Capítulo Três

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Saí da casa de Ellis tarde, os tons de preto já estavam querendo aparecer no céu. Não tinha estrelas, apenas nuvens. Apressei meus passos para chegar em casa o mais rápido possível. Meus pais sempre me aconselharam não sair na rua à noite, por mais que nosso bairro fosse calmo, era perigoso. Nunca se sabe o quê a escuridão esconde. Senti um calafrio quando lembrei dessa frase que meu pai falava tanto.

Faltava apenas uma quadra para chegar em casa quando senti passos atrás de mim. Continuei andando e um arrepio atravessou minhas costas. Os passos estavam mais apressados. Engoli em seco. Eu não podia olhar para trás, a pessoa saberia que eu estaria com medo vendo minha expressão. Tentei me manter calma, estava quase chegando em casa. Os passos aumentaram. Estava correndo. Estremeci. Não pensei duas vezes e coloquei minhas pernas em ação, corri. Meu ar já faltava, mas eu não podia parar, quem quer que fosse ainda estava atrás de mim, e correndo também. Cheguei em frente ao meu portão e senti um alívio quando percebi que estava destrancado, entrei o mais rápido que pude e o tranquei. Olhei para trás para ver quem me seguia, e não encontrei nada, ou melhor, ninguém. O arrepio já havia passado, mas meu coração estava querendo sair pela boca. Não era possível, alguém estava me seguindo, eu senti, senti passos largos atrás de mim, passos pesados. Era um homem, ou uma mulher mais cheinha, mas era alguém.

Entrei dentro de casa suando frio, estava ficando louca já. Eu tinha que me ocupar com alguma coisa, precisava de um emprego.
~Emma, onde você estava? - meu pai perguntou. Ele estava sério, talvez um pouco bravo.
~Na casa da Ellis, ela não foi à aula, não estava bem. Fui saber o que tinha acontecido. - falei ofegante ainda pelo ocorrido minutos atrás.
~Por que não nos avisou? Eu iria buscá-la. Já está noite, sabe que é perigoso andar sozinha.. - sabia que ele me esperava com um sermão daqueles, mas eu já estava em casa, e cansada para sermões.
~Eu sei, mas vim o mais rápido que pude. Estou aqui inteira. Vou subir para o meu quarto, estou muito cansada. - não deixei que dissesse algo, subia as escadas com pressa quando meu pai me parou novamente.
~O que houve com a Ellis?
~Não está mais namorando. - falei com um sorriso cansado. Não era um motivo para que eu ficasse até tarde fora de casa, mas não podia contar à ele que eu não havia chegado mais cedo em casa porque também estava contando meus problemas para Ellis.
~Ela vai superar. - sorriu de volta. Assenti e voltei a subir as escadas.

Entrei no meu quarto feliz em saber que não teria aula no dia seguinte.
~Vou poder dormir até as 9h00am! - soltei e cai na cama com os olhos fechados. Única coisa que vinha à minha cabeça era os sons dos passos pesados.
Abri os olhos e fui direto para o banheiro, precisava de um banho quente.
Saí com os gritos da minha mãe, chamando-me para o jantar. Gritei em resposta dizendo que não estava com fome, o que era uma grande mentira, porque estava sem comer desde às 18h, apenas com o café delicioso da mãe de Ellis.
Deitei na cama e peguei meu celular, resolvi escutar música até dormir.

Enterre todos os seus segredos na minha pele
Afaste-se com inocência
E me deixe com meus pecados
O ar à minha volta ainda parece com uma gaiola
E o amor é apenas uma camuflagem
Ao que se assemelha a raiva novamente
Então se você me ama, deixe-me ir
E fuja antes que eu saiba
Meu coração ainda permanece triste demais para se importar
Não consigo destruir o que não existe
Me entregue a meu destino
Se eu estou sozinho, não tenho o que odiar
Eu não mereço ter você
Meu sorriso foi tomado há muito tempo atrás
Se eu posso mudar, espero nunca saber

Tocava Snuff do Slipknot pela quinta vez, tinha me esquecido de tirar do modo repetitivo. Deixei que tocasse até o final.

Ainda pressiono suas cartas em meus lábios
E as estimo em partes
De mim, que saboreiam cada beijo
Eu não poderia encarar uma vida sem a sua luz
Mas tudo isso foi dilacerado
Quando você se recusou a lutar
Então poupe sua respiração, eu não a ouvirei
Eu acho que deixei isso muito claro
Você não poderia odiar o suficiente para amar
Isso deveria ser o suficiente?
Eu apenas desejava que você não fosse minha amiga
Assim, poderia te machucar no final
Nunca reivindiquei que eu fosse um santo
O meu eu foi banido há muito tempo atrás
Tive que perder as esperanças para te deixar partir
Então se quebre contra as minhas pedras
E cuspa sua piedade em minha alma
Você nunca precisou da ajuda de ninguém
Você me vendeu para se salvar
E eu não ouvirei a tua vergonha
Você fugiu - vocês são todos iguais
Anjos mentem para manter o controle
Meu amor foi punido há muito tempo atrás
Se você ainda se importa, não deixe que eu saiba
Se você ainda se importa, não deixe que eu saiba

RenegadosOnde histórias criam vida. Descubra agora