Foram todos para o carro e durante a viagem não houve muita conversa. A viagem foi curta e num instante estavam todos na porta de embarque, prontos para as despedidas. As irmãs não largavam Francisco. Cada uma agarrava um braço. Davam beijinhos, faziam festinhas apesar do seu ar de frete: "vocês estão a envergonhar-me! Parem, bolas". Francisco estava afazer um esforço para não rebentar. Tinha dormido pouco. Estava nervoso, sentia que o coração lhe ia saltar do peito de tão rápido que batia. O estômago estava muito apertado, mal tinha conseguido comer. Iniciou as despedidas com as irmãs, a avó e deixou a mãe para o fim: "Mãe, tu vais mesmo mandar-me embora, não vais? tu queres mesmo que eu me sinta mal, não é? tu odeias-me? que mal te fiz para me castigares assim?"
Ana olhou para o seu "pequeno kiko", que já era mais alto que ela, suspirou e de lágrimas nos olhos disse: "tu achas que te odeio? Tu que és o meu primeiro filho, que desejei desde que soube que estava grávida, depois de tudo o que passei na tua gravidez, como podes sequer dizer isso? Se te estou a mandar para esta Escola é exactamente porque te amo e vejo que tu estás em risco de desperdiçar a tua vida. Como eu, sozinha, não te consigo ajudar, decidi tentar esta ultima oportunidade. Qual a mãe que gosta de estar longe dos seus filhos? Tu pensas que para mim, para nós todos, é fácil viver esta situação? Pois, mas a verdade é que eu é que vou estar preso e vocês aqui nem sequer vão querer saber", dizia Francisco.
"Queremos e vamos saber de tudo o que se passa contigo! Vamos acompanhar o teu percurso em Inglaterra e saber como tu estás. Vamos falar contigo quando for permitido pelo Colégio. Não te vamos mandar para lá e pronto. Infelizmente não quiseste saber de tantos e tantos avisos que a tua família te foi dando, que os professores que gostam de ti te deram e de outros amigos nossos que foram acompanhando a tua situação e percebendo os maus caminhos por onde tens andado... Se te odiasse, se não gostasse de ti, se não quisesse saber, deixava-te por tua conta, sozinho, por esses maus caminhos e tu que te safasses. Mas eu amo-te acima de tudo. És o meu filho adorado. Tu e as tuas irmãs... "já sei, são a minha vida" dizia Francisco com ar de seca. "Sim são toda a minha vida e seria capaz de morrer e de matar se alguém vos fizesse mal!".
"Filho, aproveita esta viagem para pensares no que queres da tua vida, o que pretendes fazer daqui para a frente. Eu vou estar sempre do teu lado. Podes sempre contar comigo para tudo. Não queiras é que eu assista ao desperdício da tua vida, à má educação e ao desrespeito sem fazer nada para contrariar. Isso não me podes pedir". Eu confio em ti, como sempre te disse. Espero que confies nesta decisão da tua Mãe".
"Acho que esta tua decisão quer apenas castigar-me. Não vou mudar nada com isto a não ser ficar ainda mais revoltado! Tu vais ver", disse Francisco.
"Vais ver que ainda me vais dar razão e agradecer ter tomado esta decisão", disse Ana beijando o seu filho. "Mãe, podes esperar sentada!" disse Francisco.
O avô Rodrigo interrompeu a conversa dizendo: "bem temos de ir. Já estão a chamar o nosso voo para embarcar. Meninas portem-se bem. Mais logo já estou de volta".
As despedidas foram mais rápidas e avô e neto dirigiram-se para a porta de embarque do avião.
No interior do avião, Francisco olhava para a paisagem da janela e pensava como era estranho o aeroporto e todas aquelas máquinas à volta dos aviões.
Pensava no que iria encontrar em Inglaterra, como seria recebido, como seria o colégio, como seriam as pessoas, como iria falar em Inglês durante 2 meses...
O avião levantou voo e Francisco adormeceu nestes seus pensamentos.
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O Grande Amor
RomanceEsta é a história de Sophia e Francisco. O primeiro amor de dois adolescentes. Sophia, uma menina de quase 13 anos não aproveitava as capacidades que tinha. Francisco, um menino com 14 anos tinha boas notas mas mau comportamento na escola. Esses c...