- O que foi que você disse? - Eu expirei, não acreditando no tamanho da sua cara de pau.
- Bom, acho que eu disse o meu nome - Polo me encarou, como se toda aquela situação fosse a coisa mais comum do mundo. O que, é lógico, só era ele se fazendo de doido para sobreviver.
- Não seja babaca! - eu gritei, chamando a atenção de metade dos engravatados que andavam a passos largos ao nosso redor - O que está fazendo aqui? Agora você virou um maldito stalker?! A gente acabou! Quer que eu soletre ou desenhe para você?!
- Stalker? - ele suspirou, elevando as suas sobrancelhas em dois arcos perfeitos - Você está falando sério? Porra...
Na mesma hora, eu senti as mãos delicadas de Cecília afagarem os meus ombros - um gesto apaziguador que ela tinha herdado totalmente do nosso pai. Eu sabia que ela odiava chamar a atenção em público, ainda mais no meio de uma rua lotada do Centro, e isto acabou me lembrando muito bem do vídeo que ela protagonizou contra a sua vontade no meio do ano e que se espalhou pela internet. Eu tinha que me controlar - por ela - para não fazer um escândalo naquele momento, mas estava difícil.
Muito, muito difícil.
Olhar para o Polo, todo grande e parado na minha frente daquele jeito despreocupado que só o idiota tinha, tinha mexido comigo de um jeito que eu não queria pensar. Eu não estava preparada para um confronto. Sentia que não estava forte o suficiente para toda aquela avalanche de sentimentos que ameaçavam desabar sobre mim a qualquer instante. Ao mesmo tempo que desejava puxar aqueles cabelos bagunçados e jogar a sua cabeça em direção a um poste, uma parte de mim queriar simplesmente pular em seu colo e... Beijá-lo. O que é horrível! Eu não sou este tipo de pessoa, que só de ver um cara se derrete toda. Me recusava a ser assim. Tenho certeza que poderia ser mais inteligente do que isto.
- Nós precisamos conversar, Luana - ele me respondeu, seus olhos dourados me seguindo com sobriedade - Naquele dia, você não me deu nem uma chance de explicar.
- Bom, acho que uma imagem vale mais do que mil palavras! - eu retruquei, pois sabia muito bem por que tinha fugido do clube sem deixar ele falar nada. Eu queria que houvesse uma explicação. Desesperadamente. Assim que o Polo me falasse (ou melhor, inventasse) todo um motivo plausível para a cena em que o flagrei, eu acabaria acreditando - igual a uma tola. E voltaria para ele. E tentaria esquecer o que tinha acontecido, passando uma borracha em tudo. Mas... Não. Eu já vi este filme antes, milhares e milhares de vezes. Não comigo, mas com outras meninas. Eu era aquela que falava ''não repita o mesmo erro duas vezes''. E eu sabia que escutar o Polo seria um erro gigantesco.
- Olha, eu não quero me meter em qualquer coisa que esteja acontecendo aqui... Mas por que não vamos para um lugar mais calmo para conversar? Em particular?
Na mesma hora que Cissa sugeriu esta ideia absurda, eu me virei para ela - totalmente estarrecida.
Até tu, Brutus?!
- Eu acho esta uma ótima ideia - Polo emendou, pegando suas malas do chão.
- Não, é uma ideia rídicula! - eu esbaforei, o mais baixo que podia, olhando de um para outro.
- Meu Deus! - ele exclamou, bastante exasperado - Por que você sempre é tão cabeça dura?
- Não sei... Por que você é tão canalha?!
Na mesma hora, Polo congelou no lugar. Sim, eu tinha consciência que aquela era uma palavra extremamente cruel - que nunca pensei que um dia iria usar para descrever ele. Mas não tinha como recolher o que tinha acabado de falar. E nem me arrependia.
- Vou fingir que não escutei isto...
- Claro, a verdade dói.
Prevendo a tempestade que se formava sobre a minha cabeça, Cecília se colocou entre nós dois - estabelecendo uma distância segura entre a minha mão e o rosto do engraçadinho a minha frente.
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Reboot
ChickLitPLÁGIO É CRIME. Novela Independente originada de "Replay: Os Opostos Não se Atraem... Se colidem" (versão estendida), a venda na Amazon. (Não é necessário ler Replay para ler a nova história). Diferente de sua irmã mais nova, a doce e inteligente Ce...