Eram perto das 9h30 da manhã e eu ainda estava na frente do computador procurando por algum significado. Esses sonhos não poderiam ser normais. Procurei em todos os sites, mas nada me trazia a resposta. Eu já estava ficando paranóica com isso, deveria deixar pra lá, talvez pudesse ser mesmo normal. Afinal, eu tenho dezessete anos, estou em fase de crescimento ainda, sentimentos e pensamentos em uma confusão só. Deveria ser isso.
Resolvi largar de mão. Cuidaria de minha vida social, sairia mais.
A manhã passou rápido, fiz minha obrigação de filha, coloquei a casa em ordem, fiz uma faxina completa. Precisava me ocupar com coisa reais.
Era quase meio-dia quando recebi um sms no celular, era de Ellis, minha melhor amiga barra irmã de coração.
"Emma, hoje não poderei lhe dar uma carona para a aula.. Estou doente, não vou ir! Beijinhos."
~Merda! - exclamei alto. Logo hoje que estou uma pilha de nervos.
Ellis era minha amiga desde o primeiro ano do ensino fundamental, me surpreendo até hoje como nunca brigamos, sempre fomos muito unidas. Ela é alta, magra e dona de um cabelo ruivo maravilhoso, motivo de inveja para as meninas da escola. Ela mora à três quadras da minha casa e com certeza irei visitá-la depois da aula, não acredito que ela esteja mesmo doente, como por exemplo estar gripada. Aposto que essa doença tem nome e se chama Louis. Ele é namorado dela, e os dois têm brigado bastante ultimamente. Quando encontrá-lo novamente me lembrarei de dar-lhe um soco na cara por isso.
Passava do meio-dia e meus pais ainda não tinham chegado, iria almoçar sozinha. Como não tinha companhia, optei por uma torrada simples, não estava com muita fome.
Arrumei a cozinha e fui para o meu quarto me arrumar. Teria que enfrentar a escola sozinha hoje. Com tudo arrumado, uniforme vestido, desci as escadas e fui em direção à porta da frente. Tranquei a casa e me direcionei para a estrada. A escola não ficava tão longe, apenas cinco quarteirões de casa. Eu moro em Coldwater, Maine. Infelizmente nos mudamos para cá quando eu tinha quatro anos, morávamos em Atlanta e por meu pai trabalhar em uma empresa grande, eles decidiram que não precisavam tanto do meu pai lá.
Faltavam apenas dois quarteirões para chegar na escola quando senti uma pontada forte em meu estômago, senti vontade vomitar, mas me segurei, pediria no postinho algum remédio para dor quando chegasse na escola.
Atravessei a rua e vi poucas pessoas no pátio, entrei na escola de cabeça baixa, não queria ter que cumprimentar alguém, meu dia não estava sendo tão bom e eu não queria ser azeda com alguém. Fui logo no postinho e pedi algum remédio para dores no estômago, a moça que me atendeu me olhou dos pés à cabeça com um olhar duvidoso.
~Não estou grávida. - respondi seca.
~Ããã.. Não é isso. Você só está muito pálida. Não quer voltar para casa e descansar? Quer que eu ligue para seus pais? - me perguntou carinhosamente. Fiquei com pena da moça, eu tinha sido muito grosseira com ela.
~Desculpe a grosseria. Só não estou tendo um dia muito bom. Mas eu estou bem. Não precisa preocupar-se. Meus pais estão trabalhando, não quero preocupá-los também. - tentei forçar um sorriso como desculpa.
~Então tudo bem, toma. - me entregou o remédio e saiu à procura de algo que não era da minha conta.
Fui para o bebedouro mais próximo e tomei o remédio, com algumas horas ele começaria a fazer efeito. O sinal para a primeira aula bateu, o corre-corre se instalou nos corredores do colégio, achei minha sala facilmente, entrei e fui para o fundo da sala, não queria ser incomodada, talvez até tiraria um cochilo. Era aula de filosofia, o professor havia acabado de entrar na sala quando uma das alunas perguntou-lhe se falariam sobre religião, ele só assentiu.
~Ótimo, não precisava escolher tema melhor! - bufou Oliver, um garoto meio loiro, meio albino. Apenas sorri tentando mostrar que eu não me importava qual assunto seria.
~Ô professor! Você acredita em inferno e céu? Acredita que almas andam vagando por aí, entre nós? - perguntou a mesma garota do início da aula. Senti um pequeno calafrio quando escutei a pergunta. Com certeza não seria legal saber que existem espíritos vagando entre nós.
~Acredito. E acredito também que eles estão nessa sala, escutando essa nossa conversa. E você Emma, acredita em anjos e demônios? - estava absorta em meus pensamentos quando o professor me fez a pergunta. Eu não sabia o que responder. Não acreditava muito nessas coisas. Mal tinha religião.
~Ããã, eu não acredito nessas coisas. - respondi com calma.
~Mesmo? - me olhou surpreso. ~Ou você não acredita por ter medo de saber da verdade? - me perguntou sério.
~Não tenho medo de nada, por que teria medo de espíritos? Eles não podem nos causar absolutamente nada.
~Nunca procurou saber de histórias sobrenaturais? Pesquisa e depois me responda o que você realmente acha sobre isso. - sorriu e virou-se para o quadro decidido a mudar de assunto. O sinal para o intervalo tocou, me arrastei para fora da sala, queria estar em casa dormindo.
O resto da tarde passou rápido, era aula de educação física, e eu como sempre me afastei das pessoas, fiquei sentada num cantinho no pátio da escola.
Ergui me rosto e fechei os olhos, estava cansada demais, eu precisava dormir de verdade. Não podia ter mais sonhos, caso contrário, viraria uma zumbi. Fiquei pensando nas últimas palavras do meu professor de filosofia, esse assunto tinha me deixado curiosa. Mas qualquer resposta que eu obtivesse pra ele, não mudaria meu conceito. Nunca fui de falar sobre religião, ou pensar nela. Poucas vezes entrei numa igreja, mas não posso negar que toda noite rezo para que meu anjo da guarda (caso eu tenho um) me proteja. Mas pelos sonhos ruins que eu tenho, talvez o meu anjo esteja de férias.
O último sinal tinha acabado de tocar, peguei minha bolsa e sai da escola. O ar gelado fez com que os pelos dos meus braços arrepiassem. Parti em direção a casa da Ellis. A estrada estava vazia, apenas eu e as folhas do outono, a vista era linda, árvores em cima das calçadas, as folhas como se fossem ondas andavam de um lado para o outro sob o efeito do vento, o asfalto estava coberto por um vermelho-alaranjado, parecia cena de filme, faltava apenas um homem com um sorriso encantador segurando a minha mão.
Cheguei na casa de Ellis meio rápido. A casa era grande, dois andares, de madeira, pintada de branco, as janelas eram de um azul bebê o que a tornava uma casa simples e adorável. Bati na porta duas vezes, então a Sra. Kill abriu.
~Oi querida! - falou sorrindo me puxando para um abraço delicado.
~Olá Sra. Kill, tudo bem? - sorri.
~Por aqui está tudo nos conformes, apenas Ellis que está um pouco deprimida. Louis terminou o namoro. - falou um pouco mais baixo, com um tom de decepção na voz. Ela gostava do Louis, por mais que magoasse sua filha, ela tinha um carinho por ele.
~Oh, então eu devo falar com Ellis.
~Sim, suba as escadas, você já sabe o caminho. - sorriu.
Subi as escadas de três em três, passei pelo corredor e bati na terceira porta. Estava escrito "NÃO PERTUBE!".
~Não quero jantar Mãe! Quero ficar sozinha. - fungou Ellis do outro lado da porta.
~Sou eu Lis, Emma! - repondo chamando-a pelo apelido carinhoso que tinha colocado nela.
~Ah Emma, é você! - abriu a porta e se jogou nos meus braços. ~Promete não me bater por estar chorando pelo Louis? - pergunta limpando as lágrimas que estavam rolando na bochecha direita.
~Claro amiga! Apenas vou quebrar a cara dele por estar te fazendo chorar! - sorri abraçando-a.
~Entre, vou fechar a porta. - me puxa para dentro do quarto fechando a porta atrás de mim.
~Vai, me conta o que aconteceu entre vocês dois. - peço com gentileza.
~Ele está com outra. - fala fazendo beicinho.
~Fala sério Ellis! E você ainda está chorando por aquele babaca?! - me altero.
~Ele está com outra porque eu não transei com ele. - continuou cansada demais para me responder.
~Mas você não é virgem? - pergunto confusa com a resposta dela.
~Sim, terminou comigo porque me acusou de não confiar nele a ponto de não me entregar à ele. - afirmou derrotada.
~Ele não sabe o quê está perdendo! Ele não vale uma lágrima Lis, ele quis te chantagear. Se você tivesse transado com ele, talvez ele te daria um pé na bunda e ainda estaria contando vantagem por ter tirado a sua virgindade. Ele não amava você! - estava medindo as palavras, não queria magoá-la mais.
~Você tem razão, minha mãe tem razão! Mas eu o amo! Eu não posso mudar isso, eu não sei o que fazer Emma.. - deitou-se na cama e começou a chorar. Aproximei-me dela.
~Ellis, eu sei que você já está cheia de problemas e mágoas, mas eu preciso te contar uma coisa. - comecei insegura por não saber se deveria contar.
~O que foi? - sentou se na cama limpando o rosto.
~Eu tive outro sonho estranho..
~De novo Emma? Isso já está me deixando preocupada, você tem que contar para os seus pais!
~Não! Ainda não.. Esse não foi apenas um sonho estranho, eu vi um homem, e conversei com ele Ellis! Ele disse que não era um sonho, que ele estava falando mesmo comigo, mas eu não quis acreditar e discordei dele, então eu disse que queria acordar, e ele pediu que eu não acordasse, mas era tarde demais, eu já tinha acordado. Foi muito estranho Ellis! Eu preciso descobrir o que está acontecendo comigo ou eu vou ficar louca! - falava tudo muito rápido, estava ofegante.
~Calma amiga, nós vamos descobrir! Eu vou te ajudar nessa. O que você se lembra do sonho?
~Só isso. Me lembro de passar mal com o olhar penetrante dele, de perder os movimentos do meu corpo, como se ele pudesse comandar cada movimento meu. E eu sinto que também fiquei um pouco excitada com todo esse sufoco.
~Procurou saber o que causa esse tipo efeito?
~Sim.
~E quais foram as respostas?
~Nada de real.
~Já parou pra pensar que algo de sobrenatural possa estar te perseguindo? - gargalhou irônica.
~Credo! Não acredito nisso, você sabe. - eu não acreditava, isso não existia, mas na altura do campeonato era isso em que eu queria acreditar. Não é possível que eu seja tão azarada a ponto de até alma penada querer me incomodar.________♥________________♥_______
Vixiii! Quero só ver como Emma vai ficar no terceiro capítulo, com certeza, muito louca! Hahaha vocês estão gostando? Se sim, não tenha vergonha, comentem aqui em baixo, não esqueça de votar na história e dêem suas sugestões! Beijinhos e até o próximo capítulo :*
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Renegados
Teen Fiction"Ter medo das sombras é normal,mas se sentir atraída por elas, não." Emma sabe como é isso, e luta todos os dias para todo esse sentimento estranho desaparecer. Tudo isso começou quando ela passou a ter sonhos estranhos, estes que causam medo em qu...