Capítulo 29 - Escapada

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Quando Percy havia dito "longa caminhada" ele não estava exagerando nenhum pouco. Andamos, andamos e andamos. Pelos meus cálculos já passávamos dos oito quilômetros. Acho que nunca tinha adentrado tanto assim na floresta do acampamento. Seria o momento de lembrar a Percy que havia monstros ali? Ele ainda matinha a mesma empolgação de quando deixamos os chalés. Eu não queria cortar o seu barato. Era melhor não falar nada, ele devia saber o que estava fazendo.

Continuamos caminhando por mais alguns minutos. O sol já estava quase se pondo. Quando enfim Percy começou a diminuir a marcha percebi um barulho de queda d'água. Mais alguns passos a frente, quando alcançamos o topo de uma pequena colina, eu pude ver de onde vinha o barulho. Poucos metros a frente havia uma linda cachoeira. Perto da água, em cima de uma pedra imensa que cobria quase toda a borda, havia uma pequena barraca de camping montada. Perto dela havia algumas madeiras empilhadas e também cadeiras de praia.

Me senti uma boba ao perceber que meus olhos se enchiam d'água. Ele tinha preparado tudo aquilo para mim. Era tão simples e ao mesmo tempo tão perfeito. Aproveitei para secar as lagrimas dos olhos enquanto Percy ia mais a frente segurando minha mão. Ele nos conduziu até a barraca e quando chegou lá deixou sua mochila no chão. Eu fiquei parada só admirando aquela paisagem maravilhosa.

- Então, gostou da surpresa? – disse ele com expectativa.

- Seu eu gostei? – disse num tom de fascínio – Não, eu não gostei. Eu simplesmente amei! Como conseguiu preparar tudo isso tão rápido?

- Digamos que tenho meus contatos – disse ele fazendo cara de metido. Depois ele riu e se aproximou de mim por trás. Colocou os braços em volta da minha cintura e ficou olhando na mesma direção que eu – É lindo, não é?

- Muito! A natureza é a melhor arquiteta que existe! – ele riu do meu comentário.

- Tem razão. Mas sabe, nada disso teria graça se você não estivesse aqui comigo – ao falar aquilo ele encostou a boca em meu ouvido. Me arrepiei da cabeça aos pés e sorri.

- Já disse que não vou assumir uma culpa que é sua, cabeça de alga! – ri ao dizer aquilo. Levei uma mão até seus cabelos enquanto a outra repousava sobre a sua em minha barriga – Obrigada por me trazer aqui e por preparar tudo isso! Nem sei como poderia retribuir a tanto.

- Mas eu sei – disse ele num tom travesso e maquiavélico – mas antes deixa eu acender essa fogueira para não morrermos de frio.

Desde quando Percy sabia como acender uma fogueira? Depois que ele começou a empilhar as madeiras eu entendi. Héstia, a deusa da lareira, estava ali. Ela cuidaria para que o fogo se mantivesse aceso a noite toda. Alguns minutos depois o fogo ardia diante de nossos olhos. Me sentei em uma das cadeiras de praia que havia ali e Percy se sentou na outra. Ele pegou sua mochila e tirou de lá um pacote de marshmallows. Ver aquilo me lembrou de nós no barco pescando Peixes-filtros. Resolvi parar de m lembrar daquilo, se não eu quebraria o clima.

Percy pegou dois gravetos finos e compridos que haviam ali perto. Colocou um marshmallow na ponta de cada um deles e me entregou um. Aproximamos as cadeiras do fogo e estendemos os gravetos para "assar" nossos marshmallows. Percy olhava para a fogueira enquanto eu mantinha meus olhos nele. Sua pele adquiria um tom diferente a luz das chamas. Não entendia por que, mas aquilo fazia com que ele ficasse ainda mais irresistível. Analisei atentamente quando ele trouxe o graveto de volta e assoprou o doce que estava levemente chamuscado. Ele tirou aquela casquinha preta queimada de cima, deixando apenas a parte branca cremosa. Quando ele colocou o doce na boca eu mordi o lábio reprimindo qualquer exclamação que pudesse escapar de minha boca. Era a cena mais sexy que eu já tinha visto.

Lembranças De Um VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora