Renegados

Capitulo Cinco

Cheguei em casa e guardei as compras, minha mãe havia saído, mas tinha um bilhete em cima da mesa.

"Tem pizza pronta no forno, lave a louça! Amo você."

Devia ser coisa do trabalho, afinal, ela só saía de casa para trabalhar.
Tirei a pizza do forno e peguei um copo de refrigerante, estava morrendo de fome. Hoje à tarde eu não iria à aula, aproveitaria para sair com Lis, ela precisava de uma distração, e eu também. Pego meu celular e mando um sms avisando que pegaria ela às 14hrs, para darmos uma volta. Fazer compras, talvez. Termino de comer, guardo o resto da pizza na geladeira e lavo a louça. Cozinha organizada, subo para o quarto, pego uma calça azul clara rasgadinha nos joelhos, uma camiseta preta e uma lingerie cinza, vou em direção ao banheiro. Tomo um banho quente e demorado, a sensação de leveza que a água trazia era deliciosa, termino de lavar meus cabelos e desligo o chuveiro. Enrolo uma toalha em minha cabeça e a outra pego para secar me corpo, ouço um barulho de algo caindo lá em baixo, paro rapidamente e fico em silêncio, podia ser minha mãe voltando de onde ela tinha ido, mas também podia ser qualquer outra pessoa, afinal, eu não tinha trancado a porta. Visto minha roupa e saio devagar, tentando fazer o mínimo barulho possível, fecho a porta do meu quarto e a tranco. Pego ligeiramente um par de meias brancas e calço meu tênis também branco da Adidas. Abro a porta do guarda-roupas e escolho um casaquinho jeans escuro, o dia estava gelado e poderia esfriar mais. Sento na minha cama e tento escutar o que está acontecendo lá em baixo, ouço passos na escada, eram lentos e firmes, estava subindo, a porta do meu quarto era a ultima do corredor, se fosse algum ladrão, começaria pela primeira. Levanto devagar e vou em direção a minha janela, encostada nela havia uma árvore, não muito grossa, mas era forte, podia sustentar meu peso. Já em posição de quase pular para a árvore, a maçaneta da porta gira, um calafrio me percorre a espinha. Gira mais uma vez numa tentativa falha de abrir, já empoleirada na árvore, escuto:

~Emma, abra essa merda de porta de uma vez!. - era Lis. Um suspiro de alívio saiu simultaneamente de mim.
~Não sabe o tamanho da minha felicidade em escutar a tua voz!. - exclamo alto. ~Já vou abrir.

Pulo para minha janela novamente, e volto para meu quarto, destranco e abro a porta, estava ali, ela com aquela cara de estressada, batendo o pé direito no chão com impaciência.

~Até que enfim hein!. - entra e vai em direção da minha cama, pula e cai de bruços. ~O que você estava fazendo?
~O que você está fazendo aqui?! Combinei de pegar você, na sua casa. Tava no banho quando escutei um barulho lá em baixo, me arrumei rapidamente e pulei na árvore. Achei que fosse algum ladrão.
~Ah, o barulho?. - sorri sapeca. ~Era o garfo que eu tinha pego para comer um pedaço de pizza que estava na geladeira, ele acabou caindo da minha mão. - começa a gargalhar.
~Do que você está rindo? - pergunto aborrecida.
~Estou tentando imaginar você pulando da janela. - gargalha mais.
~Hahá! Podia ter gritado que era você né. Me assustou.
~Desculpa, achei que não fosse tão paranoica. - levanta as mãos em sinal de defesa.
~Não sou, mas tenho estado ultimamente, preciso me distrair com alguma coisa. Vamos em qual lugar? - eu já sabia a resposta.
~Vamos tomar um sorvete, conversar, ir à praia. Sei lá, só vamos. - desabafou.
~Ihhh, onde está a Lis, aquela que a-do-ra compras? - cutuco seu braço direito.
~Ela tirou uma folga por hoje, está com pouco dinheiro..- sorri admitindo.
~Ok! Então vamos lá! - bato palminhas no ar. ~Faz tempo que não saímos assim, né?
~Mais passos em direção ao carro e menos perguntas Emma, não quero voltar atrás da minha escolha. - retruca brincalhona.

Descemos as escadas, deixo um bilhete avisando meus pais do que iríamos fazer, tranco a casa com minha chave reserva e vamos pro carro.

~ E aí, como você tá? - pergunto mesmo sabendo da resposta.
~Ah, sei lá Emma, tô triste mas conformada também.. o Louis é um babaca mesmo, só eu que não enxergava isso. - responde sincera.
~Pois é.. Mas mudando de assunto, vamos ao parque? Lá tem sorvete e garotos. - digo sorrindo, numa tentativa de tirar minha amiga da fossa.
~Isso tudo é desespero de achar alguém, Emma? - dispara gargalhando.
~Dãã, claro que não! Só quero te tirar dessa deprê, ué. - respondo rindo. ~É pra isso que euzinha sirvo, não?
~Tu é a melhor, Emma, sério!