Capítulo 43 - Missão

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- Em nenhum momento eu pedi para que me contasse o que é que viemos, ou melhor, o que é que você veio fazer aqui – disse Percy parecendo sincero e calmo.

- Mas você nem precisava ter aceitado vir até aqui. Correndo o risco de se deparar com todo tipo de monstros e criaturas – ao dizer aquilo percebi o olhar espantado do taxista pelo espelho retrovisor – O mínimo que eu tinha que fazer era te contar de uma vez do que se trata – eu estava reclamando pelo fato de ele não estar reclamando. Isso era uma coisa típica minha. Não entendia como Percy conseguia ser assim tão compreensivo o tempo todo.

- Eu vim porque eu quis, você não me obrigou a nada. Se não quiser me contar, tudo bem. E se quiser, faça isso quando achar que for a hora certa – ele sorriu ao terminar de dizer aquilo.

- As vezes acho que você não existe – disse enquanto não podia evitar colocar uma mão em seu rosto e o olhar com admiração.

O beijei dentro do taxi que ainda nos conduzia rumo a casa de minha família humana. Estávamos tão entretidos um com o outro que nem percebemos quando o veículo parou. O motorista pigarreou forte para que nós voltássemos nossa atenção a ele. Vi que tínhamos chegado então soltei um riso constrangido enquanto pegava o dinheiro na mochila para pagá-lo. Desembarcamos e eu ouvi o taxi cantar pneu antes de desaparecer dali em alta velocidade. Acho que eu havia assustado o pobre homem com aquela história de monstros. Peguei a chave que eu tinha da casa e me encaminhei até o portão. Depois me lembrei de que não tinha avisado que viria então achei melhor apertar a campainha.

Esperamos alguns segundos e ninguém apareceu para nos atender. Apertei a campainha repetidas vezes por cerca de cinco minutos. Até que eu me dei conta de que o carro não estava na garagem e que provavelmente eles deveriam ter saído. Decidi entrar assim mesmo para que eu e Percy pudéssemos descasar da viajem. Ele já havia estado ali alguns anos atrás para pedir ajuda a meu pai na missão que salvara minha vida. Ainda assim ele ficou olhando o lugar com curiosidade. Não podia culpa-lo, essa estava longe de ser uma casa comum. Nas paredes havia quadros com fotos de família como em qualquer outra. Porém também havia muitos quadros com fotografias antigas de aviões militares e diversas outras coisas que só um ex-servidor das forças armadas poderia ter em casa.

Conduzi Percy até a cozinha e lhe ofereci algo para beber enquanto procurava alguma coisa na geladeira que pudéssemos comer. Não pude deixar de notar que havia louça suja na pia e um pouco de resto de comida ainda na toalha da mesa. O que indicava que os moradores estiveram ali há pouco tempo e que não tardariam em voltar. Tirei da geladeira uma travessa com ensopado de carne e umas batatas assadas. Nem nos demos o trabalho de esquentar a comida, ela estava suculenta mesmo fria. Comemos e resolvemos esperar até que alguém aparecesse. Fomos até a sala e eu liguei a televisão enquanto tomávamos acento. Coloquei em um canal de noticias local. Se fosse há cerca de um ou dois anos atrás eu não me surpreenderia ao ver nossos rostos estampando matérias nos jornais. Mas com a calmaria que estávamos presenciando nessa viagem, aquilo me sobressaltou imediatamente.

O local onde havíamos estado alguns minutos atrás encontrava-se destruído. Eu não sabia se a névoa permitia aos olhos humanos ver que as câmeras haviam registrado algumas dos Dracaenaes deixam o local. Eu não sabia dizer se eram os mesmos que havíamos aniquilado ou se eram novas criaturas. Provavelmente a segunda opção era verdade, já que seria impossível eles terem se reerguido do tártaro tão rapidamente. Percy e eu aparecemos mais ao final da reportagem numa daquelas imagens típica de câmeras de segurança. Os repórteres diziam que as únicas pessoas que foram registradas entrando e saindo do local antes do incidente fomos nós. Assim que a notícia teve fim olhei para Percy que depois de alguns segundos mirando a tela da televisão também voltou-se para mim.

Lembranças De Um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora