Capítulo 14 - Ciúmes

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Não sei o que os outros esperavam daquele tesouro. Não sei nem o que eu esperava. Mas com certeza todos ficamos surpresos quando descobrimos o que era. Percy foi quem se aventurou primeiro a se aproximar do baú para tentar abri-lo. Havia um enorme cadeado dourado no fecho, então logo Percy olhou para Quíron que vinha se aproximando lentamente. Ele trazia uma chave dourada que parecia ser perfeita para o tal cadeado. Ele se ajoelhou no chão de terra e inclinou o corpo para abrir o baú.

Neste momento todos que estavam lá, os semideuses do meu grupo, do grupo de Percy e de outros grupos que também já haviam chegado pouco depois, se posicionaram atrás de Quíron e tentaram encontrar uma brecha para poder olhar. Consegui ficar bem à frente, ao lado do centauro e senti um brilho azulado invadir minha visão quando a tampa do baú foi aberta. Depois de alguns segundos para me acostumar com aquela luz repentina eu vi o que havia lá dentro. Dois pequenos unicórnios azuis de vidro, um deles era mais claro que outro. Eles pareciam conter um líquido dentro. Antes que eu ou qualquer outra pessoa tivesse chance de perguntar o que diabos era aquilo, Quíron se apressou em explicar.

- Esses frascos contêm poções confeccionadas pela feiticeira Medeia. Este faz com que você obtenha sucesso em tudo que fizer durante um dia inteiro – disse ele mostrando o frasco com o líquido mais escuro – E este aqui tem o poder de fazer ficar mais leve que o ar. Ou seja, te possibilita voar por ai, mas o efeito dura apenas alguns minutos.

Todos continuaram compenetrados nos frascos que Quíron tinha na mão. Nesse momento os membros de meu grupo e os do grupo de Percy se entreolharam. E agora, quem ficaria com cada um dos frascos? Nem eu sabia qual eu preferiria. Então o diretor do acampamento interveio de novo para solucionar aquele problema. Levou as mãos as costas escondendo os frascos de minha visão, fez como se embaralhasse os dois nas mãos e então se dirigiu a mim ao falar:

- Qual de minhas mãos você escolhe Annabeth? Esquerda ou direita? – eu demorei pra responder. Fiquei pensando como se pudesse de alguma forma tentar adivinhar em qual mão estava a poção mais escura, eu tinha decidido que era aquela que eu queria.

- Direita! – disse de uma vez, antes que alguém me matasse. Pelos olhares que alguns me lançavam, estavam mesmo a ponto de fazer isso.

Quíron então estendeu-me sua mão direita e eu vi o frasco com a poção mais clara. Droga! Aquele realmente não era meu dia de sorte. Ele me entregou o pequeno unicórnio de vidro e depois entregou o outro a Percy.

- Os frascos contém poção suficiente para os cinco integrantes de cada grupo. Já imaginava que aconteceria um empate. Seria difícil um só grupo conseguir as pistas suficientes para encontrar e desenterrar o baú.

Percy levantou o frasco e todos os outros campistas gritavam e aplaudiram fervorosamente. Eu, entretanto, continuei segurando o meu frasco e me limitei e agradecer com um aceno de cabeça aos que me parabenizavam. Depois de receber atenção de muita gente que lhe dava tapinhas nas costas, Percy se dirigiu a mim. Eu gelei sem saber o que fazer. Ele continuou vindo e me abraçou. Não consegui reagir. Só fiquei ouvindo o que ele dizia.

- Parabéns heroína! Pena que não vou poder sair voando com você por ai.

Meu coração reagia a ele da mesma forma que antes. Eu queria abraça-lo, beija-lo, sentir a textura de sua pele sob meus dedos. Mas minha cabeça não estava na mesma sintonia. Eu ainda estava bem magoada com o que tinha ouvido da conversa dele com a Rachel. E o pior de tudo é que eu não sabia o que fazer a respeito. Quando ele se afastou eu me limitei a mirar o chão para não ter que olha-lo nos olhos.

- Obrigada. Parabéns pra você também, Percy. Desculpe-me, mas preciso voltar ao meu chalé e pegar umas coisas antes do jantar – torci para que ele não percebesse nada errado comigo. Então me virei e sai.

Lembranças De Um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora