O Início

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Catherine Cosmos


Era uma noite calma, todos estavam contentes e nada se passava, em concreto, de grandes problemas, mas não parecia bater certo, tudo parecia estar desequilibrado, a minha mãe andava estranha há semanas e eu não conseguia descobrir a sua razão para tal emoções e atitudes para comigo.

"Mãe, posso falar contigo?"

"Claro! O que se passa?"

"Ultimamente andas muito estranha, não sei o que se passa e nem me pretendes contar, mas eu irei descobrir e antes de começar a investigar, vou-te perguntar uma última vez: Passa-se alguma coisa que eu deva saber?"

A minha mãe não falou, ela limitou-se a esconder-se por entre a dúvida e a certeza da sua resposta, o silêncio domina o local onde nos tínhamos instalado e eu já não sabia o que dizer mais naquele momento. Limitei-me a dar meia volta, suspirar bem fundo e desaparecer para o meu quarto.

Mais tarde, eram umas 23:00h/m da noite e o silêncio parecia mais profundo do que o habitual, decidi ligar um bocado o computador e ir espreitar as redes sociais, inclusive o Twitter.

"Olá Cat. Lembras-te de mim?"

Que estranho, um rapaz chamado 'Senhor Solitário' mandou uma "dm" (mensagem directa) no Twitter.

"Olá! Desconheço a tua pessoa, podes dizer-me quem és?"

"Fomos amigos de infância e estudámos juntos na mesma escola no Ensino Básico. Sou o Roberto!"

Roberto o Croimo? Nunca iria relembrar-me dele se não dissesse o seu nome, ele era o cromo mais cromo da minha turma e era um dos meus melhores amigos na altura, desde que ele mudou de cidade, o nosso contacto desapareceu desde então e nunca mais soube da sua pessoa, se estava viva, ou se se tinha transformado num zombie.

"Sim, já me recordo. Nunca mais soube ti miúdo, por onde tens andado? E as aulas, como vão?"

Naquela altura tinha-mos os nossos puros 16 anos, eu iria completar os 17 mais cedo que ele.

"Tenho andado bem na escola, mas a minha mãe está a pensar regressar a TownsVille, ela sente muitas saudades da terra natal."

"E se chegares a ir para a mesma escola que eu, avisa-me!!"

"Qual é o nome da tua escola?"

"Liceu VictoriaS Ville."

"Quando tivermos em viagem, eu pergunto-lhe se posso começar a frequentar a tua escola e digo que também estás lá."

"Combinado!"

"Olha, vou sair, falamos mais tarde. Beijinhos, foi bom voltar a conversar contigo."

"Beijinhos, fica bem! Digo-te o mesmo."

Uau! Nunca mais tinha falado com ele e sinto-me bem com este pequeno momento de felicidade pura. Ele era o meu único amigo verdadeiro naquela altura e o único que se preocupava verdadeiramente comigo.

Na manhã seguinte, levantei-me eram umas 10h da manhã, estávamos num Domingo e a minha mãe chamou-me para tomar o pequeno almoço.

"Catherine, anda comer!!"

"Estou a caminho, mãe."

Por vezes os gritos dela irritam uma pessoa logo pela manhã, mas eu amo-a na mesma. Enquanto tomávamos o pequeno-almoço, decidi puxar assunto acerca do Roberto.

"Mãe, lembras-te daquele rapaz com quem eu acompanhava muito em pequena, o Roberto?"

"Ah! Sim, lembro-me sim, a mãe dele era espectacular."

"Eles vão regressar a TownsVille."

"A sério? E como sabes isso?"

"Ele ontem contactou-me numa das minhas redes sociais, ao início não sabia quem era, até ele começar a explicar quem era e a razão da sua mensagem. Disse-me que iriam voltar e que desta vez era para ficar."

"Olha que óptima notícia."

A minha mãe quando fica contente, ninguém consegue lhe arrancar o sorriso da cara, ela sempre adorou a mãe dele, sempre foram grandes amigas, até ela conseguir um melhor trabalho fora da cidade e tiveram que se mudar.

Regressei para o meu quarto e comecei a escolher a roupa para vestir, decidi vestir umas calças juntas de cintura alta super pretas, uma t-shirt não muito justa preta, mais um blusão preto para acompanhar o meu look sombrio.

"Catherine, quando virares vampira de vez, avisa-me para preparar as espetadas."

"Não são espetadas mãe e fica descansada."

"Vai tudo dar ao mesmo!!"

A minha mãe odeia quando me visto apenas de preto, só preto e mais nada. Preto!!

Nunca soube o que era vestir roupa colorida e gostar de me ver dentro dela, eu nunca me vi dentro dela como algo "bonito" e "deslumbrante" em versão ""colourmind"".

Por vezes não me acho normal, mas também ninguém me explica o contrário, portanto sou como um vazio prudente, que fica naquele sítio, sem nada, apenas um fundo escuro e preto sombrio, sem luz e cores para iluminar o espaço que nos incompleta.

"Catherina, relembra-te que tens de ir à escola ver se já saíram os papéis das reuniões."

"Vou agora mãe, estava só a calçar-me."

Calcei umas sapatilhas pretas da Seaside, porque embora sejam uma imitação das Vans, eu prefiro mil vezes estas.

"Vou há escola mãe, não esperes por mim."

"Está bem Cat, não te demores."

"Eu disse para não esperares por mim."

"Não te demores!"

A minha mãe quando repete sempre a mesma resposta, enquanto eu não afirmar com um grande 'SIM', ela repete e repete e repete e repete e repete... pronto, já perceberam!

Depois de uns grandes 25 minutos de caminho bem percorrido em direcção à escola, entrei lá dentro e já estavam afixados os papéis das reuniões do regresso às aulas. Tinha acabado de passar para o 10º ano e não sabia como iriam ser as coisas daqui para a frente nesta escola.

"Desculpe, estes papéis são deste ano, certo?"

"Sim, minha querida. Que pergunta mais tonta!"

"Oh! Desculpe. Obrigado!"

Ugh! Realmente Catherine, que pergunta foi aquela?! Estou mais nervosa que um cão bebé quando vai ao veterinário pela primeira vez.

"Catherine?!"

Alguém tinha acabado de me chamar, fiquei assustada no momento, mas depois a curiosidade aumentou e eu tive que me virar para visualizar a pessoa que me acabara de chamar, de cima a baixo. (Odeio que me façam isso, mas quando me chamam e eu não reconheço, tenho a mania de o fazer.)

"Não acredito que finalmente te vi e ainda por cima na escola."

Quando finalmente me virei, eu fiquei estupefacta... Não posso acreditar no que estou a ver agora.


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