Capítulo 29 -"Dizem que o ano começa para você no dia do seu aniversário".

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01 de Novembro de 2012



Por Marjorie



— Marjorie!

— Ai que susto, Thiago, não te ensinar que tem que bater à porta antes de entrar, não?

— Acho que não, desculpa. – o ouço dizer em tom brincalhão e retruco séria

— Mas deveriam. É uma regra básica de convivência – encaro-o por uns instantes e logo volto ao que estava fazendo, vasculho as minhas pastas em busca dos textos, que eu havia passado a noite estudando por não conseguir pregar olho.

— Oh, posso saber o que tanto você procura?

— Os textos de hoje – digo sem encará-lo. — Eu não consigo achar, não posso ter esquecido isso em casa. Não esse...

— Calma, se é só isso, eu posso te emprestar os meus blocos de texto para dar uma lida, quer?

— Não! Não, obrigada, mas acho que não vai ajudar muito não, Thiago.

— Porque não? A cena que você precisa não é a que vamos gravar agora?

— É Thiago! É sim, você quer fazer o favor de me deixar sozinha?

— Nossa qual é o teu problema, Marjorie, só quis ajudar, não tenho culpa se você dormiu mal à noite – há tem! Tem sim, era a minha vontade de gritar quando ele sai porta, fora, chateado. Não era a minha intensão discutir, mas eu estava confusa com tudo que estava acontecendo comigo. A minha cabeça ficou dando voltas e mais voltas, perdi as contas de quantas vezes revivi aqueles momentos. As lembranças ainda vivem em mim e por mais que eu goste dele e como eu gosto. Gosto tanto, que chega a doer, eu não me vejo sendo o pivô, a causa de uma separação, tão pouco, sendo a outra na vida dele. Não aceitaria isso. Agora como resolver esse impasse? Não posso mais pensar nisso. Não quero mais pensar nisso porque se eu pensar; enlouqueço!

Eu tinha uma cena difícil para gravar agora e é nela que eu preciso me concentrar. Então o faço aguardando o sinal para entrar no estúdio e começar a gravar


~*~


— O.K. Marjorie está bom – estava demorando o Dennis interromper, sabia que ele faria isso, recomendando — Você pode impor mais a sua voz, isso é uma briga.

— Ah sério, Dennis? – reviro os olhos, impaciente. — Eu não tinha me dado conta disso ainda, obrigada. – ironizo.

— Você não leu os textos – devolve no mesmo tom. O Thiago que assistia a tudo calado me encara com uma expressão de quem diz "Eu quis a ajudar, você não quis, paciência".

— Li – respondo já imaginando o que ele provavelmente me pediria

— Cadê eles? Dá mais uma lida.

— Eu esqueci... Esqueci em casa. – tive vontade de sumir, se olhasse para o Thiago agora, com certeza ele estaria se divertindo com a minha situação.

— E o Thiago serve para que? Vocês dois não se comunicam mais? – depois dessa fala do Dennis, então, mais ainda. Sou obrigada a encará-lo, não acreditando que teria que pedir para passar os textos. Faço menção em pedi-los, mas ele é gentil e me entrega-os, sem que eu diga uma só palavra. Gostava disso nele. A capacidade e a sensibilidade que ele tinha em me entender apenas com um olhar.

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