Quando Harry viu o seu filho aproximar-se com Draco e Scorpius Malfoy, foi inevitável questionar-se acerca dos motivos disso. Afinal, apesar de ele e Malfoy terem chegado a uma espécie de frágil entendimento no final da guerra, nunca mais tinham falado um com o outro. Harry trabalhava agora no Ministério da Magia, como chefe do departamento dos aurores, enquanto que Draco se tinha tornado um conceituado medibruxo, dedicando-se principalmente à pesquisa para a cura de doenças desconhecidas. Assim, não surgiam muitas oportunidades de ambos se cruzarem.
Neste momento, na mente de Harry fervilhavam várias ideias de resposta à pergunta que o inquietava: por que é que o seu filho vinha acompanhado dos Malfoy?
- Pai, este é o Scorpius, conheci-o na livraria quando estava à procura de um livro – contou Alvo entusiasmado. – Nós comprámos o livro e vamos lê-lo no comboio, com a Rose!
- Prazer, Scorpius – disse Harry, tentando ser o mais cordial possível e ficando feliz por Alvo já ter feito um amigo. Harry e Draco trocaram olhares, Harry sem saber muito bem o que pensar daquela situação e Draco tentando transmitir pelo olhar o grande arrependimento que nunca tinha conseguido traduzir em palavras, ou por falta de coragem ou por falta de oportunidade, nem ele sabia bem.
- Malfoy – cumprimentou Harry.
- Harry – cumprimentou Draco de volta, evitando o uso do sobrenome para quebrar um pouco do gelo. O pedido implícito de tréguas foi perfeitamente entendido por Harry, que propôs a Draco irem tomar uma cerveja amanteigada e que Scorpius e Alvo fossem comprar as suas vestes sozinhos, o que eles aceitaram prontamente, considerando uma ótima oportunidade de se conhecerem melhor e de poderem falar sobre os seus assuntos á vontade, sem nenhum adulto para interferir.
Harry e Draco dirigiram-se ao bar Três Vassouras. Os clientes do bar olhavam aquela cena com incredulidade, uma vez que não era todos os dias que um Potter e um Malfoy estavam juntos sem discussões. Harry aproximou-se do balcão e pediu duas cervejas amanteigadas, enquanto Draco escolhia uma mesa isolada para que pudessem conversar à vontade, sem serem ouvidos por mais ninguém. Afinal, Draco ainda era um Malfoy, sendo muito difícil para ele expor os seus sentimentos. Já lhe bastava ter de dizer tudo a Harry, não precisava que perfeitos desconhecidos o ouvissem despejar o que lhe ia na alma e que estava guardado há tanto tempo.
Quando os pedidos de Harry lhe foram entregues, este dirigiu-se à mesa, entregando uma das cervejas a Draco e sentando-se em frente a ele. Por um momento, ambos ficaram calados a olhar um para o outro, sem saber muito bem como começar a conversa que definiria a sua relação pelo resto das suas vidas. Finalmente, Draco decidiu quebrar o silêncio.
- Potter, eu...
- Pensei que já tínhamos passado essas formalidades, não foste tu que me chamaste de Harry? – perguntou Harry, esforçando-se por tornar as coisas mais fáceis para Malfoy, que sorriu agradecido.
- Obrigado, Harry, só quero que saibas que me arrependo de tudo o que fiz. Eu fazia tudo o que fazia para agradar o meu pai, quando fazia algo que o agradava ele dizia que estava orgulhoso de mim, e essa frase era o que me motivava a querer ser como ele. No primeiro ano, falei com os meus pais sobre ti, o Weasley e a Granger, disse só que vocês andavam sempre juntos. O meu pai disse que vocês eram a escória do mundo bruo, que eu devia andar o mais afastado possível de vocês, só me devia aproximar para tornar as vossas vidas um inferno. Foi o que eu fiz, e cada vez que contava ao meu pai algo que vos fazia, ele dizia que estava orgulhoso de mim, que eu estava a tornar-me um filho perfeito. Com esta guerra, com a morte dele e da minha mãe e, principalmente, como o meu casamento e o nascimento do Scorpius, eu percebi o que realmente importava. Quero ser um bom marido e um bom pai, quero ser o melhor pai do mundo para o meu filho, não quero que ele tenha medo de mim e, sobretudo, quero que ele saiba que eu estou orgulhoso dele por aquilo que ele é e não por aquilo que ele quer que eu faça. Eu não quero que ele seja uma cópia de mim, quero que ele seja o que ele quiser ser, que tenha total liberdade para traçar o seu próprio caminho.
Draco terminou o seu discurso, sentindo como se um grande peso tivesse sido finalmente tirado dos seus ombros, pois há anos que ansiava por ter uma conversa franca e sincera com Harry. Este, por sua vez, ouvia tudo atentamente, sem interromper o loiro uma única vez. Com este discurso emocionado de Draco, Harry percebeu que o seu antigo inimigo de escola estava muito diferente. Afinal, todos temos luz e trevas dentro de nós e nunca é demasiado tarde para escolher o caminho da luz.
- Amigos? – perguntou Harry, estendendo a mão a Draco, que a apertou sem hesitar.
- Amigos – confirmou Draco, emocionado. A bondade de Harry era um dos muitos motivos pelos quais Draco notria uma grande admiração por ele. – O teu amigo Weasel é que não vai gostar disto – acrescentou, com o seu sarcasmo de sempre.
- É Weasley, Malfoy – disse Harry, sorrindo. - E sim, concordo, o Ron vai demorar mais um pouco, mas vais ver que o convences.
Harry e Draco acabaram as suas cervejas, conversando sobre os mais diversos assuntos, principalmente quadribol, desporto que apaixonava ambos desde que eram crianças. Ficou combinado que no dia seguinte, que era sábado, Draco iria almoçar a casa de Harry, com Scorpius e a sua mulher, Astoria. Ron e Hermione iriam também, pois Harry queria criar uma oportunidade para os seus melhores amigos poderem ouvir as explicações de Draco. Algo lhe dizia que Alvo, Scorpius e Rose iriam ser grandes amigos em Hogwarts, e Harry não queria que Ron passasse o seu preconceito contra os Malfoy para a filha, podendo impedir a formação de laços de amizade entre ela e Scorpius.
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Alvo Potter e o retorno das trevas
FanfikceAlvo Potter vai para o seu primeiro ano em Hogwarts. Secretamente, sonha em viver uma aventura, tal como as que os seus pais e tios tantas vezes contam. Em Hogwarts, não só se depara com inúmeras aventuras e perigos, como conhece pessoas que poderão...