Capítulo 8 - A conversa com João

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Apesar de não procurar os seus filhos, João ia dando alguns "sinais de vida" a Ana, quase sempre para criar conflitos.

João tinha saído de Portugal e estava imigrado em África.

A última conversa entre ambos tinha sido muito desagradável, pois João havia sido notificado pela Direcção da Escola de Francisco sobre o seu mau comportamento continuado e sobre a possibilidade de ser expulso da mesma.

Infelizmente Ana havia colocado o nome de João e seus contactos na ficha de inscrição dos seus filhos na escola e ele, apesar de não ter contacto com as crianças, continuava a receber as suas informações.

João era um homem amargo. Tinha casado muito novo com Ana e tiveram, quase de seguida, os 3 filhos. João não aguentou a pressão. Queria outra vida que não implicasse mudar fraldas, perder noites de sono e acompanhar as crianças nas suas actividades. E partiu.

Ana ficou de rastos mas, mesmo assim, conseguiu criar as 3 crianças até altura sem grandes problemas. O Francisco estava a entrar numa idade muito complicada e o último ano havia sido terrível. João havia tomado conhecimento de toda esta situação e havia contactado Ana.

João: "Ana, sou eu. Estou a ligar-te pois tomei conhecimento do que se está a passar com o Francisco. Como te tenho dito, tu não és capaz de educar as crianças como deve ser. Eu acho que ele tem de ir para um colégio interno que lhe ponha ordem nas ideias e que o ensine a ser alguém e a respeitar os outros"

Ana: "mas quem és tu para vires dizer o que deve ou não ser feito em relação ao Francisco? Tu que desapareceste das nossas vidas e que agora te lembraste que existimos? Fica sabendo que agora não te queremos para nada. As nossas vidas estão equilibradas, somos felizes e tu não contas para nada! Nem sei para que estás a dar sugestões para a vida de uma criança que nem sabes quem é e que nem acompanhaste. Não percebo o que queres"

João: "Ana, sabes que se eu quiser posso ter os meus direitos de pai e criar-te muitos problemas"

Ana: "podes sempre tentar que eu cá estou para te dar luta. Como sabes o Francisco já tem idade suficiente para te mandar à fava e olha que ele é bem capaz de o fazer!"

João: "pois é essa falta de respeito e de educação que me preocupa. Se o comportamento dele não se alterar e se tu não conseguires fazer nada para o mudar eu vou por um processo em tribunal para ele ir para um colégio interno!"

Ana: "Só por cima do meu cadáver! Tu não decides nada da vida do Francisco que eu não te admito. E se não tens mais nada de útil para dizer, boa tarde vou desligar"

Ana tinha desatado a chorar após este telefonema. Estava nervosa mas preocupada com o que o João poderia fazer. Ela sabia que ele não conseguiria nada, pois já tinha consultado um advogado que a tinha deixado descansada, mas não deixava de ficar nervosa com toda a situação.


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