, Harry já deveria se preparar para assumir o cargo que lhe era digno por direito a qualquer momento.
O Rei entrou em seu quarto sem bater, como era de costume. Harry havia aprendido a tomar cuidado com o que dizia e com os guardas que permitiam sua saída. A qualquer momento poderia ser denunciado e então perguntas seriam feitas; perguntas cujas respostas ele simplesmente não podia dar.
– Filho, seu aniversário é no fim do mês. Já sabe quem vai desposar?
Ao ouvir aquilo, Harry sentiu náuseas.
– O quê?!
– Casar, Harry. Você precisa se casar. Não pode assumir o trono solteiro.
– Mas não vou assumir com 21. Só vou assumir depois que o senhor falecer, e tenho certeza de que demorará alguns anos para isso. Até lá terei tido tempo de conhecer uma moca digna de ser rainha e minha esposa.
Harry tentou usar as palavras ao seu favor e assegurar ao pai que se casaria assim que encontrasse a moça certa, mas o Rei não quis ouvir nada disso.
– Quero que se case, Harry. No pôr do sol de seu aniversário de 21 anos irá se casar.
– Mas, pai...
– Sem mas! E se você não escolher, eu escolherei a moça que me pareça mais adequada. – o Rei finalizou, saindo do quarto, mostrando para Harry que não queria ouvir mais nada – Espero que não me decepcione, filho.
O velho bateu a porta, deixando Harry sozinho com seus pensamentos. Já fazia uma semana que não se encontrava com Jack e precisava vê-la. Esperou um tempo antes de sair, andando pelo caminho já conhecido até a Floresta.
Por causa da rebelião, era perigosíssimo sair depois que ficava escuro. O toque de recolher de Cleverland já havia sido há muitas horas, mas lá estava o Príncipe; desobedecendo a uma das mais importantes regras do Reino.
Encontrou Jack cozinhando para Janine, que não estava se sentindo bem. Contou para as duas o último episódio com o Rei, ainda não falando da rebelião. Não queria preocupar a mãe e mulher que amava, mas precisava desabafar. Jack ficou decepcionada ao ouvir sobre a conversa de Harry com o Rei, mas ele lhe assegurou que Jack era a única com quem queria se casar e que daria um jeito de trapacear.
Depois que fizeram amor naquela noite, Harry se despediu de Jack e voltou para o Palácio, como sempre fazia.
Porém, dessa vez, havia alguém observando-o o tempo todo.
O dia amanheceu e Jack foi colher algumas frutas frescas para Janine. A mulher estava de cama, sentindo certa indisposição, devido à sua idade avançada. Jack tinha a intenção de preparar algo para as duas comerem, mas algo não estava certo na Floresta.
Jack deu passos cuidadosos, sentindo a presença de mais alguém por ali. Uma raposa pulou de detrás dos arbustos, mas a garota não relaxou. Sabia que aquele som não era o som de passos animais e sim humanos. A raposa correu para longe de Jack, se afastando mais e mais do barulho que havia ouvido.
Tirou o arco e a flecha que levava sempre que ia caçar. Também havia uma faca presa em uma corda em seu vestido, caso fosse necessário. Ela não queria matar ninguém, mas qualquer um que a visse precisava morrer. Jack não podia correr o risco de ser encontrada.
Posicionou uma flecha no arco, mirando-a no lugar onde ouvia os barulhos. Seus ouvidos haviam ficado mais sensíveis após sua morte e conseguia captar barulhos que ouvidos humanos normais não conseguiam.
Esperou.
Segundos depois, a figura de Alex pulou em sua frente, fazendo com que Jack quase soltasse a flecha, mas parasse a tempo.
– Que inferno, Alex! – ela gritou, frustrada – Eu poderia ter te matado!
O amigo parecia em choque, se conseguir pronunciar uma única palavra. Ela pensou que ele fosse desmaiar ou alguma coisa assim, mas ele apenas continuou estático.
– Eu sei que pode parecer estranho, mas eu não morri. Foi um truque de feitiçaria que a Bruxa da Floresta fez. Graças aos poderes dela estou viva.
– Como isso é possível?
– Honestamente? Nem eu sei. Mas não precisa ficar com medo. Ainda sou eu, a mesma Jack.
A garota lançou um sorriso reconfortante para o amigo, querendo que ele visse que, realmente, não havia perigo. Tomou o cuidado de manter Harry de fora da conversa, para que ele não tivesse problemas mais tarde.
Quando Alex finalmente confiou nela, eles se abraçaram por um longo tempo. Jack não o levou para a casa onde ficava, por questão de segurança. Seu segredo precisava ficar extremamente guardado. Alex contou que seguira o Príncipe na noite anterior, mas se perdera no caminho. Ele pretendia matá-lo. Foi aí que Jack finalmente ficou sabendo.
Estava acontecendo uma rebelião.
Alex contou que as classes mais baixas haviam se revoltado contra o Rei e exigiam justiça. Estavam tentando tirar a família real do poder, mas essa era uma longa jornada. Já haviam invadido o Palácio três vezes, roubando alguns documentos importantes com informações que nunca haviam sido reveladas para o povo, mas que eles dariam um jeito. Ele pediu que Jack voltasse com ele, mas ela explicou que não podia. Ainda precisava continuar "morta" por um tempo. Só então, depois, voltaria.
Quando Alex foi embora, Jack logo sentiu a sensação de ser traída. Harry não havia lhe contado sobre a invasão no Palácio, tampouco sobre a rebelião. Começou a perceber que tudo que sabia, não havia sido por Harry e sim por terceiros.
Começou a questionar o quanto Harry lhe falava a verdade.
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I Know Places [Projeto 1989]
FantasyPríncipe de Cleverland nunca concordou com o modo do Rei de administrar o Reino. Quando é obrigado a matar Jack, uma garota com a sua idade, porque esta roubou comida no Palácio, percebe que não pode obedecer o pai. Ele consegue salvá-la, mas com um...