Capítulo 18 - Internado II

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Mais um mês se passou e naquele sábado de Outubro, Ana levantou-se e desceu para tomar o pequeno-almoço. Tinha feito um desenho especial para Ricardo e estava ansiosa para lho dar. Tinha uma carta de um amigo dele que lhe queria entregar.

Encontrou os avós na sala, sentados no sofá. O ambiente era muito pesado, e os seus avós estavam muito tristes e de olhar choroso. Algo de grave se tinha passado.

"Ana, senta-te aqui ao pé dos avós", disse a avó Maria. Ana ficou gelada.

"Esta noite a saúde do Ricardo piorou e os teus pais foram chamados de urgência ao hospital. Estão com ele neste momento".

"Mas o mano está bem? Ele não morreu pois não vó? Não me digas que ele morreu, vó!", chorava Ana compulsivamente.

"Não minha querida, ele não morreu. Mas está muito mal" continuou a avó.

"O Ricardo teve um ataque e está em coma. A situação é muito grave. Não sabemos o que vai acontecer".

"Eu tenho de ir vê-lo!, tenho de lhe ir dar força!" disse Ana.

"Não podes querida. Não te deixam entrar" disse o avô Rodrigo.

"Deixam, deixam avô que eles já me conhecem e sabem que eu tenho de estar ao pé do mano. Eu tenho de estar ao pé do mano! Ele precisa de mim para ficar bom, eu sei como fazer para ele ficar bom!", continuava Ana, chorando sem parar.

"Mas não podes querida. Estão lá os teus pais a acompanhá-lo e prometeram dar noticias assim que possível para ver se é possível estarmos com o teu irmão", acrescentou Rodrigo.

"Não pode ser, não aceito isso. Quero ir para ao pé do mano!" e fugiu para o seu quarto, batendo violentamente com a porta.

"Ana, querida não estejas assim. Olha que o mano ficaria triste se te visse assim. Ele não ia querer que tu estivesses assim", disse a avó encostada à porta fechada do quarto.

Ana não parava de chorar. Sentiu que Ricardo precisava dela, mesmo estando em coma. E decidiu ir ao hospital. Como moravam num rés-do-chão, Ana pegou no desenho e na carta que tinha para o irmão, abriu a janela do seu quarto e saiu para a rua.

Demorou 2 minutos a chegar ao hospital, tal foi a velocidade com que correu!

Chegada ao hospital, conseguiu enganar os seguranças indo pelas "passagens secretas" que já conhecia. Os seus amigos do hospital, pela gravidade da situação de saúde do seu irmão não a iriam ajudar, por isso entrou sozinha.

Chegou ao quarto de Ricardo e o irmão estava sozinho. Estava com muitos fios e máquinas ligadas ao braço, peito e cabeça. Tinha tubos na boca e uma máquina que fazia "bip" e tinha um coração a aparecer e desaparecer.

Ana limpou as lágrimas e agarrou-se a Ricardo. Deitou-se a seu lado e disse-lhe:"maninho, já estou ao pé de ti. Tenho um desenho que fiz para ti e uma carta do teu amigo António.

Vou ler-te a carta: "Olá Ricardo. Espero que estejas melhor e que esta carta te ajude a voltares depressa para ao pé de nós. Pedi à tua irmã que a entregasse. Estamos a pensar ir visitar-te, novamente, na próxima 3ª feira. Vai a turma toda e a Professora também. Falamos nessa altura. As melhoras. Assina o teu amigo António. PS: A chata da Leonor manda-te muitos beijinhos repenicados (o que seja lá o que isso queira dizer); bolas que é mesmo chata, o raio da miúda!"

"E agora o desenho que te fiz. Como não podes abrir os olhos mas sei que me estás a ouvir, vou descrever-te o que fiz: é um desenho da nossa família, num campo de futebol contigo a chutar a bola e a marcares o golo da vitória! Eu sonho que um dia ainda vais conseguir andar e jogar à bola!".

O Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora