Sentia minha cabeça arder, levei meus dedos até minha testa e pude, pelo toque, perceber que tinha um ferimento, havia sangue na ponta dos meus dedos, eu realmente tinha sorte, não estava morta depois do acidente no parque.
Estava chovendo, o cheiro de grama molhada com lama era forte, tinha uma névoa sob meus olhos, não enxergava muita coisa, já estava tarde, no céu, apenas algumas estrelas, a lua estava cheia, sua cor era de um amarelo queimado tão forte que quase parecia fogo.
Tentei me levantar mas não conseguia, minhas pernas estavam pesadas e meu corpo doía. Senti um arrepio na nuca percorrer minhas costas, aquela mesma sensação, de novo.~Era só o que me faltava! - exclamei baixo.
Tentei novamente me levantar, e dessa vez consegui, parecia que eu estava com o dobro do meu peso, muito pesada e muito cansada também. Dei alguns passos e me apoiei em um galho próximo, respirei fundo. Fechei e abri os olhos, me acostumando com o escuro. Minha perna esquerda estava com um arranhão na panturrilha, o que causava uma ardência dolorosa.
~Onde eu estou? – perguntei pra mim mesma.Ninguém sentiu minha falta? Nem mesmo a Lis? Um nó na garganta se instalavaquerendo explodir junto com um rio de lágrimas. Eu estava me sentido sozinha,num lugar que eu não sabia qual era, com dor e medo.
~Calma, amor. Você não está sozinha. E eu quero um muito obrigado. – Falou carinhosamente.
~Essa voz... – Aquela voz, a voz dos meus sonhos, do cara com cheiro de canelae folhas secas, era ele. Eu tinha certeza. Mas como? - ~ Eu tô sonhando?
~Não, isso não é um sonho. Olha pra mim. – pedia ele. Eu conseguia sentir apresença dele, mas não conseguia vê-lo.
~Eu não consigo. Não consigo te ver. – eu já estava me desesperando. ~Nãoconsigo ver nada, Dominic! – grito em desespero. A escuridão havia tampadominha visão, não tinha nada, só o preto. Meu corpo formigava, não sentia meuspés, era como se eu estivesse caído em um buraco sem fim. - ~Eu vou cair... –foi quando senti uma onda de calor tomar meu corpo, era como fogo, queimavaparte por parte. A medida que eu caia naquele buraco sem fim, eu sentia o fogoarder mais, o meu corpo estava em choque, aquilo era excitante demais, não erauma sensação de queimar, era pura energia, um fogo eletrizante, se aquilo fossea morte me buscando eu não lutaria, apenas me entregaria..
~Emma! Ei, olha pra mim! Emma! – gritou. Mãos quentes me sacudiam sem parar, eupodia sentir o calor dele vindo contra meu corpo. Foi quando finalmente pudeabrir meus olhos. - ~Olha pra mim. – pediu mais calmo. Mas eu podia sentir otremor na voz dele. Ele estava com medo.
A névoa havia passado, e eu conseguia enxergar tudo com clareza. Meu rostoestava colado no peito do Dominic, pra falar a verdade, me corpo todo. Euestava em seus braços. Ele estava usando uma blusa cinza de mangas compridascom uma jaqueta de couro preta, o cheiro de canela e folhas secas era maisforte, fui levantando meu olhar devagar, pude ver o vestígio de barba porfazer, o queixo era redondo e seus lábios não eram tão carnudos, o suorescorria em seu rosto, fazendo com que uma gota que estava pendurada em seunariz caísse em minha testa, ele imediatamente levou o manga da blusa parasecar seu rosto.
~Como você está? – perguntou com a voz rouca. Podia sentir o calor do corpodele mais intenso. Uma ruga se estabeleceu entre suas sobrancelhas. Os olhospercorrendo meu rosto inteiro à procura de algum sinal, aquele par de olhoseram tão negros quanto a escuridão que havia me cegado. Seus cabelos eram de umtom loiro avermelhado, quase ruivo, estavam bagunçados, caídos, como se algumvento tivesse despenteado. Ele ainda me olhava curioso.
~Você é... – minha voz falha.
~Uma aberração? – deduz. Um sorriso de canto aparece, como se ele tivesseachado algo engraçado. Ele tinha um sorriso estranhamente lindo, era hipnotizante.
~Você é extremamente lindo. – admito, nessa hora eu já estaria vermelha feitopimentão, mas as palavras saíram tão naturalmente.
~O quê? – pergunta confuso. Seu sorriso havia desaparecido.
~É. E esse cheiro de canela e folhas secas te deixam ainda mais, apesar de meembrulharem o estômago... mas afinal, o que está acontecendo? – eu estava tãoconectada com aquele corpo quente que não me lembrava mais o que tinhaacontecido.
~Você está viva, isso que importa. – responde em seco. Ele estava chateado, eusabia, o jeito como me segurava em seus braços estava diferente, ele estavarígido, feito pedra.
Tentei me soltar dele, mas ele era mais forte, me segurava com uma força inexplicável,não se movia com nenhum toque meu. Aquilo já estava constrangedor.
~Me solta! – pedi. O rosto dele estava sombrio, me olhava como um lobo olhapara uma presa. - ~Me larga! – eu me debatia em seus braços, mas era em vão,ele não se movia, apenas me olhava com obsessão. Então senti seus braços meapertando mais contra o corpo dele, eu já estava me sentindo sufocada e ele nãoparava, meu corpo doía, parecia que estava tentando me atravessar. - ~Dominic!Me solta! – nada. Ele não expressou reação nenhuma sob meus pedidos, o olhardele estava fixo nos meus, mas ele não estava ali, ele não estava me escutando.
Me aproximei do seu rosto, mas ele estava imóvel, fixado nos meus olhos, meapertava cada vez mais, meu corpo formigava, eu já estava cansada de tentarlutar contra a força de seus braços. Então, surgiu uma ideia, meio louca masque poderia dar certo. Me aproximei mais do seu rosto, ele estava fervendo, ocalor dele era tão intenso, o cheiro de canela era tão forte, aquilo só me deixavacom mais vontade, passei minha mão por seu rosto, alcançando sua nuca,aproximei meus lábios dos dele. Eu só sentia o calor e a maciez daqueles lábios,a língua quente brincando com a minha, o gosto de canela era inebriante, o fogosó aumentava, um arrepio que percorria o meu corpo todo. E ele afrouxou seusbraços, fazendo suas mãos percorrerem minhas curvas, bem devagar. Soltou minha línguae mordeu meu lábio inferior, indo devagar para o meu pescoço, passando sua línguapela minha mandíbula, como se quisesse provar de tudo, até chegar na minhaorelha. O ápice do tesão.
~Ããhh.. – o primeiro gemido. Nessa altura do campeonato eu já estava sentada nocolo dele, sendo guiada por suas mãos, num movimento maravilhoso. Mas eu queriamais, mais daquele calor, daquela língua, daquelas mãos, eu queria aquele corpono meu. E acho que ele também queria.
~Tira a roupa pra mim.. – e sua língua invadiu a minha.
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Renegados
Teen Fiction"Ter medo das sombras é normal,mas se sentir atraída por elas, não." Emma sabe como é isso, e luta todos os dias para todo esse sentimento estranho desaparecer. Tudo isso começou quando ela passou a ter sonhos estranhos, estes que causam medo em qu...